5 - O Salão Dos Espelhos

299 32 0
                                    

Não sei como e nem quando, apenas o que sei é que surgiu na minha cabeça, do nada, como todas as outras vezes. Eu sabia o que fazer para nos salvar.

- E-e-eu sei... sei como nos tirar dessa. - Eu falei, escutando a respiração ofegante de Liah, a qual apertava fortemente minha mão.

- O quê? - Ela perguntou.

- Não sei como explicar, mas preciso que confiem em mim.

- Nós confiamos. Qualquer coisa é melhor do que ficar aqui. - Julian disse.

- Um dia, no prédio ao lado, funcionou uma escola de balé. A sala onde as aulas eram dadas foi mantida intacta, e poucos sabem da sua existência. Isso se deve a fato dela ter sido feita no subterrâneo, sabe, como uma espécie de porão. Estão me entendendo? - Busquei algum sinal de entendimento, para que não fosse necessário explicar o final.

- Brilhante! Arriscado, mas pode funcionar. É claro que pode! - O Doutor exclamou - Vamos lá - ele já estava com a mão na maçaneta da porta quando a Sra. Suzane o interrompeu.

- Para! - Ela gritou. - Quem nos garante que aqueles seres horrendos não estão aí, só esperando para nos atacar?

- Teremos que arriscar minha cara dama. - o Doutor disse e então abriu a porta do armário.

O lado de fora estava escuro, provavelmente já se passava das 22:00 horas da noite. O silêncio preenchia os corredores e não havia sinal dos anjos.

- Prontos? - Todos disseram que sim. - Agora! - O Doutor gritou e todos corremos para a saída.

A rua estava deserta e todas as luzes dela se apagaram assim que pisamos na calçada. Quando eu vi já estavamos na porta de entrada do tal prédio.

- Como droga vamos entrar? Não temos a chave! - Liah gritou, enquanto era espremida contra a parede verde pela Sra. Suzane, que havia perdido os óculos fundo de garrafa na corrida.

- O Doutor pode usar sua chave de fenda sonica, não pode? - Eu vi a cara dele apresentar brevemente uma expressão de espanto e depois voltar ao normal.

- Julian! - Liah gritou e quando todos nós olhamos lá estavam as quatro estátuas, como suas bocas escancaradas, mostrando os dentes pontiagudos.

- Oh, não! - ele fez seu aparelho piscar e todos nós caímos do lado de dentro do que, nos dias atuais, funcionava como uma loja de roupas.

- Cadê ele? - Suzane entrou em desespero.

- Os... os anjos tocaram no ombro dele e ele simplesmente sumiu. - Lágrimas escorriam dos olhos de Liah que, apesar do pouco tempo, tinha se afeiçoado ao adolescente de 15 anos.

- Ele era um bom garoto. - O Doutor tentou explicar a Bibliotecária o que havia acontecido com Julian, mas não era nada fácil dizer a alguém que uma pessoa amada jamais poderia ser vista novamente, muito menos dizer que ela foi mandada para outra época do tempo.

A porta começou a tremer enquanto pancadas fortes ecoavam pela sala. A qualquer momento ela cairia e aí seria o nosso fim.

- Doutor? - Liah virou os olhos para ele.

- John? - Ele me olhou e na mesma hora eu soube o que ele queria.

- Preciso da chave para abrir a entrada que leva ao salão dos espelhos, e isso pode levar algum tempo.

- Certo, então vá, você e a sua amiga. Eu e a Suzane ficaremos de olho aqui, não é? - A mulher de cabelos brancos assentiu. Ela estava assustada e com toda a certeza levaria um bom tempo para se recuperar.

Eu e Liah seguimos por uma escada em espiral que levava ao segundo andar, e enquanto corriamos degraus acima escutei algo que me deixou meio nostálgico:

- Quem é você? - Ouvi a Sra. Suzane perguntar.

- Eu sou o Doutor. - O modo como ele falou aquilo fez arrepios percorrerem meu corpo, era como se, algum dia, eu já tivesse ouvido ele falar aquela frase.

A Busca Pelo DoutorWhere stories live. Discover now