O Amor que vem de Deus (Completo - Em revisão)

Cap.7

Elisa

Meu coração estava a mil enquanto Fernando me contava sobre como verdadeiramente estava. Claro, estava me compadecendo por tudo o que ele passou, como fez comigo, mas o fato de termos estabelecido essa confiança e de termos retornado ao relacionamento que estávamos construindo antes era o real motivo de minha felicidade.

Aquela tarde havia sido uma bagunça. Eu sabia que Bernardo falou todas aquelas coisas apenas para me irritar. Ele não tinha aquele tipo de atitude comigo quando estávamos a sós, além de deixar bem claro que não me enxergava como nada além de uma irmã.

Inclusive, logo antes de Fernando nos encontrar na sorveteria, ele se inclinou e sussurrou em meu ouvido "Sei que sou atrativo, tenho idade e experiência o suficiente pra saber o motivo das mulheres darem em cima de mim e, bem, olhe para mim, realmente sou lindo."  Ele parou de falar enquanto eu gargalhava. "Eu sei enxergar beleza onde há beleza e acredite em mim, Elisa, quando eu falo que você é linda, apesar de não conseguir enxergar isso. No entanto, não é o tipo de mulher que me atrai, com todo o respeito. E se fosse, já teria deixado isso claro. Então, por favor, me deixe apenas ter um momento de glória". 

Em seguida, ele voltou a relaxar em sua cadeira, enquanto eu estava séria tentando desvendar o significado daquilo. Ver Fernando andando em nossa direção me deixou tensa, pois juntei a fala anterior de Bernardo ao fato dele estar sentando a nosso lado.

E foi tudo um desastre. Percebi que não conseguiria lidar com aquilo até Fernando me olhar nos olhos e pedir que eu revelasse meus sinceros sentimentos por meu quase irmão. O medo tomou conta de mim quando vi que sua expressão ansiosa. Senti que, por causa daquele olhar, eu falaria o que ele quisesse, e se ele decidisse me beijar ali e me pegar nos braços como no dia anterior, eu retribuiria. Tudo isso porque, ao olhar nos olhos dele, reparei que eu ficaria tão ansiosa quanto ele ao questiona-lo sobre seus sentimentos em relação a outra pessoa.

No entanto, não pude sustentar esses pensamentos quando Bernardo continuou com a provocação, e eu lembrei dos dias anteriores, de como Fernando havia me deixado sozinha sem me dar um motivo para isso. Considerando todos as minhas amizades anteriores, eu não sabia como agir em relação a isso. Eu pensei que podia contar com ele, jamais me senti assim com alguém. E, então, no mesmo dia eu já não podia contar mais.

E depois ontem, o beijo, aqueles elogios...

Senti o braço de Fernando me segurar antes que eu formasse meus pensamentos e despejei toda a confusão que estava sentindo em cima dele. Ele se desculpou e pediu uma chance pra explicar e aqui estamos nós, sentados no meio fio em frente a minha casa, enquanto ele conta a mim que ele esteve praticamente sozinho nos últimos anos. Que, mesmo com o apoio da família, se sentia tão perdido quanto eu. Por que, afinal de contas, como ele poderia simplesmente confiar em alguém depois de tudo?

— Está tudo bem agora? — perguntei, enquanto o silêncio se instalava entre nós.

Ele sorriu um pouco triste.

— Eu deveria ter contado antes... minha família está ansiosa pra eu sair desse casulo em que entrei, e quando conheci você ficaram eufóricos. Eu só não soube lidar com isso...

Analisei as palavras dele e o empurrei com o ombro.

— Isso o que, exatamente?

Ele desviou os olhos para o outro lado da rua.

— Alicia e Marcus eram os meus melhores amigos e me quebraram. Queria ter certeza que você não faria o mesmo, mas... não tem como ter certeza de algo do tipo, por isso voltei atrás.

— Eu não sou Alicia e Marcus. Sei valorizar alguém e jamais partiria seu coração de propósito. 

Ele balançou a cabeça.