12 - Antes fosse um pesadelo

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"Existem erros que voltam para nós assombrar mesmo depois de anos."

DAMON WINCHES,

A voz dela atravessou meus pensamentos como uma lâmina afiada, rasgando cada centímetro dentro de mim com um desespero instantâneo. Eu estava em um lugar desconhecido, onde não havia árvores nem sombras para me amparar.

Um grito de dor, sofrimento e angústia.

Layla?

O barulho ensurdecedor do vazio me rodeava, ecoando em minha mente como um rugido distante e constante. Não conseguia discernir onde estava; tudo ao meu redor era um mar de escuridão opressiva, sem forma nem contorno definido. O frio penetrava minha pele como garras geladas, um lembrete constante do desconhecido assombroso que me envolvia.

Por um instante, forcei meus olhos a se abrirem. O grande escuro me rodeava, como uma noite sem lua dentro de uma floresta sem fim, onde a brisa fria sussurrava entre as árvores. A escuridão era profunda, envolvendo-me como um manto gélido, obscurecendo cada centímetro ao meu redor.

A sensação de sufocamento me envolveu, como se as próprias sombras quisessem arrastar-me de volta ao inconsciente. Cada respiração era um esforço contra o peso opressivo que pressionava contra meu peito, como se o próprio ar estivesse carregado de densidade e mistério.

Não posso dormir novamente.

Há pouco tempo eu estava no meu quarto, com Layla me prometendo que ficaria ao meu lado. Agora, estou perdido e confuso, envolto por um estado de torpor angustiante.

Meu corpo parece afundar lentamente, como se eu pesasse uma tonelada, e mal consigo mover os olhos. O ambiente ao meu redor é uma mistura difusa de sombras e formas indistintas, onde o tempo parece ter perdido seu curso normal.

Então, um som estranho começou a ecoar vindo da escuridão que me cercava.

— Ele está acordando? — perguntou a voz doce e amável. — Não podemos deixá-lo atravessar sua consciência até o mundo real.

— Ele não recarregou metade da sua energia e está querendo acordar, inacreditável. — Agora outra voz, entretanto, estressada, rugiu. — Ele está desafiando a lei da magia?

Um estalo ecoou, fazendo uma dor de cabeça latente me atingir. Escutei com toda a clareza, o grito da minha garota ecoar em meus pensamentos, novamente...

Ela precisa de ajuda.

Agora mais forte, algo queimou em meu peito.

Isso é um pesadelo.

Arregalei meus olhos, buscando entender o que me prendia no fundo dessa escuridão. Meu corpo tremia, como se tentasse resistir a uma forma irreal.

— Ele não pode acordar ainda! Ele não recuperou sua energia. — A voz teimava em dizer. — Ainda é muito cedo.

Correntes brilhantes surgiram e enrolaram meu corpo.

Que porra está acontecendo?

Meu coração disparou de imediato, como uma sinfonia de desespero que acabaria comigo no final. Com certeza, não estou tendo um pesadelo, isso é real, infelizmente não estou no mundo que conheço.

— Damon, mestiço de uma união proibida e descendente da linhagem do diabo, não desafie as leis mágicas e volte a dormir! — A voz do homem estressado falou cítrico, enquanto as correntes apertavam cada vez mais meu corpo. — Como guardiões das energias mágicas, não podemos permitir que nenhum ser use as energias sem freio, tudo tem um limite! E você alcançou o seu ao usar magia por inúmeros dias sem cessar.

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