Parte 19

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Dia seguinte

Acordei às 7:00h daquela manhã de segunda-feira. Com a ajuda de Jully e mamãe me levantei e fui ao banheiro tomar meu banho matinal. Devido a confusão de ontem acabei não cortando o cabelo. Mas, de hoje não passava.

Eu estava apreensiva. Fiquei uns três ou quatro minutos debaixo do chuveiro pensando nisso.

Faziam 12 dias desde que o Matt me pedira em namoro; 11 dias desde o inicio da quimioterapia. Eu não parava de pensar nele; como eu me sentia segura perto dele; como ele havia se tornado tão importante pra mim em tão pouco tempo.

Quando terminei fiquei um tempo diante do espelho pensando se devia ou não pentear os cabelos. Eu tinha medo de ver meus cabelos caírem, então decidi chamar a Jully pra penteá-los. Minha mãe também não teria coragem para fazer isso.

O Matt chegaria às 11:30h. Ao meio dia meus cabelos seriam raspados. Nunca uma manhã havia passado tão devagar. O senhor Tempo estava sendo injusto comigo mais uma vez.

11:30h

-Oi Anna.

-Oi Matt.

Ele me beija o topo da cabeça.

-Como você está?

-Nervosa.

-Não se preocupe. Eu vou estar aqui, cuidando de você.

-Eu sei.

-Então, já almoçou?

-Não. (Na verdade a única coisa que havia comido era uma banana.)

-Que bom porque eu comprei uma torta pra nós almoçarmos.
Eu não estava com vontade de comer absolutamente nada. Mas comi, pois não queria deixar o Matt preocupado.

-Finalmente você está comendo filha. (Mamãe)


-Como assim finalmente Anna? Faz quantas horas que você não come?

-Umas quatro.

-E comeu apenas uma banana. (Mamãe)

-Que?

-Não é nada Matt. Eu só estava sem fome.

-Meu amor você não pode ficar sem comer. Prometa que vai se alimentar direito.

-Tá. Tudo bem, vou me alimentar direito.

Ele ficou deitado comigo no meu leito hospitalar até o cabeleireiro chegar. Mamãe ficou sentada ao lado lendo uma revista.

Quando papai entrou no quarto meu coração disparou como um metrônomo em ritmo 4/4 em tempo 'prestissimo' de 350. Ele me beijou o topo da cabeça, cumprimentou o Matt e chamou minha mãe para conversar em particular.

-Matt...

-Sim meu amor.

-Eu não quero.

Abraço o apertado enquanto tento segurar o choro que teima em querer sair.

-Eu sei minha doce Anna. Mas você precisa ser forte.

Meus pais entraram junto com a mulher que iria cortar meus cabelos. Ela arrumou tudo que ia usar enquanto minha mãe tentava, sem nenhum sucesso, segurar o choro ao abraçar meu pai. Matt ficou o tempo todo do meu lado segurando minha mão. Eu não queria que ele me visse careca. Mas ele insistiu em ficar.

-Pronta? (Cabeleireira)

-Nunca.

Então ela começou, e o as lagrimas que segurei por um bom tempo começaram a rolar pelo meu rosto. Meu peito ardia de um modo como nunca antes.

Era como se tivessem enfiado uma mão no meu peito que agora estava arrancando meu coração a sangue frio. E tudo que eu podia fazer era chorar.

Tudo Por Mais Um DiaWhere stories live. Discover now