Meus dias estavam sendo muito pacíficos. Minha recuperação estava caminhando como uma tartaruga de três pernas, mesmo eu treinando o braço três vezes ao dia. Ainda doía muito e eu engolia a dor à seco. Só a mencionava quando o médico perguntava. Sinceridade era fundamental para o progresso do tratamento e eu queria saber onde eu estava errando.
No entanto, eu comia e dormia (às vezes) bem. Ao contrário do que eu pensei, Wo Dan não largou seu brinquedo novo tão cedo. Ele me procurava a cada um ou dois dias, quase como se estivesse me dando um tempo de folga. Se ele não desse eu teria que implorar mesmo!
Depois de dois dias seguidos de .... hã, atividades corporais, aquele pequeno lugar ficou muito inchado e meu quadril dolorido, então eu pensei que agora além de não ter um braço funcional, também não poderia mais andar.
Esse homem é muito voraz! Além disso, não precisava de muito para atiçar esse fogo! Parecia que só de me ver ele já estava duto! Teve uma vez que, depois de não dormir bem a noite (vocês podem imaginar muito bem de quem é a culpa!), acabei cochilando depois do almoço no sofá da sala, lendo uma daqueles livros intermináveis de código de leis.
Quando acordei, Wo Dan já havia me levado para o quarto e estava esperando que eu acordasse para me tomar. Pelo que eu entendi, ele achou muito adorável me ver após um almoço farto, cair dormindo desleixadamente no sofá. Não entendi esse desejo, não vi nada de atraente em alguém dormindo após se empanturrar de comida.
Parece mais um processo de engorda de um porco para o Ano Novo, então andei meio desconfiado depois disso, já que estávamos no meio do inverno e logo as festividades chegariam. Bem, isso é só uma brincadeira, por mais que pareça que ele iria me devorar, não há chance disso acontecer já que eu não engordei nada, hehe...
Normalmente Wo Dan saia cedo para trabalhar e eu podia ficar o resto do dia livre. Então me alongava no jardim, cultivava meu qi, lia, treinava a mão, tentava tocar pipa, tirava um cochilo, almoçava, treinava a mão mais um pouco, vagava pelos cômodos da casa, ia admirar o pôr-do-sol e as estrelas, esperar Wo Dan para jantar... Até que me ocorreu que eu deveria começar a sair e procurar um terreno para construir uma casa também.
Saí pela manhã com Yang Ming, ele estava sempre me acompanhando a pedido de Wo Dan. Encontrei vários terrenos disponíveis por um bom preço, tantos que eu até fiquei em dúvida qual escolher.
Ainda que desajeitadamente anotei as melhores opções em uma placa de bambu. Minha caligrafia estava desajeitada, mas ainda era melhor do que quando eu escrevia com a mão esquerda. Céus! Quando este braço vai ficar bom???
Depois, quando retornamos à mansão, comecei a escrever uma carta para o meu caseiro em Panyuo. Comecei explicando a ele que eu não tinha condições de continuar a viver naquela casa, creio que ele compreenderia bem minhas razões. Em seguida, oferecia a ele a moradia, para que ele usufruísse dela como preferisse.
A casa de meu avô não era ruim, de forma alguma. Era uma casa de quatro cômodos, espaçosa e com boa claridade. Em seu pátio principal crescia uma pereira muito bonita e ele criava patos e galinhas atrás da casa, junto com um lago. Com certeza, ninguém recusaria uma moradia em bom estado e também era uma forma de recompensá-lo pelos serviços prestados por ele durante tantos anos.
Se não me engano, ele era um velho viúvo e sem filhos, esta casa era a única forma dele se manter. Talvez eu devesse lhe enviar algum valor extra também, embora ele pudesse alugar um cômodo e viver da venda de ovos.
Fiz alguns cálculos mentalmente, contando com a compra do terreno em Jiang e o custo para fazer uma casa pequena de três cômodos. É... ainda sobrava algum dinheiro para eu montar uma pequena horta com tranquilidade.
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O Protagonista é um Bastardo!
RomanceDu Fushi é um contador de estórias. Ele vagou por quase todos os lugares e conhecer os enredos mais incríveis que existem, seu talento é incomparável. Contudo, Du Fushi também é alvo de estórias, de que foi abençoado pelo deus dos Viajantes com capa...