CAMINHO MAIS FÁCIL | 02

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Quatro meses antes do assalto.
Aurora | Paris

Eu estava sentada em cima de um dos balcões da cozinha, enquanto esperava Nairobi terminar o nosso lanche.

O cheiro do café, tomava conta de minhas narinas.

Por que você entrou para a vida do crime? Você é bonita, tem cara de ser herdeira.. — Nairóbi falava comigo enquanto mexia nas panelas.

— Nem sempre a vida dá o caminho mais fácil. Eu fui expulsa de casa. Eu nunca achei certo roubar, mas ou é isso, ou eu morro de fome. — Eu falava enquanto olhava para o chão.

Eu me envergonho, não vou negar, por mais que eu não tenha uma boa relação com os meus pais, eu ainda me sinto culpada, e queria poder ter dado orgulho à eles.

O meu problema nunca foi falta de vontade, pelo contrário, eu sempre estudei para tentar ser alguém na vida!

Mas eu acabei me envolvendo com quem não deveria, e os meus pais por serem extremamente conservadores, acharam que a melhor solução seria me colocar para fora.

Sem contar que, a minha relação com meus pais nunca foi uma das melhores.

Eu não tinha ninguém, todas as minhas amizades viraram as costas, família? Nem quando eu estava bem eles me ajudavam, imaginem comigo passando necessidade, capaz deles passarem por cima de mim com um carro.

A minha única solução foi roubar, não tinha como eu trabalhar, ninguém queria contratar uma garota em situação de rua.

— Eu sinto muito, Paris. — Nairóbi diz.

— Tá tudo bem. — Eu falo.

— Já se interessou por alguém aqui dentro? — Ela fala enquanto se senta ao meu lado.

— Na verdade já, mas lembre do que o professor disse.. Nada de relacionamentos pessoais. — Eu falo enquanto como o meu pão.

— Ah fala.. Eu estou de olho no Helsinki..— Ela fala e eu fico completamente em choque.

— Uau! Nunca que eu imaginei. Investe nele! — Eu falo dando risadas.

— Vou tentar. — Ela fala rindo.

— Do que as senhoritas estão rindo? — Denver diz entrando na cozinha.

— Gente intrometida é foda. — Eu falo baixinho para Nairóbi.

Eu não sei porquê, mas por mais que eu achasse Denver extremamente atraente, alguma coisa nele me irritava, e ele ainda ficava implicando comigo.

Então eu transformava toda essa atração em ódio pela carinha linda dele.

— Garota mimada é foda. — Denver fala debochando do que eu tinha acabado de falar com Nairóbi.

Eu reviro os olhos com a fala dele.

— Cuidado, daqui a pouco o seu olho vai cair de tanto que você revira ele. — Denver fala rindo da minha cara.

— Você me dá nos nervos. — Eu falo olhando para a cara dele. — É apenas um moleque imaturo. — Eu falo e ele me olha indignado.

— Você é insuportável, por que o professor escolheu você também pra fazer parte do plano? — Ele fala me olhando.

— Pelo mesmo motivo que ele escolheu você. — Eu respondo cruzando os braços.

— Caralho, não dá para ficar perto de vocês. Vocês parecem crianças. — Nairóbi fala e sai da cozinha.

— Que tensão que está essa cozinha. — Rio, que apareceu do nada, fala e pega uma garrafa d'água.

— Tá vendo o que você fez? — Eu falo e vou até a sala, aonde Nairóbi foi.

— Denver é insuportável! — Eu falo enquanto me sento ao lado dela.

— Essa implicância toda é tesão acumulada. — Tóquio fala enquanto bebe cerveja.

— Também acho. — Nairóbi fala.

— Deus me livre ficar com essa garota. — Denver que estava saindo da cozinha, responde Tóquio.

— Deus me livre. Eu mereço ficar com um homem, não com um moleque. — Eu falo e saio da sala.

Como eu não tinha nada de interessante para fazer hoje, eu sai um pouco da casa, para respirar um ar puro.

Mentira, era só para fumar mesmo.

Enquanto eu observava o horizonte, eu dava uma tragada no meu baseado.

Essa era uma bela forma para distrair a mente, uma ótima maneira de relaxar.

— Além de insuportável, ainda é maconheira? — Denver diz enquanto se senta ao meu lado.

— Vou começar a achar que você me ama, não para de me seguir um segundo. — Ele dá uma risada irônica.

— Sonha um pouco menos. — Ele fala.

— Por que você é tão chato? — Eu pergunto olhando para ele.

— As mulheres nunca reclamaram. — Eu dou uma risada irônica e saio de perto dele.

Não sei porquê mas quando ele falou de outras, me deu um ódio.

Caminho novamente até dentro da casa, indo até o meu quarto.

Quando eu cheguei no meu quarto tinha uma caixa de bombom, em cima da cama. Eu não entendi, afinal, não fui eu que comprei.

Eu pego a caixa e saio até aonde estava o pessoal reunido.

— Essa caixa é de quem?Estava em cima da minha cama. — Eu falo.

Ninguém falou de quem era.

— Alguém te deu, idiota. — Nairóbi fala.

— Ah, pra mim? — Eu falo. — Quem foi? — Ninguém responde nada. — Ah então foi um espírito que me deu? — Eu falo com os braços cruzados.

— Deve ter sido. — O Rio fala.

— Bem, obrigada?— Eu falo e volto até o meu quarto.

*•*

Passa um tempo, e já era por volta das duas da manhã, eu estava sem sono, então eu caminho até a cozinha para pegar água, mas como estava tudo escuro, eu acabei tropeçando e machucando o meu pé.

Eu bati o dedinho na quina da mesa, quando eu me abaixei para ver, eu só sinto algo sendo lançado em mim. Era um pão?

— Ai caralho, quem que tá jogando pão em mim? — Eu falo alto.

As luzes se acendem, revelando Denver um pouco distante.

— Achei que tivessem invadido. — Ele fala se aproximando de mim.

— Ah sim, e para se defender você joga um pão? — Eu falo.

— Foi a primeira coisa que eu pensei. — Ele diz e me dá a mão para eu me levantar.

— Obrigada. — Eu falo enquanto me limpo do farelo do pão.

— Você sendo calma comigo? Você está bem? — Ele fala.

— Estou. — Eu falo e vou até a cozinha.

Eu bebo o meu copo d'água, e depois arrumo a bagunça que o idiota do Denver fez.

A DAMA & O VAGABUNDO | Denver e ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora