Capítulo 73

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|Rafael|

— Ele não pode fazer isso, Sol! — sussurrei, colocando Solange sentada na cama.
— Ele disse que vai na polícia... — murmurou, chorando baixinho. — E se ele tirar meu filho de mim? Eu prefiro morrer do ver meu filho sendo arrancado de mim...
— Sol, me escuta... — pedi paciente. — Ele.não.pode.fazer.isso! — expliquei pausadamente.
Mesmo explicando a situação para Solange ela queria voltar para o morro no mesmo minuto. Pegamos suas coisas, chamamos Kauã e descemos para o estacionamento do prédio. Kauã nem percebia que havia alguma coisa errada, enquanto isso Solange tentava se explicar para o Matheus por mensagens, como se ela devesse alguma satisfação pra um babaca como ele.
Quando chegamos no morro, as mãos de Solane estavam trêmulas e os seus olhos estavam rasos d'água. Enquanto eu desejava mentalmente encontrar com Matheus e conversar com ele de homem pra um babaca de merda.
— Não acredito! — Solange sussurrou quando chegamos na porta da sua casa e Kaique estava discutindo com Matheus.
— O que foi, mamãe? Por que ele estão brigando? — Kauã questionou, enquanto Solange descia do carro apressada e eu fazia o mesmo.
— Vem, entra em casa e fica esperando lá! — abri a porta e tirei Kauã dali de dentro com sua mochila e seus brinquedos.
— Por que estão brigando, tio Rafael? — Kauã sussurrou.
— Aí, SAI DE PERTO DO MEU FILHO! — Matheus gritou, chamando minha atenção.
— Entra em casa, Kauã! — Solange pediu, apontando na direção da porta.
— Mas mãe...
— Agora! — insistiu e ele suspirou, abaixando os ombros.
Eu esperei entrar em casa, pra finalmente tomar a palavra com Matheus.
— Eu mandei você ficar longe do meu filho e se você não fizer isso, eu faço questão de tirar ele da Solange...
— Se você for bater nele, me avisa que eu ajudo! — Kaique me chamou impaciente.
— Eu não vou sair de perto do Kauã e também não vou sair do lado da Solange. — falei simplesmente.
— Você vai...
— Não vou! — ri, negando com a cabeça. — Primeiro, você não tem direito de tirar o menino da Solange, você não passa de imbecil que não cuida nem de si mesmo, quanto mais cuidar de uma criança de sete anos. Você passou a vida toda desprezando a Solange e seu filho, fez pouco caso dela, abandou sua família, não paga nem pensão dele direito, não faz PORRA NENHUMA pra ajudar as pessoas que você diz ser sua família. — parei na sua frente e ele me encarava em silêncio. — Você é grande filho da puta e eu não vou deixar você tirar NADA da Solange, nem por cima do meu cadáver você vai fazer isso, seu pé rapado de merda! — o empurrei com força. — Você está sendo investigado pela polícia do Rio e se EU quiser, eu levo suas ameaças, sua pressão psicológica aos meus superiores e termino de ferrar a sua vida. Em um piscar de olhos, eu arrumo um jeito de te colocar na cadeia, então é melhor VOCÊ me obedecer e me escutar em silêncio, porque você é a última pessoa aqui pra dar qualquer lição de moral em alguém.
— Satisfeita com o teatro, Solange? — Matheus apontou para todos os lados, onde tinha alguns vizinhos na porta.
— Matheus, vai pra casa, por favor! — dona Mara pediu.
— Eu disse uma vez para o seu irmão e vou dizer de novo, já que o TENENTE RAFAEL ESTÁ AQUI PRA OUVIR... — Matheus gesticulou como um homem patético. — Ele vai te levar pra cama e vai te largar, vai te tratar igual os outros soldados fazem aqui no morro, como uma vadia que...
Eu não vi nada mais na minha frente a não ser a raiva me tomar conta de mim e quando percebi eu já tinha acertado um soco no rosto de Matheus e se ele não tivesse tentado revidar, a confusão teria acabado ali, mas se ele quis brigar comigo.

...

SUNSHINE (Luan Santana)Where stories live. Discover now