Prólogo

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O cheiro de sangue era enjoativo, mas me deixava firme e ciente do motivo de eu estar aqui. O motivo de eu ter matado esse filho da puta no chão. O motivo que me levou a fazer vingança. A garganta cortada em uma perfeita linha horizontal, tão funda que quase eu cortava sua cabeça fora. Ele convulsionou antes de morrer, engasgando com seu sangue podre. Seus olhos estavam abertos, sem vida e sem brilho. Eu sentia seu peso em minhas mãos sujas, ensopadas com seu líquido vermelho.

Eu não precisei fazer nada além de seduzi-lo no restaurante. Homens sempre pensam com a cabeça do pau, e não seria diferente agora. Todos eles achavam que eu ainda estava na cadeia. Era engraçado e excitante saber que eu podia usar isso ao meu favor. Fazer os cretinos acharem que eu ainda estava presa, me fodendo a cada dia enquanto minha sanidade era tirada de mim e meu desespero tomava conta do meu corpo.

Eu vivi cinco anos naquela merda de prisão, pagando por um crime que não cometi. Eu sofri todos os dias, chorando enquanto questionava para Deus o porquê de isso estar acontecendo comigo, mas passei a acreditar que Ele não estava nem aí para mim, e tão pouco se importaria. Fui agredida até aprender a me defender. Todas as detentas eram agressivas. Passar anos presa mexia pra caralho com a cabeça de qualquer um, até da pessoa mais sã que exista. Os guardas não se passavam de assediadores de merda. Eu queria tanto cortar a mão que me tocava a noite, acariciando as minhas pernas e minha cabeça, enrolando os fios do meu cabelo negro em seus dedos ásperos, mas não queria ficar mais tempo ali. Eu não podia.

Minha ânsia e desejo de sair era o que me deixava dócil. Eu precisei deixar que os guardas acreditassem que podiam me manipularem. Não demorei para perceber como funcionava na cadeia. Minha habilidade de observar me ajudou nisso. Eu batia, mas também apanhava pra caralho. Meu nariz já foi quebrado algumas vezes, assim como minhas costelas. Ser amiga da doutora me rendeu recompensas para aliviar minha agonia.

Voltei a olhar para o homem ali, morto enquanto seu corpo estava coberto por seu terno branco de luxo, mas sujo com seu sangue que ainda escorria do corte em sua garganta aberta. Bati as mãos nos bolsos da minha jeans, procurando meu celular enquanto o estendia na frente do corpo, abrindo a câmera e tirando uma foto. Vou guardar de recordação.

Logo me abaixei, ao lado do seu corpo fedido. Peguei a faca e risquei sua testa, deixando minha marca na sua pele para saberem que estou de volta. Que saí daquela porra e estou atrás deles. De cada um.

As iniciais na sua testa farão todos os envolvidos se preocuparem. Posso até imaginar suas bundas levantando das cadeiras caras e protegendo suas famílias e amigos.

L.P

Flames Of RevengeWhere stories live. Discover now