013 - Uma visão de abalar as estruturas

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Já fazia mais ou menos meia hora que Mary e a Madre vagavam pelas estradas da serra em busca da aluna LaDonne.

Gwen Ladonne. Que não deveria ser confundida com Kara LaDonne, que já tinha concluído sua formação no Colégio Santa Tereza, e tampouco podia ser confundida com Juliet LaDonne, que não passava de uma criança, mas, devido ao histórico de travessuras, era mais crível se fosse a ela a desaparecida, não Gwen.

Mary e a Madre estavam muito preocupadas, logo, o percurso transcorria em silêncio. Isso era ótimo para a Noviça, pois assim conseguia pensar com claridade. Ou pelo não com tanta nebulosidade quanto se ela tivesse que conduzir uma conversa enquanto vasculhava a sua mente em busca de informações.

Sabia que tinha visto Gwen muitas vezes nesses últimos dias, muitas das vezes em situações esquisitas, ou, sendo mais sincera consigo mesma, em situações suspeitas.

Mas de maneira nenhuma conseguia se lembrar de alguma informação que fosse útil para achar a menina agora. E lógico, ficava difícil pensar em qualquer outra pessoa quando se tinha Thed na cabeça em tempo integral.

Porém, valia lembrar que a fugitiva da vez era irmã de sua melhor amiga. Isso poderia servir de incentivo.

Kara LaDonne poderia não estar mais tão presente em sua vida, mas com certeza em seu coração permanecia firme e forte, como sempre esteve. Sabia que com Kara acontecia o mesmo, sempre recebia recados e convite para passar seus raros dias de folga na casa da família LaDonne, onde tinha passado todas as suas férias de verão na época do colégio.

Pensar em sua queridíssima amiga Kara era de longe muito menos angustiante do que pensar em Thed, e em suas mãos que hoje tocaram nela mais do que qualquer outra durante os últimos cinco anos.

E lá estava ela, pensando nele de novo... Será que sua cabeça estava mesmo ficando sem juízo conforme a Madre sempre a falou? Será que a oração do dia anterior já não tinha bastado? Quando nem ao menos na hora que saiu da Capela depois de suas preces para não pensar mais nele, conseguiu parar de pensar? Nem mesmo quando naquele mesmo dia pegou a van do colégio para dirigir por aí e viu coisas incríveis como: um esquilo carregando duas nozes de uma vez só e Gwen LaDonne andando de forma tranqüila, achando que enganava alguém, numa parte quase inabitável da serra, onde só existia vegetação, um velho cata-vento caindo aos pedaços e uma cabana igualmente decrépita entre outras ironias da natureza...

E aí estava sua resposta, às vezes pensar em Thed enquanto dirigia tinha suas vantagens.

Enfim descobriu uma bela pista de onde poderia estar Gwen, essa cabana deteriorada não era longe de onde estava, na verdade, era bem ali mesmo pela serra, talvez um pouco mais para cime, ou um pouco mais para baixo. O que importava é que se quisesse chegava lá em poucos minutos.

Principalmente se fosse dirigindo a 400 km por hora.

Mas como a Madre era uma senhora muito estrita também em questões de regras de trânsito, o trajeto foi feito em um pouco mais de quarenta minutos.

Assim que chegou lá, Mary saiu impaciente do carro rezando para todos os anjos – apesar de saber que devido aos seus pensamentos pecaminosos, estava em falta com eles – para que Gwen realmente estivesse ali.

- Oh Mary, não seja tola, acha mesmo que a encontraremos em um lugar como esse?

- Tenho uma grande convicção que sim.

- Deveria conferir antes de estar convicta.

- Então conferiremos. Ou confiro eu sozinha, como a senhora preferir – disse Mary sem conseguir conter sua apreensão diante da possibilidade de estar errada.

A Madre parecia muito perplexa com o lugar que a noviça estava entrando, ou melhor, invadindo. Era bem provável que agora estivesse sendo taxada de maluca pela Madre, mas sabia que se por um acaso a aluna LaDonne realmente estivesse ali, a Madre deixaria de ficar tão reticente em relação a seu comportamento.

E talvez ela pudesse ser perdoada por todas as vezes em que rolou na grama, com esse incentivo ela entrou no recinto assustador logo de uma vez.

Só lhe bastou poucos passos através do pequeno cômodo para entrar e consegui ver Gwen e...

- Jesus Misericordioso!

Ela estava com um homem.

Na cama.

E quase nu.

Mary, por instinto, começou a fazer o sinal da cruz e murmurar súplicas aos céus irrefreavelmente. Mas nessas súplicas Mary não eram para pedir perdão por Gwen e o seu homem da cama, como de fato deveria ser feito, Mary implorava perdão para si mesma e principalmente pela sua imaginação que instantaneamente começou a trabalhar de maneira sórdida ao se deparar com aquela cena.

Ela e Thed.

Na cama.

Quase nus.

Jesus Misericordioso!

Não era possível que depois de cinco anos de regime religioso sua mente voltaria a ter a mesma vulgaridade de sempre.

Segundos depois, a Madre chegou. Mas Mary estava tão transtornada em seus pensamentos que nem ao menos conseguiu prestar atenção nas palavras de repreensão da sábia mulher, nem nas respostas truncadas que Gwen e o homem quase nu arriscavam dar. Sua mão se retorcia em nós complicados enquanto sua cabeça não parava de criar cenas de intimidades e saliências parecidas com a que tinha acabado de ver, apenas com uma significante mudança de protagonistas.

E quando ela falava sua cabeça estava sendo simplória, pois tudo aquilo parecia estar acontecendo por todo seu corpo.

Era vergonhoso.

Se pudesse achar o lado bom de toda essa situação – o que era uma tarefa muito difícil – diria que sua sorte era que a Madre estava tão envolvida em insultar o moço quase nu que não conseguia ouvir as batidas descompassadas do coração de Mary, que de tão altas, com certeza poderiam ser ouvidas por todo o cômodo.

Mary se negava a acreditar que Theodore Hopkins com um simples toque em seu cabelo era capaz de evocar tais reações. Não era possível que, pela segunda vez em sua vida, ele estivesse tomando conta de seu corpo, e de seu coração.

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Pequeno, mas com emoção, não é mesmo? Espero que tenha sido do gosto de vocês! Eu sei que me matou um pouco (só um pouco bem pouco mesmo) de Gwen & Justin (ou Gustin, pros shippers).

E de quebra tem Mary sendo louca, como a gente sempre soube que era. Torço mesmo pra que seja do gosto de vocês.

Enfim! Meu filme pra me formar ganhou um prazo novo, o que muito me alivia! Agora eu posso fazer outras coisas além de escrever ele (ainda que meu foco principal tenha que ficar nele). E uma dessas coisas eu posto por aqui quando tiver pronta. Eu tenho tanta coisa que eu quero postar aqui que eu nem SEI o que eu vou conseguir fazer pra postar primeiro. Mas tudo bem, né?

Coloquei uma estrela dourada BEM GRANDONA na porta da minha casa em virtude do Natal. E, óbvio, em virtude de todas as estrelinhas que tivemos aqui até agora e que tão agradecida estou! <3

Tô aceitando mais, ok? Pode mandar com a convicção de que vai fazer meu Natal mais feliz e meu coração mais saltitante.

Beijos de estrelas piscantes (referência de pisca-pisca natalino)*** 


ParaísoWhere stories live. Discover now