C. 6

25 4 5
                                    

Pietro

A vista daqui era bonita se não fosse pela vida que decidi seguir, eu poderia tentar viver aqui tranquilamente, aproveitando a paz que esse lugar estranhamente trazia. Por outro lado, eu sabia que isso seria momentâneo. Um ora ou outra, eu iria decair, voltar a esse vício dominante que me sucumbia.

A agulha entrava em minha pele, entrando no outro lado enquanto a linha suturava minha carne. Eu não fechei o ferimento no dia seguinte e isso me causou dores irritantes, então mandei encontrarem uma enfermeira. Eu não podia pedir para que Sander costurasse. O filho da puta faria piadas irrelevantes por eu ter sido esfaqueado por uma mulher. Apesar de isso ter acontecido algumas coisas vezes, mas nada comparado a isso. Quando aconteceu, foi por um descuido bobo de atenção, mas com Luna foi muito rápido. Ela estava sozinha.

Ela era uma mulher complicada. A mais irritante que enfrentei.

Sua fuga me deixou pensativo.

Ela se deixou ser pega facilmente para depois fugir?

Não faz sentido.

A não ser que...

Ela queria saber para onde eu a levaria. Queria talvez encontrar com Andrew?

Acendi meu cigarro, sugando e tragando suavemente enquanto pensava. Meus neurônios iriam explodirem qualquer hora. Eu sempre terminava meus trabalhos rápido. Nunca passava de três dias. Exceto quando fui contratado para matar Foster. Eu precisava observar primeiro para depois atacar. No entanto, essa cadela conseguiu escapar de mim, e ninguém consegue escapar.

E se...

Se ela teve ajuda?

Era impossível que ela se soltasse sozinha. Seus pulsos estavam presos nas correntes que levavam para o teto, as pernas soltas no ar enquanto ela ficava suspensa. Era nítido que ela precisou de ajuda para fugir. Só isso explicava a sua fuga. Não tinha como ela fugir sozinha, a não ser que seja talentosa demais.

Mas quem ajudaria?

Quem?

Andrew não está me contando alguma coisa.

— Pronto, senhor.

Assenti, soltando a fumaça e levantando da cadeira. O ferimento latejou, mas ignorei. A mulher levantou, pegando sua maleta médica e abaixando a cabeça enquanto me cumprimentava.

— Leve-a de volta para o hospital. — eu disse.

Um dos meus homens se aproximou, e guiou a mulher para fora da sala, virando à esquerda e indo para direção da porta. Enchi mais minha taça, colocando mais vinho que o normal. Traguei mais uma vez, deixando o rolo preso entre meus dentes e lábios. Atravessei a sala até chegar no espelho da parede. O ferimento que agora estava bem fechado se encontrava um pouco abaixo da minha costela, acima de virilha e longe da minha tatuagem. Meu corpo era bem decorado.

Um desenho enorme nas minhas costas. Era um Cyber Angel. Esse desenho foi escolhido por Sander. Ele disse que eu era um anjo de ritual. Eu não reclamei, pois gostei. Eu sabia que isso era uma das coisas idiotas que ele assistia. No lado direito, tinha uma caveira grande, com uma cobra envolvendo seus olhos e ao redor, e também com umas rosas complementando. Uma cruz com gotas no meio do peito. Cobra preta descendo na lateral esquerda das minhas costelas, assim como outras tatuagens pequenas e aleatórias no restante do corpo e nos braços. A maioria delas eu fiz na adolescência quando ainda estava na gangue.

Virei o vinho, provando antes de beber. Fechei os olhos, lambendo os lábios.

— Senhor, temos notícias.

Flames Of RevengeOnde histórias criam vida. Descubra agora