Aquele Idiota 2 - 58_ O Dylan não vai te perdoar

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Ayla

Hazel.

Sozinha.

De moletom, com o rosto vermelho de frio e uma expressão de raiva que não combinava com o rostinho dela.

E se o olhar dela pudesse me matar, eu não estaria viva pra contar essa história.

— Hazel?! — me abaixei na mesma hora, segurando os ombros dela. — O que você tá fazendo aqui?

Ela empurrou minhas mãos, se afastando.

— EU VIM TE DAR UM RECADO!

Meu coração começou a bater mais rápido.

— Você veio sozinha?

— Isso não importa! — Hazel cruzou os braços. — Eu sei que você traiu o Dylan!

Pisquei algumas vezes, tentando absorver as palavras dela.

— Como você chegou aqui? — olhei pra trás dela, mas não tinha ninguém.

Ela bufou, impaciente.

— Peguei um ônibus. Eu não sou um bebê!

Pegou um ônibus?

— Hazel, você tá doida?! — minha voz saiu mais alta do que eu queria. Fechei a porta rápido e me abaixei de novo, encarando ela nos olhos. — Você não pode sair por aí sozinha desse jeito!

— VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE FAZER ISSO COM O MEU IRMÃO!

Meu estômago despencou.

— VOCÊ TRAIU ELE! — Hazel gritou, os olhos se enchendo de lágrimas furiosas. — EU VI AS FOTOS! TODO MUNDO VIU!

Senti o sangue sumir do meu rosto.

— Hazel, escuta...

— NÃO! — Ela cruzou os braços. — EU NÃO QUERO TE ESCUTAR! O DYLAN TÁ LÁ EM CASA SEM DORMIR, SEM SAIR DO QUARTO, E VOCÊ TÁ AQUI?! COMO VOCÊ CONSEGUE?!

Ela é uma criança, Ayla.

Mas as palavras dela me acertaram como facadas.

— Alguém armou isso pra me separar dele!

— ISSO É O QUE TODO MUNDO QUE TRAI DIZ!

Aquela frase me desmontou.

Passei as mãos no rosto, sentindo a exaustão me esmagar.

— Eu não esperava que você acreditasse em mim. Mas... eu amo o Dylan. Nunca faria isso com ele.

Hazel apertou os olhos, me analisando com desconfiança.

— Então prova.

Pisquei.

— Como?

— PROVA QUE VOCÊ NÃO TRAIU ELE.

Aquela menina estava disposta a ir até o inferno por Dylan.

Eu respirei fundo, me abaixando pra ficar na altura dela.

— Eu vou provar.

Ela ergueu o queixo, limpando uma lágrima solitária com a manga do moletom.

— Melhor mesmo.

— Hazel...

— Não fala comigo até lá. Você foi a única namorada do Dylan que eu gostei.

Eu quase desabei ali mesmo.

— Eu vou provar que não fiz nada. — minha voz saiu rouca.

Ela limpou o nariz com a manga do moletom.

— Prova.

— Eu vou. Mas agora você precisa me prometer que não vai sair de casa sozinha desse jeito. Isso é perigoso!

Hazel rolou os olhos.

— Eu já disse que não sou um bebê.

— Mas você tem onze anos!

— E daí?

— E daí que o mundo tá cheio de gente ruim! — segurei o rosto dela entre as mãos. — Você podia ter sido sequestrada ou... pior.

Hazel abaixou os olhos por um instante, mas logo voltou a me encarar.

— Ninguém ia se atrever.

Eu respirei fundo, levantando.

— Meu pai vai te levar pra casa.

— Eu posso ir sozinha.

— Não pode.

Ela suspirou alto, mas não discutiu.

— O Dylan não vai te perdoar.

Fingi que não ouvi.

Mas, no fundo, eu sabia que ela podia ter razão.
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Continua...

Aquele IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora