Aquele Idiota 2 - 59_ Você que pensa

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Ayla

— Eu não vou voltar pra faculdade. — Cruzei os braços, afundando ainda mais no sofá.

Maevie trocou um olhar rápido com Sabrina, mas nenhuma das duas discordou.

— Você não pode ficar se escondendo pra sempre, Ayla. — Maevie tentou manter o tom leve, mas até ela parecia exausta. — As fotos já foram apagadas.

— Mas TODO MUNDO já viu. — minha voz saiu baixa, mas cheia de amargura. — Eu tava nua, Maevie. NUA com o Theo.

Sabrina suspirou, se sentando na beira do sofá.

— Eu acredito em você. Sei que não fez nada.

— Eu também. — Maevie assentiu, mas havia uma hesitação nos olhos dela.

Eu sabia o que ela estava pensando.

— Mas o Dylan não. — completei.

O silêncio que veio depois foi ensurdecedor.

— Ele tá destruído, Ayla. — a voz de Mirella ecoou da porta da sala, fria como gelo.

Ela nem olhou pra mim quando entrou. Se jogou na poltrona com os braços cruzados, como se nem quisesse estar ali.

— Mirella... — Sabrina começou, mas ela ergueu a mão, cortando a amiga.

— Não, Sabrina. Deixa eu falar.

Minha garganta apertou.

— Eu já sei o que você vai dizer.

Mirella riu de forma amarga, inclinando-se na cadeira com os olhos cravados em mim.

— Sabe, né? Então me diz. Como é ver o cara que te ama passando pelo MESMO INFERNO pela segunda vez?

A dor bateu no peito como um soco.

— Eu não fiz isso. — sussurrei.

— É mesmo? — Mirella se inclinou para frente. — Então explica por que o Dylan tá se trancando em casa, sem comer, sem falar com ninguém, enquanto o nome dele tá na boca de TODO MUNDO na faculdade.

— Mirella... — Maevie tentou, mas ela ignorou.

— Ele SE ABRIU pra você, Ayla. Contou o quanto aquilo destruiu ele. E você foi lá e... — Ela parou, rindo sem humor. — Que coincidência, né?

Meu coração disparou, e as lágrimas ameaçaram voltar.

— VOCÊ ACHA QUE EU FARIA ISSO COM ELE? — gritei, me levantando.

— Eu não sei mais o que pensar. — Mirella se levantou também. — Mas sei que meu melhor amigo tá quebrado, e a culpa é SUA.

— Mirella, chega. — Maevie interveio, se colocando entre nós duas. — Todo mundo tá nervoso.

Eu respirei fundo, tentando me controlar, mas não deu. Peguei minha bolsa e fui em direção à porta.

— Aonde você vai? — Sabrina perguntou, preocupada.

— Resolver isso.

(...)

A casa da minha mãe parecia ainda mais sufocante do que eu lembrava.

Bati na porta com força, o peito subindo e descendo rapidamente.

Demorou um tempo, mas finalmente a porta se abriu.

— O que você tá fazendo aqui? — Sienna franziu o cenho, bloqueando a entrada.

O sangue ferveu nas minhas veias.

— Cadê a mãe?

— Não te interessa. — Ela tentou fechar a porta, mas segurei com força, empurrando-a para dentro.

— AYLA!

A porta bateu na parede, e eu entrei, me aproximando dela.

— POR QUE VOCÊ FEZ ISSO?!— avancei, sem nem pensar.

— Do que você tá falando, sua maluca?

— DAS FOTOS, SIENNA! DE TUDO!

Ela riu.

— Tá paranoica.

— NÃO MENTE PRA MIM! — empurrei ela contra a parede. — VOCÊ ARMO...

— Ayla! — A voz fria e calma cortou o ar.

Eu congelei.

Clara estava ali, saindo do corredor com os braços cruzados e um sorrisinho satisfeito nos lábios.

Ela se aproximou lentamente, puxando meu braço com força até me afastar de Sienna.

— Não adianta gritar. — Clara sussurrou, seu rosto próximo ao meu. — Você já sabe que foi a gente.

Meu estômago revirou.

— Por quê?

— Porque você destruiu minha vida. — Sienna cuspiu as palavras.

— Agora o Dylan nunca vai acreditar em você. — Clara falou rindo.

— Você que pensa. — E sai daquela casa imunda.
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Continua...

Aquele IdiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora