C. 1

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Luna

Sentir o vento batendo no meu rosto era algo que eu mais ansiei enquanto estava presa. Eu havia me esquecido de como era gostosa a sensação da ventania batendo no meu nariz, fazendo meu cabelo voar e meu corpo estremecer. Um sorriso se curvou em meus lábios, meus braços se abrindo e aproveitando o cheiro do ar. O cheiro da poeira que estava no chão, juntamente com a gasolina dos carros parados na frente do prédio da cadeia. Fechei os olhos, absorvendo tudo calmamente, saboreando o gosto único de estar livre.

A psicóloga me orientou ontem, dando inúmeras sugestões do que posso fazer após sair da cadeia. Era engraçado o fato dela achar que eu iria procurar um emprego, um apoio emocional ou qualquer merda assim. Eu apenas pensava em uma única coisa. Vingança. Mas eu não a culpava, era apenas o trabalho dela.

As pessoas aqui fora passavam por mim, tombando em meu corpo ora e outra enquanto o desejo de ver suas amadas ou parentes a deixavam desesperadas. A expectativas delas seriam destroçadas assim que vissem o quão mudadas nos tornamos aqui. Lágrimas rolavam, palavras roucas e choros preenchiam o lugar, até me deixar incomodada. Eu não me importava se estava sozinha ou não aqui. Meus pais nunca viriam me receber de qualquer forma, não depois de acreditar naquela mentira desgraçada.

Eu fui uma garota meio rebelde no ensino médio. Entrava em muitas encrencas, e a maioria delas causadas por mim. Minha mãe ficava tão cansada em me consertar, mas eu só queria atenção do meu pai. O cretino era um traidor que amava passar mais tempo no bordel do que em sua própria casa. Minha família nunca foi perfeita. Mas consegui ir embora após ser chamada para trabalhar como secretária de um homem podre de rico. A amiga da minha mãe ajudou nisso. No entanto, parecia que ela me queria longe dali, mas eu estava tão desesperada de sair daquela casa que não me importei.

Apesar de que ter que aturar assédios dos sócios nojentos do chefe era estressante pra caralho, ir embora de Detroit foi bom. Aquele lugar era ridículo.

"Luna?"

Essa voz...

Brandon.

Virei para o lado, avistando Brandon ali, ao lado de um carro preto. O cabelo raspado como sempre e uma tatuagem no pescoço. Era um dragão negro e sombrio. Ele usava sua roupa preta, calça jeans e casaco. Tênis surrados nos pés. Encarei seus olhos, tentando encontrar qualquer sinal de culpa, mas não tinha. Brandon sempre foi um homem decidido em suas atitudes. Apesar de saber disso, eu ainda não aceitava o fato dele ter deixado que aquilo acontecesse.

Um filho da puta.

Ele acreditava que eu não sabia do seu envolvimento. Isso era bom. Significa que ele confiava em mim.

— Cumpriu sua promessa de estar aqui quando eu saísse. — comentei, passando a mão no rosto e esfregando no nariz, olhando ao redor. — Mas eu não acreditei tanto assim.

A rua estava vazia, exceto por nós aqui e as famílias das ex presidiárias.

— Está com fome? — perguntou, afastando-se do seu carro.

— Estou. — assenti. — Estou cansada de só comer aquele lixo na prisão. Preciso de comida de verdade.

— Entra aí.

Observei ele virar para entrar no carro. Umedeci os lábios, rodeando o veículo para entrar também. Não coloquei o cinto, e fechei a porta, mexendo o pescoço enquanto e me acomodando no couro. O carro parecia novo. A macia do banco deixava minha bunda relaxada. O cheiro de couro novo, misturado com seu perfume e fumaça de cigarro envolvia lugar.

— Eu preparei tudo para você.

Não respondi.

— Comprei uma casa para você no seu nome novo. — falou.

Flames Of RevengeOnde histórias criam vida. Descubra agora