Cap.1

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ELISA

Acordei no sábado com uma enorme alegria no peito. A semana teria sido maravilhosa, se não fosse a forma como minha mãe me tratou nos últimos dias. Bem, ela nunca foi bondosa comigo, mas desde que eu contei que comecei a ir a uma igreja ela tem se esforçado para me entristecer, provavelmente tentando provar seu argumento. Segundo ela, eu não conseguiria me manter por mais de um mês na igreja. A questão é que estou disposta a provar o contrário.

Pouco depois de levantar recebi uma mensagem de Fernando, como de costume.

"Tenho vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo."  João 16:33 (Bom dia ;D)

Ele se mostrou muito atencioso desde que nos conhecemos, mas não conversamos desde o último domingo, quando ele e a irmã me acompanharam até em casa. Ele me manda versículos todos os dias, pela manhã e pela noite. Apesar de eu querer iniciar uma conversa, é muito difícil puxar assunto. Na última semana acabei me sentindo mais sozinha que de costume, mas foquei em meus estudos e tentei deixar esses pensamentos de lado. Porém, não nego que conversar de verdade com alguém seria legal.

Assim que entrei na cozinha para preparar meu café, me deparei com meu irmão, que estava sentado à mesa, comendo um miojo. Fiz uma careta ao perceber, seu estômago não ia ficar nada satisfeito com aquilo.

— Elisa? — ele chamou.

— Hum? — respondi sem olha-lo, preparando achocolatado. Bem, isso não era tão saudável também.

— Olha só isso, sério!

O conhecendo bem, me recusei a olha-lo, mas não resistindo à curiosidade me virei só um pouco. Ele estava sorrindo, uma de suas mãos estava fechada e a outra ao lado reproduzia uma alavanca, que girava e girava até que apenas seu dedo do meio estivesse completamente levantado.

— Bruno... – respondi, em tom de ameaça. — Me deixe quieta, por favor!

Ele colocou a mão no meio do peito, a boca aberta em um O perfeito, fingindo estar ofendido.

— Isso foi uma ameaça, crente? –  frisou bem a última palavra, usando para me atingir.

— Não seria mais fácil pra você me deixar em paz e cuidar de sua vida? — respondi derrotada, dando as costas para ele e levando o copo junto comigo para o quarto, enquanto ele gargalhava às minhas custas.

Assim que coloquei o copo sob minha bancada, ao lado do notebook, recebi uma mensagem de Elisabeth, trazendo um versículo.

"Ouviste o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; Mateus 05:39

Te vejo mais tarde, não esqueça!"

Podia não ser nada demais, mas o verso me lembrou o que aconteceu a momentos atrás com meu irmão. Ele sempre me irritou muito com esse tipo de brincadeira, não porque eu me incomodo, mas porque ele faz exatamente com o intuito de me incomodar; não é como se fosse  brincadeiras entre irmãos. E bem, é a mesma forma que nossa mãe age comigo. Faz muito tempo desde que as brincadeiras passaram a ser ofensas.

Então, comecei a refletir sobre meu comportamento nos últimos anos, rebatendo e respondendo, como se isso fosse me trazer alguma honra em minha casa, sendo que eu poderia ter feito uma coisa tão simples como "dar a outra face", deixar que zombassem de mim, do meu jeito, das minhas manias, o quanto quisessem, mas não permitir que meu coração ficasse magoado. O fato é que não importa o que falem para mim aqui, ainda há um Deus me protegendo e me guiando e realizando sua vontade em minha vida. E perceber isso me deixa tão feliz, porque sei que ainda há tanta coisa para se viver. Então, senti a necessidade de pedir perdão a Deus. E fiz. Porque existem tantas coisas em mim para mudar e que ainda não tenho conhecimento, e agora que sei uma delas preciso admitir o quanto tenho sido falha em minhas atitudes. Pedi perdão a Deus por rebater pessoas que fizeram algo com o propósito de me irritar, pedi perdão pelas minhas vinganças ou quando deixei de fazer algo porque outra pessoa me tratou mal.

O Amor que vem de Deus (Completo - Em revisão)Where stories live. Discover now