Capítulo 9 - Parte Dois

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TW: CINOFOBIA, O MEDO EXTREMO DE CACHORROS.

LEIA POR SUA PRÓPRIA CONTA E RISCO.

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André sabia que algo estava errado quando a superfície macia de seu colchão foi substituída pela textura áspera de um gramado, as folhas cutucando sua bochecha.

Seus olhos se abriram no mesmo instante. Ele se sentou sobre a grama, petrificado, o medo paralisando seus pensamentos.

Estava em uma sala quase idêntica à de seu último pesadelo, as paredes e o teto pintados naquele tom sufocante de azul, com diversas nuvens branquinhas brilhando sob a luz solitária da lâmpada. Porém, ao invés de apenas uma mesinha com uma tigela cheia de doces, todo o espaço estava ocupado pelos típicos brinquedos de um parquinho infantil. Casinhas, escorregadores, balanços, gira-giras, todas as maravilhas que uma criança comum iria escalar sem nem pensar duas vezes. Os brinquedos estavam pintados em vermelhos, verdes e amarelos envelhecidos, a tinta descascando em várias partes, revelando o metal enferrujado e decadente.

Era como se aquele lugar tivesse sido arrancado diretamente de suas memórias mais antigas, quando as coisas costumavam ser mais simples. Quando o mundo parecia ser mais feliz.

André olhou freneticamente para todos os cantos, desde a lâmpada no teto até a grama sob seus pés. Sentiu o frio arranhando sua pele, enfiando as unhas em seus ombros, se inclinando para lhe sussurrar cenários perturbadores.

"Não...não, não, NÃO!" O rapaz cobriu os olhos com as mãos, os protegendo daquela visão tão familiar. Seu coração batia como um tambor desarmônico, fora de ritmo. "Isso não pode estar acontecendo, de novo não! Eu não-"

COMO ELE OUSA?

André pulou, o pânico correndo fervente em suas veias. Seus olhos voaram até o culpado de seu susto: um alto-falante com a aparência de um girassol, suas pétalas douradas dançando levemente, movidas por um vento inexistente.

Apavorado, o rapaz se jogou atrás de uma das casinhas de brinquedo, se escondendo do alto-falante, como se isso fosse protegê-lo da voz que saía dali.

Eu não sou um bebê, NÃO SOU! Meus métodos são completamente funcionais! — Veio um baque surdo, parecido com alguém socando uma parede. — Como se eu precisasse da ajuda dele para me alimentar! A AUDÁCIA!

Aquela voz era inconfundível.

André se encolheu em seu esconderijo, os ouvidos zumbindo e sua mente gritando.

"Isso é um sonho! Não, não um sonho, um pesadelo!" Ele sacudiu a cabeça. "Estou tendo o mesmo pesadelo de antes! Não, não posso passar por aquilo de novo!" Ele deu um forte tapa no próprio rosto, a pele ardendo e avermelhando com o golpe. Começou a beliscar os próprios braços, a dor o mordendo por uns poucos segundos. "Acorda, ACORDA! EU TENHO QUE ACORDAR!"

Paciente?

O rapaz congelou.

Não ousou se mexer. Não ousou nem ao menos respirar.

Cobriu a boca com as mãos, tremendo, segurando qualquer som que pudesse sair de dentro dele. Um zumbido se espalhou pela sala, provindo do alto-falante.

Você está aí? Já está consciente? — Bob soltou uma risadinha nervosa. — Você... não ouviu eu falando nada, ouviu? — Ele tossiu. — Uh, se você ouviu, apenas ignore tudo que eu disse! Não é nada para se preocupar! Eu penso alto de vez em quando, mil perdões.

OneirofobiaHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin