Dylan
Estava escuro. Só a luz fraca da televisão piscava na sala, mas eu nem sabia o que estava passando. Fazia horas que eu estava ali, encarando o nada, com a mente rodando como se alguém tivesse apertado "repetir" em um pesadelo.
Ayla. Na cama. Com ele.
Meu estômago revirou de novo.
— Porra... — resmunguei, apertando os olhos com as mãos.
Tudo dentro de mim gritava que aquilo não fazia sentido.
Meu celular vibrou na mesinha ao lado. Peguei, esperando que fosse alguma mensagem do Erick ou da Maevie. Mas não.
Era um número desconhecido.
"Ela já tá com outro. E você ainda acredita nela?"
Joguei o celular longe.
— Que se foda.
Eu precisava sair dali. Respirar.
Levantei do sofá, pegando a chave da moto sem nem saber pra onde eu iria. Talvez só dirigir. Não queria falar com ninguém.
Mas dei de cara com Hazel.
— Hazel? — franzi o cenho, abaixando-me.
Ela cruzou os braços, o rosto vermelho e inchado.
— Eu... eu não acredito que a Ayla fez isso com você...Você não lembra o que aconteceu da outra vez? Com a Maevie? Ela fez a MESMA coisa!
— Não. — Apertei o maxilar. — Não é a mesma coisa.
— É sim! — Hazel chorava, furiosa. — E eu não quero te ver sofrendo de novo. Eu ODEIO quando você fica assim.
Passei as mãos nos cabelos, tentando segurar as lágrimas. Eu não queria que ela me visse daquele jeito.
— Vem cá. — puxei Hazel pra dentro, fechando a porta atrás de nós.
Ela abraçou minha cintura, e eu senti o quanto ela estava tremendo.
— Eu só quero que você fique bem. — sussurrou contra meu peito.
— Eu sei, Hazel.
Eu também queria.
Mas eu não tinha certeza de mais nada.
(...)
Eu não sabia quanto tempo fazia desde que Hazel adormeceu num sofá. Talvez horas, talvez minutos, mas eu continuei ali, sentada no chão, encarando o teto, como se aquilo fosse mudar alguma coisa.
Tudo estava queimado na minha mente. Minha mão tremia. Eu apertei os punhos até as unhas cravarem na pele, mas não importava quanto eu tentasse. A raiva continuava. A porra do Theo. Eu juro pro Deus que quando eu encontrar aquele desgraçado, ele vai sair morto.
— Eu vou matar ele. — A voz saiu baixa, mas firme.
E eu sabia que era verdade.
(...)
— Acha mesmo que vai resolver isso na porrada?
A voz do Erick me puxou de volta.
Eu estava com ele, Pedro e Maycon, mas minha mente continuava longe.
— Não vou só bater, Erick. — Apoiei os cotovelos na mesa, girando o copo se whisky nos dedos. — Eu vou enterrar aquele filho da pura.
Erick me olhou de lado.
— Olha, cara... eu entendo. De verdade. Mas não vale a pena sujar as mãos por um mercado desses.
— É. — Pedro concordou. — Melhor deixar a vida se encarregar.
— A vida? — Soltei uma risada amarga. — Eu não sou tão paciente assim.
Maycon balançou a cabeça, dando um gole.
— O que você vai ganhar com isso, Dylan? Não vai mudar o que aconteceu.
— Foda-se, porra. Eu vou matar aquele filho da puta.
Eu não estava brincando.
— Você precisa sair dessa, irmão. — Erick falou. — Esquece a Ayla. Esquece o Theo.
Pedro sorriu.
— É. E a melhor maneira se esquecer alguém...
— É pegando outra pessoa. — Maycon completou.
Eu não respondi.
A ideia parecia Idiota.
Mas ao mesmo tempo, eu não aguentava mais sentir aquele buraco no peito.
— Vamos pra festa amanhã. — Erick insistiu. — As garotas te acham gostoso, Dylan.
Pedro riu.
— Acham mesmo.
— Não tô com cabeça pra essa merda.
— É por isso que você tem que ir. — Maycon disse, sério. — A Ayla tá te destruindo, Dylan. Olha pra você.
Erick assentiu.
— Vamos, cara!
Talvez? Ficar parado aqui só estava me matando aos poucos.
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Continua...
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Aquele Idiota
RomanceAyla é uma garota que enfrenta desafios que vão muito além da adolescência. Sob o mesmo teto que sua meia-irmã Sienna e seu padrasto abusivo, Marcos, ela luta diariamente para se proteger de um pesadelo que parece não ter fim. Na escola, Ayla é rotu...