Cap 9

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Julie

Joe continua o babaca que sempre foi. A diferença é que agora é um babaca lindo de morrer. E eu continuo a idiota de sempre, caindo na lábia dele.

O que passou pela minha cabeça? Trinta, eu disse trinta. Se ele já pensava que eu me vendia para conseguir trabalhos, agora deve estar pensando que sou a maior vadia do mundo. Com certeza está pensando que vou para o Rio de Janeiro dormir com ele. Vai vir com aquela conversinha, flores e blábláblá. Mas nem que eu tenha que me amarrar no pé da cama, fazer macumba ou virar freira. Nada nesse mundo vai fazer com que eu vá para cama com ele.

Deve ser por toda essa pressão que estou chegando no aeroporto e me comportando como uma louca. Já comi dois lanches enormes, não achei minha mala na esteira (detalhe: ela é amarela com bolinhas brancas e o desenho dos minions. Só para constar, eu nunca compraria uma mala dessas, foi presente da Clarice), precisei da ajuda dos guardas para encontrá-la e agora não consigo encontrar o carro que veio me buscar.

Decido ligar para o Joe. Preciso descontar minha raiva em alguém.

- Oi, meu amor. - ele diz quando atende o telefone.

- Não sou seu amor, não sou nada sua. Cadê a droga do carro que está me esperando? - não tem nada de amigável no meu tom de voz.

- Também senti muito sua falta. - ele ironiza. Que ódio, eu quero que ele fique bravo, estou com raiva. - Eu sei que você está com muita pressa para me ver. Então me diga onde você está que meu motorista vai te encontrar.

- Eu sei que o seu ego não pode suportar a verdade, mas mesmo assim vou dizer: eu não estou com saudade, eu ODEIO você! Nem se você fosse o último homem do mundo! Eu ia preferir a morte!

- Não, baby, você ia implorar para eu te tocar. E não vai ser porque eu sou o último homem da terra. Vai ser ainda hoje.

- Pode sonhar, sempre é ótimo sonhar. Isso ninguém pode tirar de você. – digo, usando suas palavras.

Demoro uns dez minutos explicando onde estou. Completamente perdida e com meu senso de direção aguçado, quase foi uma tarefa impossível.

- Está certo, já entendi. - ele diz. - Fica quietinha aí, sentada em um banco, que o motorista vai te encontrar.

- Eu não sou criança para ficar aqui sentada quieta.

- Ah, de criança você não tem nada. - ele zomba de mim e acrescenta: - Julie, escolha bem a lingerie que vai usar hoje.

- O quê? Por que está dizendo isso?

- Porque eu vou ver. - ele diz, e desliga o telefone na minha cara.

Não é possível. Algo está errado com esse homem. Será que ninguém nunca disse "não" a ele? Serei a primeira, e que Deus me ajude porque não vai ser nada fácil.

Depois de alguns minutos, o motorista me encontra e vamos embora. Quando chegamos em frente ao prédio que Joe está, fico sem ar com a vista. O prédio fica em Copacabana, de frente para o mar. Joe está me esperando na frente, vestindo somente uma bermuda. É a visão de um deus grego. Seu corpo musculoso, bronzeado do sol, e os cabelos despenteados pelo vento. Acho que começamos uma guerra e ele vai usar todas as armas para me conquistar. Preciso comprar uma corda urgente, porque com certeza a opção de me amarrar ao pé da cama é a mais viável.

- Oi, Julie. - ele cumprimenta e me abraça. Tento me afastar, mas seus braços me prendem mais do que o necessário.

- Oi, Joe. Pode me soltar agora?

- Que foi? Está com medo de não resistir?

- Não, não tenho medo. Teria se você fosse um assassino. Você é? Por que tenho que ter medo de você?

- Não sei, talvez porque você está tremendo nos meus braços, suando frio e muito vermelha. - seu sorriso, quando diz isso, é o mais sexy que pode existir.

- Vamos parar de enrolação e me diga onde vou ficar. Não vamos ficar no mesmo apartamento.

- No mesmo apartamento não, na mesma cama sim.

- Qual é, Joe? Estou a trabalho, não estou? Então me trate como seus funcionários e me dê trabalhos para fazer. Do contrário, estou indo embora agora.

- Está certo. Seu trabalho hoje é me fazer companhia. Vai se trocar, vamos dar um mergulho e aproveitar o sol. Prometo que não toco mais você.

- Não sei se é uma boa ideia. Acho que estamos misturando as coisas. Eu trabalho para você e ponto. É só isso. Se você não puder aceitar, estou me demitindo. – digo, tentando parecer firme, mas não sei se soam muito convincentes minhas palavras.

- Você não larga a armadura, né, Julie? Até quando vai ficar se fechando para o mundo? Mas tudo bem, você quer assim. Pegue a chave do apartamento que aluguei para você. É do lado do meu. Se troque e desça com o laptop. Hoje eu quero trabalhar sentado na areia olhando o mar, e isso você tem que fazer.

- Certo. – digo, chocada. Ele alugou um apartamento só para mim. Isso deve ter custado uma fortuna. Ele podia ter me deixado em um hotel. Depois, ele quer trabalhar na praia. Como alguém consegue trabalhar na praia? É o que vou descobrir.

O doce sabor da vingança  ( degustação) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora