Ayla
Hazel.
Sozinha.
De moletom, com o rosto vermelho de frio e uma expressão de raiva que não combinava com o rostinho dela.
E se o olhar dela pudesse me matar, eu não estaria viva pra contar essa história.
— Hazel?! — me abaixei na mesma hora, segurando os ombros dela. — O que você tá fazendo aqui?
Ela empurrou minhas mãos, se afastando.
— EU VIM TE DAR UM RECADO!
Meu coração começou a bater mais rápido.
— Você veio sozinha?
— Isso não importa! — Hazel cruzou os braços. — Eu sei que você traiu o Dylan!
Pisquei algumas vezes, tentando absorver as palavras dela.
— Como você chegou aqui? — olhei pra trás dela, mas não tinha ninguém.
Ela bufou, impaciente.
— Peguei um ônibus. Eu não sou um bebê!
Pegou um ônibus?
— Hazel, você tá doida?! — minha voz saiu mais alta do que eu queria. Fechei a porta rápido e me abaixei de novo, encarando ela nos olhos. — Você não pode sair por aí sozinha desse jeito!
— VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE FAZER ISSO COM O MEU IRMÃO!
Meu estômago despencou.
— VOCÊ TRAIU ELE! — Hazel gritou, os olhos se enchendo de lágrimas furiosas. — EU VI AS FOTOS! TODO MUNDO VIU!
Senti o sangue sumir do meu rosto.
— Hazel, escuta...
— NÃO! — Ela cruzou os braços. — EU NÃO QUERO TE ESCUTAR! O DYLAN TÁ LÁ EM CASA SEM DORMIR, SEM SAIR DO QUARTO, E VOCÊ TÁ AQUI?! COMO VOCÊ CONSEGUE?!
Ela é uma criança, Ayla.
Mas as palavras dela me acertaram como facadas.
— Alguém armou isso pra me separar dele!
— ISSO É O QUE TODO MUNDO QUE TRAI DIZ!
Aquela frase me desmontou.
Passei as mãos no rosto, sentindo a exaustão me esmagar.
— Eu não esperava que você acreditasse em mim. Mas... eu amo o Dylan. Nunca faria isso com ele.
Hazel apertou os olhos, me analisando com desconfiança.
— Então prova.
Pisquei.
— Como?
— PROVA QUE VOCÊ NÃO TRAIU ELE.
Aquela menina estava disposta a ir até o inferno por Dylan.
Eu respirei fundo, me abaixando pra ficar na altura dela.
— Eu vou provar.
Ela ergueu o queixo, limpando uma lágrima solitária com a manga do moletom.
— Melhor mesmo.
— Hazel...
— Não fala comigo até lá. Você foi a única namorada do Dylan que eu gostei.
Eu quase desabei ali mesmo.
— Eu vou provar que não fiz nada. — minha voz saiu rouca.
Ela limpou o nariz com a manga do moletom.
— Prova.
— Eu vou. Mas agora você precisa me prometer que não vai sair de casa sozinha desse jeito. Isso é perigoso!
Hazel rolou os olhos.
— Eu já disse que não sou um bebê.
— Mas você tem onze anos!
— E daí?
— E daí que o mundo tá cheio de gente ruim! — segurei o rosto dela entre as mãos. — Você podia ter sido sequestrada ou... pior.
Hazel abaixou os olhos por um instante, mas logo voltou a me encarar.
— Ninguém ia se atrever.
Eu respirei fundo, levantando.
— Meu pai vai te levar pra casa.
— Eu posso ir sozinha.
— Não pode.
Ela suspirou alto, mas não discutiu.
— O Dylan não vai te perdoar.
Fingi que não ouvi.
Mas, no fundo, eu sabia que ela podia ter razão.
.
.
.
.
Continua...
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Aquele Idiota
RomanceAyla é uma garota que enfrenta desafios que vão muito além da adolescência. Sob o mesmo teto que sua meia-irmã Sienna e seu padrasto abusivo, Marcos, ela luta diariamente para se proteger de um pesadelo que parece não ter fim. Na escola, Ayla é rotu...