Prólogo - Cinco minutos no paraíso

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- Você o beijou?

- Sim, já lhe disse!

- Então você já beijou três garotos! – disse Kara pondo as mãos sobre a boca para tapar a risada, não que isso fosse engraçado, mas realmente ficava feliz pela amiga, Leonard Hill era um garoto bem bonito.

- E você só dois! Teremos de achar mais um menino bonito para você.

- Mary, as coisas não são assim, estamos falando de beijos, não de partidas de damas.

- Eu sei, mas temos um trato, lembra?

- Sempre juntas.

- Exato! E se eu consegui meu terceiro beijo, está na hora de você ter o seu também.

**

Mary e Kara sempre estiveram juntas. Desde o primeiro dia de aula do primeiro ano do colégio. Foi assim, plim, elas instantaneamente se tornaram melhores amigas. Kara era a segunda filha de uma importante família da cidade. Porém, apesar de todo o poder e influência de sua família, Kara era a pessoa mais doce que Mary já conheceu. Tanto que para Mary o nome da amiga lembrava a palavra carisma.

O Colégio Santa Tereza, em tantos anos de tradição, nunca tinha tido uma turma tão instigante como aquela. Alunas brilhantes na sala de aula e incontroláveis fora dela. Este grupo era composto por dezoito meninas em pleno o bombardeio hormonal dos quinze anos.

Kara LaDonne e Mary-Claire pareciam ser as lideres da turma. Não que elas se considerassem como tais, mas suas atitudes eram regulamente seguidas pelas outras. E quando Kara deu seu primeiro beijo em um garoto, Mary se viu na obrigação de beijar alguém. E, conseqüentemente, toda a classe também. Essa era a nova moda em que a turma se encontrava.

Kara pertencia à influente família LaDonne. E sua aparência doce e plácida podia esconder muito bem as idéias mirabolantes que surgiam em sua cabeça de vez em quando. Ela era a cabeça do grupo, e era impressionante para todos como ela conseguia bolar tantas travessuras sem abandonar sua habitual meiguice.

Já Mary era impossível, e isso estava bastante explicito. O brilho dos seus olhos, a cor do seu cabelo, em todos os detalhes era possível notar a energia de Mary-Claire. Ela era as mãos que iam à obra toda vez que Kara LaDonne tinha uma de suas ideias.

Parecia ser o arranjo perfeito.

Até que Mary resolveu inverter a ordem lógica dos fatos.

- O que está vendo, Mary? – perguntou Kara ao perceber que a atenção de sua amiga não estava mais posta na conversa.

- Estou planejando o seu próximo beijo – disse a menina enquanto corria para a pequena janela do sótão onde estavam escondidas. – É um garoto bonito, com certeza você vai gostar.

- Não quero que meu terceiro beijo seja assim tão superficial.

- Os seus primeiro e segundo foram – disse Mary enquanto sua vista ainda seguia os passos do menino lá fora.

- Admiro sua sinceridade – falou Kara em um tom que mais lembrava reprovação do que admiração em si. – Espero que tenha sido sincera assim ao dizer que o garoto é bonito.

- Oh, é claro que sim! – exclamou enquanto ficava na ponta do pé para obter uma melhor visão. – Ele tem uns brilhosos cabelos escuros e é bastante alto, sei como você gosta de garotos altos, e, além disso, ele parece ter olhos verdes.

- Não sei se será uma boa ide...

- Espere! Acho que ele está olhando para cá! Vou chamá-lo – dizia Mary em estado de hiperatividade movendo as mãos em todas as direções possíveis.

ParaísoWhere stories live. Discover now