NÃO SÓ A TÓQUIO ENLOUQUECEU | 15

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Enquanto eu caminhava até a sala de controle, eu me via perdida nos pensamentos, por causa do que outro alguém me causou.

De novo eu me deixei vulnerável, e ele só me usou para o prazer dele. Ele provavelmente só estava carente, deveria estar meses na seca.

Eu tenho que aprender a ser mais dura com os outros, eu me deixo entregar muito fácil.

Quem eu quero enganar? Eu sinto falta das noites fumando e conversando com Denver, espero que ele pelo menos sorria ao lembrar disso.

Não há competição, ele quer ela, e ele vai ter uma família com ela, eu apenas estaria competindo por atenção, e ele ficaria tipo "não estou fazendo um jogo", sendo que isso é um jogo, para ele.

Eu já tinha percebido isso desde o dia que chegamos, mas eu fiquei tipo "por que você só não pode ser meu?". Será mesmo que existiu, ou foi coisa que eu inventei? As vezes.. Eu apenas estava me iludindo, e ele sempre deixou claro que isso era um "bum bum ciao".

Quanto que ele sentiu? Quanto que eu me entreguei? Quando que eu perdi ele? Quando que eu não enxerguei? O único fato é, eu desisti. Não fui atrás, nem vou procurar.

Quando me dou conta, eu já estava na sala. Saio dos meus pensamentos com uma gritaria e Nairóbi me chamando.

— Paris, só falta você para a votação! — Nairóbi sai me puxando.

— An? Que votação? — Eu pergunto sem entender, e me sento ao lado de Berlim.

— Professor está a horas sem contato conosco. Mas, ainda faltam mais quatro horas para a ligação de emergência. Tóquio quer que comecemos o plano Chernobyl, mas Berlim acha que devemos confiar no professor. — Nairóbi fala me explicando a situação.

— E agora falta uma pessoa para desempatar. E essa pessoa é você. — Tóquio fala e se apoia na cadeira.

— Estou com Berlim. Acho que devemos confiar no Professor. — Eu falo e Tóquio revira os olhos.

Tóquio sai furiosa da sala, e Rio vai atrás.

Eu vou até a janela, de fininho, e fico olhando. Simplesmente, eu estou no meio assalto desse país, que loucura.

Todos os últimos dias da minha vida, até aqui, foram baseados em, assalto e ficar apaixonada por um filho da puta. De verdade, eu pensei que pudesse dar tudo certo, nem eu sei porquê.

Percebo que estava tudo quieto.. Até demais, esse pessoal daqui, é pior que criança quando fica quieta. Eu tinha certeza que eles estavam fazendo merda.

E eu estava certa.

— Que porra tá acontecendo? — Eu pergunto para Nairóbi que estava apontando a arma para a porta.

— A filha da puta da Tóquio está fazendo roleta russa no Berlim! — Nairóbi grita com raiva.

Eu fiquei um tempo vendo como eu poderia abrir a porta, logo, eu percebi que ela não estava só trancada, como também estava presa.

Como não tinha muita escapatória, eu chutei a porta, no meio dela. Um chute do lado direito, outro do lado esquerdo e para finalizar, um chute no meio.

— Meus anos de academia serviram para muita coisa. — Eu falo apontando a arma para Eles.

— Tóquio, para de fazer merda um minuto, porra! — Nairóbi grita, e moscou aparece na porta.

Eu corri até Berlim, e desamarro ele.

— Que bela equipe, todo mundo tentando se matar aqui dentro.— Eu falo e saio da sala.

Eu vou conferir como estavam os refens, já que os queridos assaltantes, estavam ocupados demais tentando se matar. Ao invés de focarem na porra do assalto.

Estavam todos bem calminhos e pacíficos.

Mônica estava um pouco mais afastada dos demais refens. E eu vou até ela. Ela estava com cara de assustada.

— Mônica Gaztambide? — Eu falo me aproximando dela.

— Oi? — Ela fala com um certo receio. De alguma forma, que eu não sei como, ela tem medo de mim.

— Você está chateada, não é? — Eu falo me sentando ao lado dela.

— Por que isso te interessa? Você consegue ser pior que a Tóquio com os reféns. — Ela fala e eu coloco a mão no peito como se estivesse ofendida.

— Você é uma mulher forte. Está grávida, e decidiu manter a criança. Isso já te faz uma mulher forte. — Eu falo e dou um suspiro.

— Obrigada.. Eu não sei como vou criar essa criança. — Ela fala e eu vejo os olhos dela encherem de lágrimas.

— Você vai passar por isso. — Eu falo e saio de la.

Eu não sou a maior fã de criar afinidade com reféns. Eu apenas fiquei preocupada com... A criança.

Eu decido ir ver como estava a escavação de Moscou, e saber se ele precisava de algo. Quando eu volto para o salão principal, Berlim estava empurrando Tóquio para fora da Casa da Moeda.

— Que porra você está fazendo Berlim? — Eu grito e vou correndo até eles.

Quando eu cheguei la, já era tarde demais. Tóquio estava cercada.

— A Tóquio enlouqueceu. — Ele fala sem dar importância.

— Não só a Tóquio enlouqueceu. Todos aqui dentro enlouquecemos. — Eu falo e ele balança a cabeça.

A DAMA & O VAGABUNDO | Denver e ParisDonde viven las historias. Descúbrelo ahora