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Alexandre Nero

Não sei onde eu estava com a cabeça pra ter aceitado a sugestão daquela maluca, mas também não é como se eu tivesse algo a perder. Já estava tão fodido, que nada mais era capaz de me abalar.

Passava noites e noites enfiado dentro de um ringue em condições terríveis, podendo me machucar de verdade, pra não ganhar um terço do que ela está me prometendo. Claro, se toda essa ilusão for real.

Mas, infelizmente, teria que confiar nessa golpista. Não tenho outra opção.

— Por que você não vai comigo pra farra hoje? — Rodrigo perguntou pela milésima vez, já me deixando estressado.

— Tenho outro compromisso, cara. Já te falei que hoje não consigo ir. — nem virei em sua direção pra responder, continuando a me arrumar.

Giovanna tinha combinado de passar me buscar lá embaixo do morro às 20h, e eu já estava quase atrasado o suficiente pra ela me largar pra trás.

— É mulher, é?

Querendo por acabar logo com aquele assunto, fui na sua onda.

— É, é mulher. Combinei de sair com uma loira que eu conheci esses dias, ela só pode ir hoje, então a gente remarca nossa saída. Beleza?

Fiz um sinal com a mão, já o expulsando da casa da minha mãe enquanto eu também ia saindo.

— Podemos sair amanhã depois da luta, pode ser? — sugeri, já do lado de fora de casa.

— Vou cobrar, seu ramelão.

E saiu resmungando na direção da sua própria casa, como se fosse grande coisa eu ter cancelado nossa ida a um dos bares mais chatinhos da cidade. Porém, o preferido de Rodrigo.

Já sabendo dos esquemas, peguei uma moto para me levar até a base do morro, não querendo chegar lá embaixo todo suado.

Ainda mais sabendo que Giovanna estaria nada menos do que esplêndida, afinal, isso é parte do seu jogo.

Não duvido que ela seja muito boa no que faz, mas sua beleza e seu corpo talvez facilitem um pouco o trabalho.

— Já ia deixar tu pra trás, pô. Combinei às oito, era pra estar aqui às oito. — falou toda bravinha, quando entrei no lado do passageiro.

— Tava resolvendo umas coisas minhas, por isso atrasei. — menti, já que ela jamais saberia o real motivo do meu atraso mesmo.

Quem sabe assim o xingo fosse menor, não custava tentar.

O caminho até o local isolado onde os jogos acontecem foi cômico, ao meu ver. Fiquei estressando ela durante todo o percurso, pedindo pra trocar de música, mudar a temperatura do ar e dirigir mais rápido.

Só pelo gostinho de vê-la estressada.

No fim, tomei uns tapas no braço que com toda certeza do mundo iriam doer até a minha próxima encarnação, mas era pra eu aprender a não mexer com quem tá quietinho.

— Chegamos! — ela avisou assim que estacionou o carro, entregando as chaves para o manobrista.

Não consigo reconhecer o lugar onde estamos, acredito que essa é uma parte do Rio de Janeiro que eu ainda não tive o prazer de conhecer. Mas Giovanna conhece muito bem, assim como todos ali a conhecem.

A diaba era cumprimentada a cada dois segundos por alguém diferente, como se realmente fosse a dona da noite.

— Tu conhece todo mundo aqui? — minha pergunta era sincera, eu estava em completo estado de choque.

NocauteWhere stories live. Discover now