XIII

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— Mas, omma, por que temos de ir para casa?

   Jimin manteve o sorriso, apesar de sentir o rosto enrijecido como o mármore. Durante a noite insone que se seguira à discussão com Jungkook, ele resolveu como deveria lidar com questões como aquela. A melhor maneira seria apresentar a partida dele e de Junghoon como algo normal. E era.


— Nós planejamos passar apenas algumas semanas. – ele disse. — Lembra?


— Foi menos que isso – disse Junghoon, emburrado. — E eu gosto daqui.


   Jimin sabia e lamentava ter de arrastá-lo para longe, mas não havia outra escolha. Ele foi feliz na Inglaterra e seria feliz de novo, depois que trocasse de escola e parasse de sofrer provocações, como sugerira Jungkook. 


   Além disso, todos os livros que havia lido sobre educação, afirmavam que não havia nada pior que submeter uma criança a um ambiente hostil e de constantes discussões entre os pais. Tudo o que Jimin precisava era recordar a discussão amarga que tivera com Jungkook na noite anterior, para ficar convencido de que os dois eram incompatíveis.


— De qualquer maneira – disse Jimin com um radiante sorriso, apesar de apavorado com o futuro. — Você voltará a Jeju várias vezes... Para ver seu pai. E ele irá visitá-lo na Inglaterra. Você... Você terá o melhor dos dois mundos, Junghoon!


   Junghoon mordeu os lábios, como se não concordasse.


— Posso nadar com Hoseok, por favor?


   Jimin sentiu seu coração se partir ao observar o rosto de súplica do filho.


— Claro que pode. – ele murmurou. — Mas você só tem algumas horas. O helicóptero vai partir logo depois do almoço, e não podemos nos atrasar.


   Junghoon ficou calado enquanto Jimin o acompanhava à procura do simpático estudante. Jimin ficou olhando os dois se afastarem na direção da piscina, com os olhos cheios de lágrimas. 

   Ele voltou para o quarto e acabou de fazer as malas. Dobrou suas roupas baratas e as colocou na mala também barata. Acariciou as roupas caras que Jungkook lhe comprou e se afastou.  De que adiantaria levá-los para a Inglaterra? Haviam sido comprados com o único propósito de lhe dar a aparência de um Jeon, algo que ele não era e jamais seria. Não tinha direito de usar as lindas roupas, e eles não combinavam com seu estilo de vida, onde os usaria?

   Fazer as malas de Junghoon foi mais difícil, porque ficou tentado a levar os maravilhosos brinquedos e livros que Jungkook comprou. Mesmo que levasse uma mala extra, onde iria guardá-los no pequeno apartamento? Além disso, sempre estariam à espera de Junghoon quando ele viesse para a casa do pai.

   Jimin sentiu um gosto de fel na boca, porque o fato de Junghoon ter aquele pequeno mundo reservado ali lhe corroía o coração. Um mundo de brinquedos, piscinas, barcos e aviões, e a crescente consciência de que era o herdeiro da fabulosa fortuna dos Jeon... Não apenas o filho de um ômega solteiro trabalhador. Chegaria o dia em que ele iria escolher o lado alfa de sua ascendência, e iria rejeitá-lo e ao seu país de origem? — Junghoon não faria aquilo, – ele disse a si mesmo desesperado, mas o medo o corroía.

   Quando acabou de fazer as malas, Jimin olhou o relógio. Ele já havia se despedido brevemente e tristemente do pai de Jungkook e de Seokjin. Dizer adeus era sempre ruim, mas agora era muito pior diante do significado de tudo o que deixava para trás. O que lhe doía mais era deixar Jungkook. 

O Início Do DesejoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt