There Is a Light That Never Goes Out

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"And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Is such a heavenly way to die
And if a ten ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure, the privilege is mine."
-The Smiths

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Dona Íris guardava as lembranças de sua preciosa bela em seu coração, em um cantinho especial, onde podia contemplar a vista de seu amor mesmo estando um bocado longe.

Podia lembrar-se claramente dos olhos azuis como a tarde de um domingo azul, iguais ao mar e sua imensidão e também idênticos a céus de brigadeiro.

Olhos esses que faziam a jovem Íris ficar com mariposas em seu estômago que festejavam com tamanha beleza, beleza pura, beleza natural e fatal ao coração de qualquer um.

Lembrava-se com carinho de sua amada, de seu amor proibido e em como era bom ter seus corpos juntos, mesmo que fosse no mínimo toque que suas pernas faziam ao balançar do ônibus, este que passava em frente às belas praias de Salvador.

Sorrisos tímidos e contidos eram trocados quando percebiam que a euforia que sentiam era mútua.

A mesma euforia quando as duas em um surto de coragem e bravura partiram da Bahia em busca de liberdade, em busca de paz.

A mesma euforia que se "dissipou" conforme o passar dos anos, elas já não tinham mais aquele forte desejo preguinado em seus corações, ao menos a chama sempre continuara acesa, incendiando o vasto coração da senhorinha de cabelos por vezes laranjas por vezes brancos.

Mas assim como romances de verão acabam no começo do outono, seu bonito romance também chegou ao fim. Elas continuaram juntas em uma amizade, apesar de não ser como antes, ainda tinham amor em seus corações, porque o amor pode mudar, assim como ele nos muda.

Íris Alves nunca deixou de amar intensamente sua bela, mesmo quando essa se casou com um contador e teve seu primeiro e único filho, não deixou de a amar vendo sua bela esbanjando sorrisos mundo a fora.

Dona Íris costumava dizer que o amor tem dessas, que na mesma intensidade que se ama também se mágoa, mas também se perdoa, se aprende e segue em frente. A senhorinha dizia que o amor também é saber a hora de deixar ir, de se amar de longe e até mesmo de ser o único a amar.

Mas mesmo tentando sempre se manter longe o suficiente para não interferir na vida da outra, mas perto o suficiente para não ser totalmente esquecida, o destino com suas traquinagens, trazia seu fascinante amor de volta.

Agora com os olhos azuis como o mar um pouco mais opacos, os cabelos brancos e uma faceta de angústia enquanto a mulher era desamarrada da cadeira de choque, dona Íris tinha as memórias jogadas em seu rosto como água gelada de um balde.

Claro que sempre a observava de longe, mas ali observando seu amor de pertinho era grosseiramente dolorido.

Haviam tantas perguntas rondando sua mente naquele momento. Por onde ela havia andado? Por que estava em uma situação dessas? Por que seus olhos antes cheios de anseios pareciam ansiar por nada na vida mais?

— Dona Íris temos que leva-lá para o butiquim urgentemente, ela não está bem, precisamos leva-la ao Seokjin o quanto antes.

A voz de seu menino surgiu em seus ouvidos a puxando de volta a realidade.

— Certo, vamos pegar os outros e sair daqui p'ra ontem. – Ordenou a baiana.

Enquanto Jungkook levava a mulher apoiada em si, dona Íris foi até a última porta a abrindo, vendo seu neto abrir um sorriso gengival enorme no rosto machucado.

Revolução Arco-íris Jjk+PjmWhere stories live. Discover now