Capítulo 9

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Naglim era o nome de minha esposa.

Uma linda donzela das terras dos cantos. E essa é a maior ironia que ronda minha longa vida.

Nos conhecemos por meio da campanha do deus da paz pra assumir um acordo entre os antigos deuses minguantes, pouco depois dos boatos se iniciarem para com minhas missões.

Eu e Afy, guardas do momento ainda àquela época, fomos confiados a retaguarda de toda aquela campanha alta de elfos, pomposos e de cabeças levantadas.

Nós, eu e Afy, tínhamos também, 40 outros homens prometidos pra cuidar daquela elfaiada pelos corredores longínquos do antigo castelo até a larga madrugada de verão que era e sempre foi por toda Courta.

A conheci, de verdade, na segunda noite de diplomacia, enquanto guardava o quarteirão do quarto. Eu no lado da porta, e Afy no outro. Ambos mudos, sem olhar para os lados e o emblema da antiga capital sobre nossos escudos.

Ainda antigamente, era comum nós soldados utilizarmos um imenso barbalhão pra acentuar intimidação para os suspeitos que passeavam lá e cá.

Então, em meio à madrugada, com eu e ele ali contra o corredor recheado de vidraças inteiriças que pontavam do chão ao teto, que a porta se abriu de soslaio, e a incomum baixa figura de juba rosa-amarelado - esqueci o termo certo - atravessou com apenas sua cabeça ali, fitando os lados.

Pra mim, todos eles tinham feições iguais. O rosto esticado e os olhos de gato, que brilhavam no puro escuro. Isso além do cabelo longo e alto, que despencava dos ombros. Tanto homens quanto mulheres. Agora essa moda passou a ser a dos nobres de Courta.

Ela fitou-nos, sem vossa resposta para com ela, e saiu por inteiro de dentro do quarto. Era, ironicamente, mais baixa que nós. Pouco perceberia sua presença em meio a sua própria campanha, normalmente.

Não estava sozinha, todavia. Em fila, retirou-se o próprio deus da paz, com ela agarrando suas mãos postiças de plástico.

Em si, o sujeito era só uma cabeça flutuante. Era cômico, e nada descontava o trejeito despojado do elfo e aquele manto - mais como uma espessa cortina cor vinho - que arrastava-se em um flutuo marcante.

De toda forma, foi então a vez dele de analisar-nos em um silêncio muito "superior".

"Você, o mais bonitinho" ele apontou a mim. Silenciosamente, eu havia ganhado de Afy em mais uma coisa em nossa disputa pessoal daquelas épocas. Ainda que, em si, eu era considerado um galã por todo quartel "Pedirei que venha comosco para um... lugar com menos ouvidos" percebi fitar Afy ali, de rosto quente e, ao mesmo tempo, imutável da situação. Nada ele sabia de nossa frota de homens pendurados "Peço que cuide de meus aposentos, meu amigo. E não se chateie, você tem um belo coração de leão!" Saiu com a cabeça quase pulando de alegria. Além do cabelote negro brilhante, só podia-se enxergar o exagerado traje flutuando, como se realmente tentasse esconder alguma coisa.

Conduziu-nos até uma das dobras do corredor, ignorando os meus e os guardas de Afy pendurados no teto, ali esperando qualquer invasão que fosse.

Era assim que todos nós desfrutavamos da armadura negra. Escondidos, esperando, com o gancho sobre a gola e a espada semi-desembainhada em meio às madrugadas.

Paramos eu, ele e Nagrim sobre um dos jardins de frutas vermelhas que tinha em seu andar - o penúltimo.

Em si, ironicamente, fizemos primeiro a questão de sentar nos bancos ali por entre as árvores curtas do jardim, e ambos eles me fitavam quase em uma hegemonia irônica.

"Isso tudo deve ser muito único pra você. Ter a honra de sentar com o deus da paz e respirar meu mesmo ar" riu, mas tinha este aspecto soberbo na voz. Porém apenas percebi mais tarde "Estou aqui pra... ser um diplomata quanto ao que esta linda garota quer, de fato" eu ouvia em silêncio, com a mão sobre a bainha da espada, afim de não dar espaço para qualquer invasor que fosse "Primeiro, deixe-me apresenta-la. É assim que se começa as formalidades, não é? Esta é Nagrim. Serviçal minha de extrema confiança" no momento, eu pouco me importei pra sua posição ao lado dos elfos "Ela é de uma geração muito disputada de empregadas provindas de uma mesma geração. Honrado, não?" Talvez esperasse minha resposta, mas não deixou margem para eu abrir minha boca selada "Então. Nagrim, todavia, é diferente de sua mãe, e quer viver uma outra vida, tem vezes. Quer aproveitar os sentimentos de sua juventude" eu, jovial como naquela época, havia pensado que ela queria transar comigo, e pediu a ajuda do deus pra tal loucura "E eu a recomendei um salão de festas que despoja de bom tom e farra. Você, conterrâneo da capital, deve saber aonde fica tal lugar" com toda certeza, eu sabia. Di Malta Crescentus. Namorava em luas inteiras lá, em nome dos generais e deuses tolos com que eu me servia de guarda "Sei que gostam do direto. Então serei direto, meu caro guarda. Proteja-a enquanto ela se diverte de gozo e risos inteiriços. Deixe-a viva e divertida quanto a esquecer de seus reais serviços na minha família. Que tal?"

Flower's ShamplooWhere stories live. Discover now