05 - A beleza que os números nunca tiveram

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Não há quem possa manter segurança diante de uma pergunta tão direta. Muito menos um pobre coitado como Theodore, que foi obrigado a sair de sua incomoda mudez para responder uma pergunta mais incomoda ainda.

- Estava tentando entender como você faz no caderno, você sabe, com os números.

Ela olhou do caderno de volta para os olhos dele, e seu coração se encheu de culpa. Fazer o trabalho dele não o ajudaria tanto quanto esperava. E se sentia uma má pessoa por isso, um tanto egoísta. Isso não era, sob nenhuma circunstancia, atitude de uma quase freira. Por sorte, Theodore, como boa pessoa que era, lhe indicou o erro a tempo de ser consertado.

Sendo assim, Mary não viu outra opção a não ser mudar a linha de ação. Imediatamente.

- Eu posso te ensinar como funciona. – disse ela com a voz melodiosa.

- Obrigado – disse Thed e parecia verdadeiramente agradecido. – Mas não garanto que eu vou aprender.

- Claro que vai – disse ela sorrindo. – Já disse que vou lhe ensinar.

Com aquele sorriso de solidariedade, que quase iluminou toda a sala, Thed se viu compelido a aceitar a ajuda e realmente se empenhar em tentar prestar atenção nas instruções que a freira, ou noviça, que seja, dava.

- Todos esses papeis aqui eu divido em duas pilhas: uma de despesas e outra de lucros. – ela dizia enquanto passava a mão por uma imensa pilha de papeis. – Feito isso, anotamos as despesas com caneta vermelha e os lucros com caneta verde. E finalmente, quando anotarmos tudo de certa data, podemos calcular!

- A senhorita fala como se fosse uma grande sorte poder calcular depois de todo esse processo – disse Thed achando aquela reação dela com os números era no mínimo muito curiosa.

- Mas é! Afinal de contas, depois de calcular podemos virar a página e passar para outra data.

Thed pensou em informá-la que ela estava vendo a mudança de data como outro prêmio. Mas talvez ela tivesse outra explicação convincente para isso, e com certeza seria grosseiro de sua parte dizer o que pensa sobre isso. Resolveu mudar de assunto.

- Vamos checar toda essa pilha hoje? – perguntou Thed, com um verdadeiro medo da resposta.

- Pelo amor de Santa Tereza! Claro que não!

- Menos mal – disse ele visivelmente aliviado.

- O senhor acha tão ruim assim trabalhar? – perguntou a noviça com visível interesse.

- Não! Desculpe, não é isso, é que... Bem, essa é uma pilha colossal.

- Sim, porém quanto mais trabalharmos nessa pilha colossal, mais rápido podemos vê-la diminuir de tamanho.

- A senhorita estar certa, dona fre...Noviça, mas não sei se depois desse trabalho terei outro.

E por que não? Foi a primeira pergunta que pulou na mente de Mary, porém, sabia seria um atrevimento de sua parte fazer uma pergunta tão intima. Ele nem a conhecia, quer dizer, ele nem lembrava que a conhecia, não é mesmo?

E apesar de estar morrendo de curiosidade, sabia que o melhor era não se adentrar muito no assunto, não se sensibilizar por aqueles olhos desanimados e tentar ver as coisas pelo lado bom.

- Não temos como saber dos seus trabalhos futuros se não concluirmos o presente, não é mesmo?

- Sim, mas antes me tire uma duvida, a caneta vermelha é para os gastos e para os lucros é qual mesmo?

- Verde. E para o resultado das contas uso a azul. – disse a Noviça Mary bem entusiasmada. – Assim podemos ter um panorama geral melhor diagramado e organizado, não acha?

- Acho que se você errar uma vez na cor dessas canetas, seu panorama vai ser descartado.

- Não vou errar – disse ela com extrema convicção. Nem parecia mais aquela pessoa praticamente muda que ele tinha conhecido.

- Não pode prever o futuro – disse Thed com a mesma convicção que ela.

- Mas posso contar com você me supervisionando e me corrigindo caso eu pegue a caneta errada, certo? – disse a noviça com um sorriso misterioso, ou que, pelo menos Thed não conseguiu decifrar.

Tudo que ele pode fazer foi assentir a em resposta a ela.

- Então... Não vou errar – concluiu Mary.

E foi assim que eles de fato viraram "companheiros de trabalho", com todo o significado que a palavra pode proporcionar. Mary sentiu como se tivesse ganhado uma batalha, quando na verdade só tinha ganhado um novo brilho no olhar de Theodore. Essa foi sua boa ação do dia.

Era tão bom fazer o bem...

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Outro participante do clube de capítulos mínimos, DESCULPA! Minha ideia inicial era grudar essa capítulo no próximo, porém, o próximo é GIGANTE! Dá quase quatro desse e nesse pós-Halloween eu não tenho a mínima CONDIÇÃO de fazer isso. Mas amanhã é um novo dia, não é mesmo? E mais que isso: FERIADO! Eu não trabalho! Já contei pra vocês que eu estou trabalhando agora em dois lugares e que é POR ISSO que eu tô toda louca com as postagens aqui? Pois é. Mas, se houverem estrelas suficientes brilhando por aqui, eu vou me esforçar pra revisar o capítulo todinho e postar amanhã também? QUE TAL? Qual é o parecer de vocês sobre isso? Aguardando ansiosamente as opiniões, sobre o capítulo também!

Enfim, pequenos avisos:
1) A editora do "PELA JANELA INDISCRETA", meu livro de papel, é tão FOFA que eles estão fazendo um sorteio de um laptop entre todo mundo que comprar o livro pelo site deles até dia 20/12. DÁ PRA ACREDITAR???? Então, pra quem, por um acaso, queira um PJI de Natal, querer um livro e um laptop me parece uma boa ideia! A página do livro no site é essa: e o regulamento da promoção é esse:

Qualquer dúvida sobre a promoção é só me perguntar!

2) O pessoal que me perguntou sobre palestra em escolas: eu amo palestrar em escolas, ok? Se você mora no Rio ou proximidades e quer que eu palestre na sua, eu acho que é só ver com a sua escola se eu posso que eu vou com o maior prazer! Ainda levo mais um amiguinha escritora (Clara Savelli) que sempre embarca nessas aventuras comigo.

3) Estrelaaaaas (estrellas, stars, étoiles) porque eu tô com MUITA VONTADE de postar aqui amanhã de novo e voltarmos a ter aquele papo constante que a gente tinha nas boas épocas de "INVISÍVEL"

Beijos com vocês sabem o quê. Que brilham no céu escuro!

ParaísoWhere stories live. Discover now