Cap.5

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Elisa

Duas semanas depois do meu aniversário Fernando ainda se mantinha distante. Fiquei muito magoada quando ele saiu sem olhar para trás, porque eu realmente acreditei quando ele disse que queria me ajudar a lidar com o caos que era minha vida.

Quando entrei em casa naquela noite não consegui chorar, no entanto. Eu estava em choque porque, desafiando minha experiência de vida e como eu enxergava as coisas no geral, eu senti que aquilo não era minha culpa. Minha consciência estava tranquila e eu fiquei assim o restante da semana. Me manter ocupada no colégio me ajudou a não pensar demais nisso, é o meu último ano e apesar de ter boas notas não podia aliviar os estudos.

No fim de semana seguinte ele não foi à igreja, e quando perguntei o motivo à Elisabeth ela me respondera apenas que ele não estava bem. Depois disso eu e Elisabeth conseguimos nos aproximar, apesar de eu ficar nervosa toda vez que ela citava o nome de Fernando ou quando eu podia ouvir a voz dele pela ligação. Posso dizer que criamos muita intimidade e eu consegui enxergar nela uma confidente. Tanto eu quanto ela sentíamos uma necessidade de amizade que encontramos uma na outra e isso ajudou a fortalecer nosso vínculo. Ela estava louca pelo casamento que começara a organizar, então esse sempre foi um dos tópicos em nossas conversas, já que eu estava ajudando-a.

Mas então, percebi que não podia me manter afastada de Fernando. Ainda não tinha conhecido seus pais, mas não poderia fugir de encontra-lo tanto na igreja quanto em sua casa quando Elisabeth me convidasse. Mandei uma mensagem para que conversássemos e eu pudesse entender o motivo de tudo ter acontecido. Ele não podia me tratar como me tratou desde que nos conhecemos e depois fingir que nada tinha acontecido.

Lembranças da última noite em que o vi vieram a tona. 

Eu provavelmente imaginei tudo, mas... a forma como ele me olhou durante todo o dia em meu aniversário era diferente que no dia anterior. Ou a forma como ele segurou em minha mão em cada oportunidade que tinha. Sinto meu estômago revirar nervosamente toda vez que penso no momento em que ele me deu a flor e então, logo depois, quando ele se aproximou o suficiente para seu rosto encostar em mim e sentir meu perfume.  Não posso negar que aproveitei cada minuto com um prazer silencioso. Mas o ápice foi quando ele se despediu de mim, me encarando silenciosamente, tão próximo que pude sentir seu hálito em meu rosto, como se doesse nele se afastar... bem, eu certamente não podia ter imaginado essa parte.

Por este motivo é que eu precisava entender o que aconteceu entre o momento que nos despedimos depois do piquenique até à noite, quando ele foi embora e me ignorou. Para minha surpresa, que estava esperando um não da parte de Fernando, ele pediu apenas um tempo antes de poder conversar comigo novamente.

Relaxei automaticamente quando aquilo confirmou a mim mesma que a culpa realmente não era minha. Ainda que minha consciência não me acusasse, sempre havia um e se.

Por outro lado, eu me aproximei bastante de meu meio irmão, que é, na verdade, filho da esposa de meu pai. Depois de meu aniversário realmente engatamos algumas conversas para conhecermos melhor um ao outro. Pelo que parecia, ele realmente estava disposto a me adotar como irmã dele. Então, marcamos dois encontros. Um da minha escolha e outro da dele. No sábado iriamos á igreja juntos para a reunião de jovens e domingo à tarde para uma sorveteria.

Bernardo até cogitou convidar Fernando, mas sequer pensei nessa possibilidade, considerando o status de nossa amizade, se é que posso chamar disso. Estava tão distraída pensando nos caminhos que apareceram pra mim depois que fui à igreja pela primeira vez que quase perdi uma ligação.

—  Oi, Bê! — Atendo animada, conversar com ele sempre mudava meu estado de espirito.

Oi, queria confirmar se vai rolar mesmo sairmos amanhã. — Ouvi sua voz do outro lado, aparentemente ele estava dirigindo.

O Amor que vem de Deus (Completo - Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora