Parte 16

276 22 7
                                    

-Bom dia. (Doutor)

-Bom dia. (Mamãe)

-Então, pronta para a primeira quimio Anna?

Ele me pergunta isso com um sorriso e empolgação desnecessários. Até parece que alguém consegue se preparar para uma coisa dessas! Mas como minha mãe estava presente a única coisa que pude fazer foi assentir com a cabeça.

-Então vamos. (Doutor)

O inicio de tudo foi horrível; comprimidos, agulhas, exames, náuseas, tontura, mais comprimidos, agulhas... e muitas outras coisas mais.

Pouco mais de uma semana depois do inicio do tratamento percebi que meus cabelos haviam começado a cair. O sentimento que me veio naquele momento era horrível – pior do que quando descobri que estava com leu. Mas, sentimentos piores estavam por vir e, eu tinha que aprender a suporta-los.

Sai do banheiro com o pente e um punhado de cabelos nas mãos. Minha mãe tentou não chorar ao me abraçar.

-Vai ficar tudo bem filha, vai ficar tudo bem. Nós vamos superar isso.

Dizia ela com voz tremula, preste a se entregar ao choro.

-Okay mãe.

Minha mãe ligou para o papai assim que conseguiu acalmar-se. E, eu liguei para o Matt.

-Oi minha pequena. Como está?

-Ahm...bem.

-Certeza? Porque não parece.

-Ahm... tenho... Matt você pode vir me ver? Quero falar com você.

-Anna agora fiquei preocupado. Aconteceu alguma coisa?

-Eu só quero conversar com você. Olha, assim que der você pode vir aqui?

-Okay. Eu chego aí em 40min meu amor.

Ele me chamou de amor! Por um instante perdi a concentração.

-Não, não precisa ser tão rápido amor.

-Não, tá tudo bem. Não tenho muito o que fazer na editora. Chego aí rapidinho.

-Okay, tchau.

Mamãe falou que meu pai chegaria às 11:45h (era o mais cedo que ele podia chegar). Então, enquanto esperava o Matt chegar resolvi ler um pouco. Alguns minutos depois ouvi umas batidas na porta. Minha mãe havia saído para pegar um café e eu não podia levantar porque minha perna ainda estava com pinos. Então, tudo que pude fazer foi dizer (na verdade, quase gritar):

-Pode entrar.


-Oi amor.

-Oi.

-Sozinha?

-Sim. Mamãe foi buscar um café.

-E como você está? Aconteceu algo?

Ele pergunta ao passar a mão em meus cabelos. E saiu uma mecha de cabelo. Eu odiei ver a reação dele. Então eu disse por fim:

-Isso aconteceu! Era sobre isso que eu queria conversar.

-Como? Quando começou? Como você está? Seus pais já sabem?

Ele está desesperado e, é horrível vê-lo assim. Isso dói mais que meu maldito câncer.

-Estou bem. Começou hoje de manhã. Minha mãe estava comigo e ligou pro papai.

-E o doutor já sabe?

-Sim.

-Okay! Certeza que você está bem?

-Sim...quer dizer não... Tô com medo.

-Não fique, vai dar tudo certo.

Ele tenta me consolar em seu abraço.

-Não, não é isso. Tenho medo de te perder.

-Que? Anna Parker não se atreva a pensar numa coisa dessas. Eu jamais deixarei você! Eu te amo e nunca deixarei você. Nós ficaremos juntos pra sempre, okay?

-Okay Matthew.

Ele me abraça novamente e eu começo a chorar mas, não por muito tempo. Pois isso o faria chorar também.

Tudo Por Mais Um DiaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora