O Início Do Desejo

Capítulo VI

  

    Jimin olhou para Jungkook com o coração disparado, sem poder acreditar.

— Seu marido? – ele repetiu, incrédulo. —Por que eu iria querer me casar com você?

— Querer não tem nada a ver com o assunto. – ele disse friamente, indignado pela resposta nada lisonjeira. — 𝘗𝘳𝘦𝘤𝘪𝘴𝘢𝘳 seria a palavra mais apropriada. Para começar você precisa de dinheiro.
— Eu nunca disse...
— Você é um garçom que também trabalha numa maldita padaria! – Jungkook exclamou.
— Como você sabe disso? – o ômega perguntou com o coração acelerado.

   Jungkook contorceu os lábios. Como aquele ômega era ingênuo! — Não foi difícil. Contratei alguém para descobrir.
— Quer dizer que você andou me espionando? –Jimin engoliu em seco.

   Ele ignorou a pergunta com um gesto displicente. Queria que fosse tão fácil ignorar as fotografias que o detetive lhe mostrou: Jimin levando o menino à escola, vestido em roupas apertadas demais para ele. Para não falar do miserável apartamento sobre a loja onde seu filho morava. Porém, havia outra coisa: ele percebeu que talvez – o trêmulo e delicado garçom – desse um excelente marido.

   Pobre e desesperado, ele ficaria impressionado com seu poder e riqueza e seria maleável: Jungkook poderia moldá-lo para ser o marido 𝘱𝘦𝘳𝘧𝘦𝘪𝘵𝘰. Além de tudo, havia o fato inexplicável, ele não conseguia esquecer o beijo roubado no hotel... Só de pensar, gostaria de fazer tudo de novo. Era uma loucura, algo incompreensível e poderoso como o inferno... Ele fez uma careta de desgosto e tentou se concentrar na acusação de ter espionado o ômega.

— Não fique histérico, Jimin. Quando um ômega se aproxima de um alfa da minha posição e faz alegações tão graves, é inevitável que sua vida seja investigada. – ele encarou o ômega antes de prossegui. — Pelo pouco que eu sei, você poderia viver com um cúmplice que estivesse de olho na chance de sua vida e que visse seu ex-amante como um prêmio da loteria.

— Você... Você... Cínico. – Jimin balbuciou.— Ou, apenas realista? – o alfa contrapôs. — Ora, vamos... Não se faça de ofendido, 𝘫𝘢𝘨𝘪𝘺𝘢. Eu conheço o poder corruptor do dinheiro. Sei até onde as pessoas chegam por ele.

   Jimin olhou para ele. Seu marido! Aquele alfa realmente havia lhe pedido em casamento?

— Pensei que iria se casar com aquela ômega...
— Que ômega?

   Jimin viu os olhos de Jungkook se estreitarem perigosamente e desejou não ter tocado no assunto.

— A supermodelo sueca. – respondeu com relutância.
— Quem te disse isso?
— Ouvi no rádio. – Jimin admitiu, e pelo olhar de Jungkook, arrependeu-se por responder.
— Você não deve acreditar no que a imprensa diz. – ele disse em tom cortante. — Mas isso explica porque você apareceu de repente do nada, naquela noite. – ele o fitou com ar de desafio. — Na verdade, há anos que a mídia tenta me casar, mas 𝘦𝘶 vou escolher a pessoa, não eles!

   Jimin olhou para ele admirado. — Ainda não entendi... Depois de tudo que você disse... Por que quer se casar comigo?
— Não entendeu? Pense um pouco. O casamento sempre esteve na lista de coisas que eu deveria fazer quando chegasse a hora, mas não havia pressa, até agora. – Os olhos de Jungkook brilharam. — Eu tenho uma enorme fortuna, Jimin, e meu pai está velho e fraco. O maior desejo dele é que eu lhe dê um neto. Esta seria uma forma de alcançar os dois objetivos.
— Mas é tão...frio! – Jimin sacudiu a cabeça atordoado.

— É mesmo? – ele riu, cinicamente. — Ao contrário de você, não acredito em romances e em finais felizes. – ele sabia melhor do que ninguém que a realidade nunca se comparava aos sonhos e que os sentimentos eliminavam o bom senso e a razão. Ele abaixou o tom de voz. — Por que não encarar tudo de modo prático, e não emocional? O casamento terá um objetivo... Tornará meu filho legítimo e lhe dará uma segurança financeira que você jamais teria.