Cap 5

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Julie

Estou confusa, chorando e perdida em meus pensamentos. Joe está olhando pra mim sem saber o que fazer. Estou com tanta raiva de mim mesma, fui tola. Não era para ser assim. Eu me esqueci do meu propósito por horas nesse restaurante e me deixei levar como aquela garota boba que eu fui um dia. Ele quase me beijou e nem precisou pedir nada. Mas talvez seja a hora certa de usar isso para ver se alivio todo esse ódio que senti dele por tantos anos.

- Para de chorar, por favor, Julie. Diz o que fiz de errado e assim talvez possa consertar. Você quer me dar um tapa na cara, é isso? Se for, pode dar, me bate, me xinga, faz qualquer coisa, mas, por favor, não chora. Eu não aguento ver você chorando. - ele tenta enxugar minhas lágrimas, mas eu me afasto. Vejo a tristeza em seus olhos quando faço isso, mas não deixo me abater.

- Se você quiser me beijar de novo, vai ter que implorar.

Saio correndo, antes que ela possa me alcançar, pois fica acertando a conta do restaurante. Entro em um táxi e vou embora.

Não consigo me controlar e choro dentro do carro. O motorista olha preocupado, mas não diz nada. Quando chego em casa, meu celular começa a tocar. Não atendo e depois desligo.

Eu não estava preparada para voltar e estraguei tudo. Amanhã vou ter que encarar Joe e não sei como vai ser. Nessas horas sinto mais raiva da minha mãe. Se ela estivesse aqui, poderia me dizer o que fazer. Mais ela não está e percebo que não estou preparada para encarar minha família ainda. Preciso resolver a história com Joe e depois seguir em frente.

Me pergunto se vou sobreviver a tudo isso.

Acabado chorando a noite toda como não fazia a muito tempo. E quando amanhece o dia, estou com a cara péssima. Exagero na maquiagem pra esconder as olheiras e vou para o trabalho. Quando chego na rua, vejo um carro com o logo da empresa me esperando e fico aliviada por não ter que pegar ônibus e porque talvez não tenha estragado tudo. Talvez Joe não esteja tão bravo como eu pensava e não me demita hoje.

Quando chego na empresa, Norma diz que Joe vai chegar em breve e pediu que eu aguardasse na sala.

Minhas mãos estão suadas apesar do ar condicionado. Fico esperando para ser demitida. Quando Joe entra na sala, não me cumprimenta. Senta em sua mesa como se eu não estivesse ali. Faz algumas ligações. Depois se levanta e, sem olhar pra mim, diz:

- Senhorita Orner, hoje teremos uma reunião na sala 10. Descubra onde é e esteja lá em dez minutos. E, por favor, não esqueça da agenda.

Sem falar mais nada, sai e me deixa sozinha e muito magoada. Também, o que eu esperava? Rosas e champanhe? Claro que não. Agora sim tenho um patrão de verdade e ele não está para brincadeira.

Pego a agenda e corro para perguntar a Norma onde é a sala 10. Ela me diz e depois saio quem nem louca, pois descubro que a sala fica em outro andar e só tenho mais três minutos. Acabo tirando o sapatos que, justo hoje, são de salto.

Quando avisto a sala dez, olho no relógio e vejo que estou dois minutos atrasada. Então abro a porta correndo e dou de cara com umas vinte pessoas me encarando.

Estou toda descabelada e com os sapatos na mão.

- Senhores, perdoem minha assistente que está atrasada para essa reunião. Vamos aguardar enquanto ela se recompõe e vamos dar início. - Joe anuncia para todos.

Eu mato ele.

Me sento, calço os sapatos e abro a agenda.

- Dando início a essa reunião, gostaria que cada um se apresentasse, já que minha nova assistente ainda não conhece vocês e depois podem expor sobre as franquias que vocês apoiam esse mês. Quero uma apresentação clara e rápida. Julie, você vai anotar pra mim o nome de todos e, por tópicos, os princípios básicos que cada um expor. - Joe diz se dirigindo a mim.

Então eu fico duas horas sentada escrevendo, escrevendo e escrevendo, até não aguentar mais. Quando o último termina, respiro aliviada. Então aguardo ordens, enquanto todos se levantam e saem, deixando só nós dois na sala.

- Quero que você digite tudo isso e coloque impresso na minha mesa antes de acabar o expediente. Você pode utilizar o computador reserva que está na minha sala. - ele diz, com toda a calma do mundo, e percebo que se diverte me escravizando. Já não estou aguentando meus dedos e ainda tenho que digitar tudo.

Não contenho minha raiva.

- Senhor Hesgher, está me punindo por não ter me beijado? – digo, o encarando.

- Não, senhorita Orner. Não preciso punir ninguém. Tenho mulheres de sobra que esperam por beijos meus. E também, se quisesse, te beijaria aqui, agora, e você cederia. - ele diz, se aproximando de mim, ficando bem perto da minha boca. Posso sentir sua respiração ofegante.

- Você está muito enganado. Se quiser me beijar, vai ter que implorar.

- Acontece que não estou mais a fim de te beijar. – ele se afasta e sai da sala.

Que ódio, não é possível que os papéis tenham se invertido e ele esteja rindo de mim agora. Tenho a impressão de que meu plano não vai dar certo e que vou ter que mudar de tática.

O doce sabor da vingança  ( degustação) Where stories live. Discover now