O som das ondas

160 24 3
                                    

Estava um clima maravilhoso. Era um daqueles dias em que o sol brilhava sem nuvens, mas não fazia muito calor porque soprava uma brisa leve e fresca que temperava o ambiente. Draco geralmente aproveitava esses dias para praticar seu equilíbrio, ajudar Terry ou tentar tirar Neville da cozinha porque ele estava ficando tão pálido quanto ele, enquanto Ginny arrastava Theo do porão e depois os juntava e observava os dois corarem quando eles foram encontrados.

Nada disso aconteceria naquele dia, pois apesar do bom tempo, o clima no Phoenix estava tenso e pesado. Harry estava certo, o navio de Greyback era muito menor que o Phoenix. Era feito de madeira escura, as velas eram amareladas e tinha uma figura de proa em forma de lobo. Eles ainda não os haviam alcançado, mas estavam perto o suficiente para Draco mexer nervosamente em seu colar.

Ele respirou fundo, fechou os olhos e girou o pescoço para soltá-lo. Ginny teve o cuidado de refazer o curativo em seu ombro direito com força suficiente para não agravar a lesão, mas para poder se mover e lutar confortavelmente.

    — "Draco" — Ele concentrou sua atenção em Harry quando parou ao lado dele.

Seu cabelo estava desgrenhado e havia uma determinação de aço em seus olhos. Ele passou os últimos vinte minutos gritando ordens.

— "Você vai ficar no convés, nem pense no seus pés tocando nada além do chão. Não quero ver você ou os gêmeos equilibrando de um navio para outro."

Não havia espaço nem tempo para discutir, porque o capitão saiu imediatamente para gritar com Colin para entrar em sua cabine imediatamente ou ele o amarraria no porão pelos próximos dois dias. Pensou em se aproximar dele para acalmá-lo, para encher sua mente de palavras tranquilizadoras, mas sabia que Harry precisava disso, precisava saber que estava no controle de tudo, que cada tripulante do Phoenix sabia o que tinha que fazer.

Havia algo de lindo nisso. Na segurança que Potter irradiava, como uma grande muralha ao redor de um castelo, seus gestos sólidos, sua voz firme e a obstinação escrita em seu rosto. Na forma como todos respondiam, cumprindo e obedecendo as suas ordens, na fluidez como trabalhavam, na familiaridade que tinham entre si. Draco fazia parte disso e iria defendê-lo, porque eles confiavam nele e ele confiava neles.

Então ele ficou ali, ainda olhando para o navio de Greyback, e decidiu que a última coisa que faria seria se balançar em uma corda. As histórias de Umbridge sempre o aterrorizaram, lembrando-o do perigo constante que era sua vida, que ele não deveria confiar em ninguém porque alguém poderia machucá-lo.

Os caçadores eram apenas uma pequena parte daquela população que não escondia a sua crueldade e se orgulhava dela. Eles eram quase tão perigosos quanto Umbridge, especialmente porque trabalhavam para ela e não tinham nenhum grau de misericórdia em seus corpos.

O Phoenix ficou em silêncio quando os gritos dos abutres foram ouvidos. Seu navio estava chegando perto o suficiente para ver a tripulação claramente. Eram todos homens grandes, agressivos e sujos. Suas espadas refletiam a luz do sol enquanto as brandiam no ar e gritavam de alegria.

Draco estremeceu, seu corpo pendeu para frente e por um momento ele sentiu como se fosse vomitar. Então seu braço foi agarrado com força e ele se forçou a ficar de pé para ficar cara a cara com Ron.

    — "Não desmorone, agora não. Você vai fazer isso e, com certeza, vai fazer certo. Harry não pode se preocupar com você agora, ele tem muitas coisas para resolver."

Queria gritar com ele, mas em vez disso assentiu. Ele estava certo, não poderia fazer Potter ficar de olho nele, porque isso iria distraí-lo e nessas situações uma distração poderia custar uma vida. Ele precisava se acalmar, havia insistido em enfrentar isso e não ia recuar.

ÁureoWhere stories live. Discover now