Cap 8

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Joe

Eu devo ter enlouquecido de vez. Levar uma mulher para jantar e ter a certeza de que não vou transar com ela depois. Isso é muito grave. E o mais assustador é que estou tão feliz que pareço uma criança. Levo Julie para jantar no Fasano. Ela parece encantada com tudo. Como não conhece o local, acabo escolhendo o que vamos comer.

- Nossa, é muito chique esse lugar, você vem sempre aqui?

- Às vezes, mas com uma mulher como você, nunca.

- Como eu em que sentindo? - ela pergunta, curiosa. E tenho vontade de beijá-la ali mesmo.

- Alguém importante pra mim. Não uma mulher de uma noite apenas.

- Então, a partir de hoje, esse vai ser meu restaurante favorito. Claro que só vou vir com você, porque sozinha nunca teria condições de pagar a conta.

- Eu nunca deixaria você vir aqui sozinha. Nunca. – digo, pegando suas mãos. Reparo então em algumas cicatrizes em seus pulsos e minha respiração para.

- Julie, que é isso? Você tentou se matar alguma vez? – pergunto, desesperado. Julie fica branca.

- Não, sim, é... - ela tenta se explicar. - Na verdade, eu me cortava quando pensava que não conseguiria mais viver. Mas nunca tive coragem de cortar o suficiente. Sempre fui fraca, até nisso. - ela diz e lágrimas enchem seus olhos.

Me levanto e a abraço no meio do restaurante. Suas lágrimas rolam pelo seu rosto e beijo cada uma delas.

- Você não é fraca, meu anjo. Você é a mulher mais forte que já conheci na vida. Entendeu? Nunca mais repita isso. Fracos fomos todos nós que a fizemos sofrer.

- Me desculpe, eu sempre acabo chorando e pedindo desculpas, você percebeu?

- Na verdade, você sempre acaba fazendo com que te admire cada vez mais. Você sofre principalmente por causa dos seus pais, não é, Julie? Você sabe onde eles estão?

- Sei, mas não tive coragem de ir vê-los ainda. Será que você podia um dia desses me levar? Eu não quero conversar com eles ainda, só ver de longe, saber como vivem.

- Claro, o que você quiser. Quero te perguntar algo também. Esse fim de semana é aniversário do meu pai. Eu não tenho como fugir, vou para o Rio de Janeiro no sábado e já volto no domingo. Você não quer me acompanhar? É terrível quanto tenho que ir lá, mas você vai aliviar um pouco as coisas.

- Não sei se é uma boa ideia. Eu pensei em não falar para as pessoas sobre nós ainda. É tudo tão novo, nem sei o que somos.

- Podemos dizer, por enquanto, que somos amigos. Ninguém vai acreditar que tenho amiga, vão pensar o que sempre pensam, que estou pegando você. Se você não se importar...

- Não me importo com o que pensam, não podem ter certeza por enquanto. Também tem o trabalho, eu como sua assistente, isso não vai pegar bem para o meu lado. - ela diz, achando graça.

- Precisamos ser mais discretos então.

Tem as revistas de fofocas, vivem falando de mim, se é que já não tiraram alguma fotografia minha com Julie. Mas não falo isso a ela, para não perturbar mais.

- O problema é que você está sempre me agarrando, precisa se controlar mais.

- Mais? Se eu não fosse controlado, já teria transado com você aqui mesmo.

- Meu Deus, que horror, você só pensa nisso.

- Nossa, desse jeito você me faz parecer um pervertido.

O doce sabor da vingança  ( degustação) Where stories live. Discover now