Capítulo 9 - Parte Um

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TW: ARACNOFOBIA, O MEDO EXTREMO DE ARANHAS.

LEIA POR SUA PRÓPRIA CONTA E RISCO.

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Foi tudo repentino demais.

Um minuto atrás, o rapaz estava jogado em sua cama, fios de cabelo caindo sobre o rosto, exausto por mais um dia de edições trabalhosas.

No momento seguinte, ele se encontrava em um lugar que nunca havia visto antes.

Estava no que parecia ser uma sala de espera, não muito maior do que um escritório, as paredes e o teto pintados de verde-musgo e o piso coberto por porcelanato bege, tão lustroso que André conseguia enxergar o próprio reflexo. A decoração do local era peculiar, diversas pinturas de ursos de pelúcia, guloseimas e balões penduradas ao redor dele, suas cores vibrantes dando a impressão de que saltariam de suas telas a qualquer momento.

O rapaz estava sentado em uma poltrona vermelha e aconchegante, ainda vestindo os mesmos pijamas azuis surrados que havia botado antes de dormir; um relógio no formato de um gato laranja balançava acima de sua cabeça, seus ponteiros girando de forma barulhenta.

Havia uma única porta no cômodo, branca como a de um hospital, fechada bem diante dele.

André piscou, sem saber direito o que estava enxergando. Esfregou os olhos com força, a ansiedade infestando sua mente.

"Mas...mas que raios?"

Ele se levantou, estudando seus arredores. Seu coração acelerou. Nada dali lhe era familiar. Ele não reconhecia aquela sala, não lembrava dela em nenhuma de suas memórias.

Que lugar era aquele?

— O-Olá? — Ele chamou, a voz trêmula. — Têm alguém aqui?

O eco foi sua única resposta.

André então se virou para o relógio pendurado acima da poltrona. Seus ponteiros se moviam constantemente, mas seus números estavam embaçados demais para que o rapaz conseguisse lê-los. O felino laranja sorria para ele, um sorriso dentudo e exagerado, sua cauda balançando ao ritmo do tempo.

O rapaz começou a tremer, procurando pelo celular nos bolsos da calça. Não estava com ele. Não estava com nada.

Estava em uma sala completamente estranha, sozinho, sem meios de checar as horas ou a sua localização.

O pior, nem se lembrava de como ou quando chegou ali.

Tentou controlar o pânico que se espalhava pelo seu corpo. Não conseguia pensar direito. Era como se uma neblina sufocasse seus pensamentos.

"Calma, respira, certeza que tem um motivo bem simples pra tudo isso!" Juntou as mãos em um aperto ansioso, as unhas afundando na pele. "Tem que ter..."

André olhou ao seu redor, estudando os quadros coloridos, perturbado com a arte tão vibrante e infantil. Por fim, seus olhos pousaram sobre a única porta do cômodo. Ele se aproximou dela, a respiração instável, seus dedos trêmulos envolvendo a maçaneta.

Estava destrancada. Ele abriu apenas uma fresta, espiando por ela.

Por um instante, teve a impressão de que aquela porta dava para o lado de fora, o sol brilhando contra um céu azul e veranil. Porém, ao abri-la por completo, o rapaz foi tomado pelo choque, seu coração dando um salto dentro do peito.

Estava diante de uma sala quadricular, sem janelas ou portas além daquela em que se apoiava, as paredes e o teto pintados de um azul gentil, nuvens branquinhas desenhadas por toda a sua extensão. Uma lâmpada amarelada se destacava no teto, com uma luz quase cegante, enquanto o chão parecia coberto por grama falsa, completamente sintética, as folhas arranhando seus pés descalços. Uma única mesinha vermelha se encontrava bem no centro, sua cor berrante destoando de todo o resto, carregando uma tigela de madeira cujo conteúdo ele não conseguia ver.

OneirofobiaUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum