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Pietro

Estar perto da morte nunca me causou arrepios ou medos. Eu até gostava de saber que minha vida poderia ser tirada ou que eu acabasse sendo fodido pelo destino. Essa não era a primeira vez que quase morri. Já lidei com pessoas piores, em situações deploráveis e ainda mais fodidas. Isso não foi nada. Um grande nada comparado aos anos.

Mas eu gostava disso tudo, desde novo. Sempre gostei do caos. Da bagunça. Da destruição. Talvez fosse um fetiche. Não sei. Sentir prazer em estar perto da morte não era algo certo, mas não é como se eu me importasse com essa merda. Uma pessoa que recebe dinheiro para matar alguém não precisa questionar tais coisas.

Observei ela correr, entrando no carro e ligando o veículo para ir embora. A quentura da explosão deixava meu corpo quente e queimando os pelos eriçados. Não me recordo em ter lidado com alguém como ela. Feroz e raivosa. Como uma vadia louca. Era corajosa. Destemida. Agressiva. As faíscas furiosas estavam em seus olhos quando puxei seu cabelo e a imobilizei.

Luna Pittman.

Por que Andrew não me contou que ela sabia lutar? Sabia se defender?

Ou, talvez, não saiba. Porém, isso seria impossível. Segundo ele, Luna matou um dos seus amigos e deixou uma mensagem. Isso não é coisa que qualquer pessoa fazia.

Minhas costas ardiam, provavelmente queimadas pela explosão que quase não consegui fugir quando corri atrás dela. Meu corpo foi arremessado quando o barulho estrondoso inundou o lugar.

A cadela fez um bom trabalho. Fugiu de mim. E deixou ferimentos em meu corpo.

"Senhor?"

Não me virei. Eu não estava com paciência para ninguém. Eu me sentia irritado. Ferido. Magoado. Meu ego foi enfiado na minha própria bunda.

"Ela fugiu com o carro. Foi para o lado da estrada de chão."

Como se eu não tivesse visto, seu idiota do caralho. Cale boca.

Andei, minhas costas ardendo e meu pau dolorido por causa da pancada que ela me deu. Mexi o pescoço, estalando-o enquanto enfiava a mão no bolso e procurava a chave do meu carro.

"Não vá sozinho!"

O imbecil continuou gritando, berrando feito louco, mesmo com o meu desprezo. Adoro trabalhar sozinho, mas um dos homens que trabalham para mim ficou preocupado. Ele ficou com receio quando puxou a ficha de Luna Pittman e achou várias alterações malfeitas, como se tivessem sido feitas por alguém que se titulou hacker. Era um merda.

Entrei no meu carro, batendo a porta e ligando-o, partindo na mesma direção que ela foi. De longe, vi seu carro iluminado no meio da estrada. Os pneus amassando as pedras no chão, causando aquele barulho. Eu já fiz muito isso. Persegui pessoas. Matei pessoas. Torturei pessoas. Acabou se tornando um hobby, qual nunca deixo de fazer. Eu até gosto disso. Gosto de matar.

Aprendi a gostar.

Pisei no acelerador, fazendo o carro correr, meus olhos vidrados na traseira do outro veículo da mulher em minha frente, que tentava fugir de mim como se fosse possível. Eu a pegaria assim que eu quisesse. A cretina só fugiria de mim se eu permitir. Preciso sondá-la cautelosamente, me aproximar como se eu fosse apenas um desconhecido bobo que a conheceu em qualquer merda de lugar por pura coincidência.

Abri a gaveta do meu carro, pegando o frasco de ibuprofeno e colocando um comprimido na boca, engolindo sem água. Fechei um dos olhos quando o remédio fez rebeldia para não descer, mas o forcei, e assim ele desceu. Girei o volante, virando na entrada esquerda, aproximando-me cada vez mais do carro. Ela parecia já ter me visto, pois ora e outra, ela se afastava, mas eu sempre a alcançava.

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