Capítulo 94

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O quarto da Marleen andou em obras, literalmente. A mobília foi toda trocada, a parede pintada de outra cor e os puxadores das portas do armário eram agora uma imitação de diamante. Junto da porta de entrada estava uma cama de gato tão impecável que eu duvidava que a Poppy se tivesse lá deitado alguma vez desde que cá chegara. Marleen sentou-se na sua cama com o pequeno animal nos seus braços e disse-me para me sentar ao seu lado; eu sentei-me e inalei ar em demasia, ainda com a cabeça confusa e o sangue a pulsar tensamente. Não sabia como abordar o assunto e nem sei porque o vou fazer com ela e não com outra pessoa qualquer. Porque não a Hannah? Ou a Brittany? A Anna? Alguém? Porquê ela?

Sei lá, foi o primeiro nome que me veio à cabeça, como se Deus, o Universo, a Mãe Natureza - o que fosse - me estivesse a dizer que era com ela que devia falar. Na verdade, eu até concordava com Deus, com o Universo, com a Mãe Natureza - o que fosse -, porém, ultimamente tenho andado sempre muito dividida. Tanto acreditava no que quer que fosse, como também não acreditava. De qualquer das maneiras, eu já cá estava.

Enquanto ela afagava o pelo liso da Poppy, eu decidi começar a falar.

"Então... o teu finalmente lá em baixo... o que querias dizer?" Perguntei, enchendo as bochechas com ar a seguir, tal constrangimento que eu sentia.

"Fala primeiro. Talvez tenha interpretado mal e o finalmente não se aplique aí." Explicou, calmamente, continuando a alisar o pelo já liso do gato.

Por onde havia eu de começar? Não havia nenhum começo nesta história e o desenlace era uma total mixórdia de coisas já anteriormente misturadas, era uma mixórdia de mixóridas. Apenas o fim era explícito, sabia o que acontecera no final, eu acabar por sonhar com o Brandon, mas e o ínicio? O que se passa comigo!?

"O que é que achas da minha situação com o Ryan?"

Surpresa com a pergunta, ela franziu as sobrancelhas e olhou para mim.

"Bem, eu acho que já o esqueceste há pelo menos um mês... ou mais, não sei, sempre me deu a impressão de que o estavas a esquecer, mas só há umas duas semanas ou três é que se notou que já não querias mesmo saber dele. Contudo, já tinha vindo a reparar, eu e a Hannah, a Catherine, a Alisha... por isso é que a Alisha ficou tão admirada quando lhe falaste disso na visita de estudo, lembras-te dela a berrar um ainda, quando falaste do Ryan? Ela estava confusa porque pensava que já o tinhas esquecido, aliás, já tinhas esquecido, apenas não te apercebeste. Resumindo e concluindo, tu já o esqueceste, Prim, apenas estás demasiado ocupada em ser dele para o deixares ir embora, apenas estás demasiado ocupada em ser dele para te apaixonares por alguém... se calhar, estás é demasiado ocupada a pensar que és dele para te aperceberes que se calhar... hm... és de outra pessoa."

Se ela está a dizer o que eu penso que ela está a dizer, eu sou capaz de esfolar o gato que está no colo dela. Bom nem tanto, mas faço alguma coisa escandalosa mesmo!

"O que eu quero dizer é que, às vezes, quando estás apaixonada por alguém, outra pessoa chega e, aos poucos, conquista-te e tu não te apercebes porque ainda estás mentalizada de que sentes borboletas no estômago e blá blá blá pela primeira pessoa. Isso aconteceu contigo. Então quando tu chegaste às cavalitas do Brandon ao quarto de hotel e basicamente o empurraste para uma cama..." E começou a rir.

Eu não estava a rir. Não estava a rir porque, primeiramente, eu não sabia de nada disto, e em segundo lugar, mesmo que soubesse, não tinha piada absolutamente nenhuma. Por isso, antes que ela chegasse onde está a tentar chegar - porque eu não quero que ela chegue, não pode chegar -, eu volto a tocar no assunto do Ryan.

(Bad) Luck *Concluída*Where stories live. Discover now