4 - Os Assassinos Solitários

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- As criaturas de outro mundo. Só quando você olha. Os assassinos solitários, como eram chamados. Ninguem sabe de onde vieram, mas são tão antigos quanto o universo, ou quase isso. E sobreviveram por tanto tempo porque possuem o mais perfeito sistema de defesa já desenvolvido: são quimicamente travados. Eles não existem quando observados, no momento que são vistos por qualquer outra criatura viva, eles se transformam em pedra. Não tem escolha, o fato da biologia deles, ao serem vistos por qualquer coisa viva eles literalmente viram pedras, e não dá para matar uma pedra. - Eu não sei se era o modo como ele falava, mas algo atraía minha atenção, eu não conseguia desviar o olhar um só segundo sequer.

"Claro, uma pedra também não pode matar você, mas quando você vira a cabeça, quando você pisca, aí sim ela pode. É por isso que eles cobrem os olhos, não estão chorando, não podem se arriscar a olhar um pro outro, a vantagem que eles tem é sua maior maldição. Eles nunca podem ser visto, as criaturas mais solitárias do universo."

- Isso sooa triste. Não deve ser nada legal nunca poder ser visto por outro ser vivo. - Liah comentou, fazendo o Doutor refletir por alguns segundos.

- Talvez, entretanto, eles querem alguma coisa. Eu não sei o quê, mas temos que dar um fora daqui.

- O que acontece? Digo, se eles alcançarem um de nós? - Eu estava tão absorto que não conseguia falar nada, apenas escutava. Cada palavra que era emitida pela boca dele me parecia tão familiar.

- Liah, não é? Na melhor das hipóteses, você morre.

- E na pior? - Minha amiga questionou.

- Você é transportado para uma época, aleatória, qualquer uma, tanto passado como futuro. Nunca se sabe.

- E como isso poderia ser pior que morrer? - Ela estava incrédula com o que acabara de ouvir, mas estava aceitando muito bem toda aquela loucura.

- Acompanha meu raciocínio, Liah. Imagine só, se o próprio Isaac Newton fosse transportado de sua época para o futuro, o tanto que o curso da história seria modificado.

- Gente, alguma coisa ou alguém vem vindo aí - eu disse, atrapalhando a discussão dos dois.

- Se preparem - o Doutor apontou sua chave de fenda sonica direto para o corredor e de lá surgiu duas pessoas: a bibliotecária, Senhora Suzane, e um garoto pálido de oculos e corpo um pouco delgado, Julian.

- O que está acontecendo? - A Sra. Suzane perguntou - o que são aquelas coisas?

Nós escutamos o barulho de algo se mexendo, um som como o do atrito de duas pedras sendo esfregadas uma na outra. Todos olharam por cima do ombro dos dois e lá estavam elas. As estátuas cinzentas e desgastadas de anjos, as quatros, uma atrás da outra, com o braço direito esticado e uma carranca no rosto. A boca estava escancarada, mostrando horríveis dentes pontiagudos.

- Doutor, e agora? - Eu perguntei.

- Não tirem os olhos deles. Pisquem e vocês morrem. Agora, todos comecem a seguir o corredor, sem pânico. Vai! - ele gritou e todos nós começamos a andar de costas.

Um pouco mais à frente, entramos em uma porta à esquerda. Em um momento estavamos correndo, no outro, espremidos no armário do zelador, junto a vassouras, panos e produtos de limpeza.

- O que fazemos? - Julian perguntou.

- Agora nós esperamos. - O Doutor respondeu.

A Busca Pelo DoutorWhere stories live. Discover now