Cap 14

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Joe

Preciso fazer alguma coisa. Já bati no meu pai, passei a noite bebendo e me descabelando, mas nada disso vai trazer a Julie de volta. Vou começar cuidando dela, porque não tem ninguém para fazer isso. Sei que não vai aceitar minha ajuda, mas ela não precisa saber. Vou dar um jeito.

Quando chego no apartamento, quase não consigo mais carregar minhas pernas de tanta canseira e ressaca. Preciso de um banho e uma cama, mas tenho que resolver algumas coisas antes.

Ligo para Norma e peço que marque uma reunião com Leandro, o meu braço direito nos negócios e na administração da empresa.

- Norma, fala para ele vir agora no meu apartamento. Vou só tomar um banho e já estou esperando por ele.

- Mas, Senhor Joe, hoje é domingo. Ele deve estar com a noiva.

- Não me interessa! Quero ele aqui agora, ou não precisam nem voltar para o escritório amanhã, você e ele! Os dois estarão demitidos se ele não estiver aqui em meia hora! - desligo o telefone. Sei que fui duro, mais não posso me dar ao luxo de ser educado hoje. Na verdade, eu não sou nunca. Hoje então... Estou sem paciência.

O interfone do apartamento toca e o porteiro anuncia que Mike está subindo.

Não quero nem pensar no que disse para ele enquanto estava bêbado. Mas já vou descobrir. Não posso sujar minha imagem assim.

Quando abro a porta, ele já entra gritando e me abraça.

- Cara, fala pra mim que meu amigo Joe está de volta. Porque alguém pegou seu celular e falou horrores pra mim. Não posso nem repetir, mas se tratava de mulheres e suicídio.

- Oi para você também, Mike. Estou ótimo, obrigado por perguntar. Mas ninguém roubou meu celular. Fui eu que te liguei e estou precisando de ajuda.

- Ah, meu Deus do céu, ele não voltou... Mas já entendi, você está doente. Febre. - ele diz, encostando a mão na minha testa.

- Você está péssimo, Joe. Eu li uma reportagem sobre uma doença dessas raras. A febre provoca espasmos e amnésia. Mas, como um bom amigo, vou te lembrar do verdadeiro e inatingível Joe Hesgher, mais conhecido como coração de gelo. Ele é o cara. Sai cada dia com uma mulher diferente, e no outro dia sabe o que acontece? Ele não lembra mais nem o nome dela. Amnésia total.

- Deixa de ser idiota, Mike, e escuta onde eu me meti, cara, porque se você continuar falando desse jeito vou dar um soco na sua cara.

Então ele desiste e me escuta. Conto tudo resumidamente para ele. As suas fisionomias são hilárias.

- Eu achei que nunca presenciaria esse momento, Joe, meus pêsames. - ele diz, estendendo a mão. - Você tá ferrado.

- Aliás, qual o seu problema, Mike? Eu precisando de um amigo e você com uma mulher!

- Não deu para resistir. Pensa em uma mulher linda. Mesmo bêbada, chorando e vomitando, era a coisa mais gostosa do mundo.

- Nossa, Mike, você tem sérios problemas. Deixa seu amigo na mão, desesperado, porque estava transando com uma mulher gostosa.

- Esse foi o problema. Eu não dormi com ela, Joe. Ela era virgem. Dá para imaginar uma mulher com uns 25, 26 anos virgem? E ela era muito gostosa. E, por uma incrível coincidência, ela também chama Julie.

- Vai, conta outra, Mike. Ela está te enrolando direitinho para te levar para a cama, cara, e você caiu. Pelo menos a minha Julie é sincera. Falou na lata. Trinta. E eu não consigo ser nem o 31. Me ajuda, Mike, preciso cuidar dela e manter ela bem, até eu conseguir consertar essa merda toda que eu fiz.

O doce sabor da vingança  ( degustação) Where stories live. Discover now