Capítulo 002

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O grande dia havia chegado para a equipe médica do New York Hospital. O tão falado Dr. Herrera assumiria a chefia da equipe médica e todos estavam em palvorosa. Era uma segunda-feira chuvosa, Anahí recebera uma chamada na noite anterior, um de seus pacientes da cardiologia sofrera duas paradas cardíacas e ela tivera que ir até o hospital durante a noite, voltando para casa as cinco horas da manhã, um pouco tarde pra quem teria que fazer a ronda cirúrgica as 7 e meia da manhã. Assim que acordou e vestiu-se encontrou Dulce e Maite tomando café na cozinha.

- Bom dia - disse uma Maite eufórica - Que cara é essa de quem dormiu com a bunda descoberta?

- Pergunta pra Dulce a hora que eu cheguei ontem que você vai entender o por que da minha cara amassada - sentou-se a mesa fazendo um coque frouxo nos cabelos.

- Ansiosas para conhecer o novo chefe? - Dulce perguntou mordiscando um cookie, Anahí rolou os olhos.

- Nossa, super - com falso entusiamo - Estou ansiosa é pro meu turno acabar e eu enfim poder dormir o sono dos justos.

- Já vi que o mau humor hoje vai ser tenso - Maite cutucou enquanto tomava um suco de laranja, Anahí preferiu ignorar.

- Espero que não seja mais um ditador. Dar adeus pra um e olá pra outro seria muito azar - Dulce comentou.

- Li algo sobre ele ser bastante exigente - acrescentou Anahí e Maite riu.

- Quer dizer que você está interessada no perfil do novo chef? -alfinetou e a outra rolou os olhos.

- Não da maneira como você está insinuando....

- Tá bom, você nunca soube mentir direito - Dulce riu.

- Vamos? Já que vou ter que trabalhou o dia todo com sono que seja de uma vez.

- Vamos, só vou pegar meu jaleco.

- Te esperamos na garagem - Maite gritou enquanto Dulce sumia pelo corredor.

______

- Preciso da sua ajuda - Maite mordera os labios enquanto as duas desciam pelo elevador.

- Ai Deus - Anahí ajeitou os óculos olhando no espelho - O que foi desaa vez?

- Bom eu acho que - suspirou - Acho que Levy está me traindo - as duas silenciaram.

- Tudo bem, vamos por partes - ponderou - O que te faz pensar isso?

- Ele está muito diferente. Distante, aéreo, fazem duas semanas, duas semanas que não transamos Annie, da pra acreditar? Justo a gente que - Anahí interrompeu.

- Já entendi, não precisa explicar detalhadamente. Pode ser que seja só ansiedade - comentou - Nem todos tem essa facilidade toda pra lidar com as situações e pra ele é algo completamente novo. Ele mora sozinho desde os 17 anos de idade, de repente tudo muda, a privacidade, a liberdade... é natural que se sinta estranho - Maite analisou em silêncio.

- Mas e se não der certo? Não quero ser mais um daqueles casais que casam e se separam em menos de um ano. Não foi nada disso que eu planejei - suspirou.

- Você devia ter cogitado a proposta de morarem juntos antes do casamento, eu falei que seria uma boa experiência - concluiu assim que o elevador abriu.

- Pode ser. Acho que vou conversar com ele - olhou-a - Estou me sentindo tão insegura...

- Não tem motivos para você estar assim. Levy simplesmente te ama e não faria nada que fosse te machucar ou te deixar triste. Dê um tempo, homens, assim como nós passam por fases complicadas.

- Você tem razão, deve ser só um momento ruim.

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- Porque diabos você insiste em me irritar com essas perguntas idiotas? - ela berrava ao telefone, a cara amassada e cheia de olheiras denunciava a noite mau dormida concluiu Christian - Sam, eu não quero que - pausou - Você só pode estar louco eu - bufou voltando a atenção para Christian - Ele desligou na minha cara, da pra acreditar? Esse filhote de cruz credo resolveu achar que é gente - Christian soltou uma gargalhada.

- Estão te chamando na sala de reuniões... parece que o todo poderoso acabou de chegar - olhou os olhos.

- Tá bem, já estou indo.

Assim que terminou de arrumar suas coisas, Anahí vestiu o jaleco e seguiu até a sala de reuniões. Já havia barulho la dentro e ao que pode concluir ela estava atrasada. Bateu suavemente na porta que fora aberta por um homem alto forte, cabelos negros e olhar esverdeado. Ao que deduziu Anahí, se tratava do Dr. Herrera, o novo chef. Ele olhou-a de cima a baixo, o rabo de cavalo, os olhos azuis e o jaleco que chegava irritar de tão branco e engomado.

- Está atrasada doutora - disse ele entre dentes.

- Desculpe, tive um imprevisto na emergência - justificou. Então ele abriu espaço para que ela entrasse.

- Sente-se, já começamos a reunião.

-Obrigada - agradeceu ironicamente a tanta grosseria enquanto sentava-se ao lado de Maite.

Ele era arrogante, isso Anahí percebera nos primeiros cinco segundos de contato visual e auditivo. O tom de voz irônico, o olhar debochado de superioridade. Alfonso Herrera, ao seu ver deveria pensar ser a última bolacha do pacote. E de todo ela não estava equivocada.

- Como dizia anteriormente antes de sermos interrompidos pela Dra. Portilla - olhou-a com sarcasmo na voz e ela rolou os olhos - Sou muito exigente quando o assunto é Medicina. Nosso instrumento é vida das pessoas e não podemos agir com - blá blá blá era só o que Anahí conseguir a ouvir.

Assim que a reunião terminou houve um coquetel de boas vindas ao Dr. Herrera. Anahí, Christian e Maite estavam próximas a janela enquanto Dulce e o Dr. Uckermann conversavam animadamente proximo a mesa de doces.

- Não sei a quem esses dois querem enganar, a Dulce tá toda toda ali - riu bebendo o resto do refrigerante do copo.

- É tipo você e o Levy quando se conheceram - comentou Christian - Um cú doce interminável - Anahí riu e Maite fechou a cara - O que é esse boy? - abanou-se de brincadeira - Que BJ não ouça mas ele é o legítimo Deus Grego, tipo muito meu número.

- Mas pelo visto você não é muito o número dele - Maite riu.

- Isso são apenas detalhes...

- Grandes detalhes você quer dizer né - Anahí abriu a boca pela primeira vez em quando comia um pedaço de bolo.

- Que bom ver que temos uma equipe entrosada - aquela voz seca e irônica soou às costas de Anahí - Isso é importante para a qualidade do trabalho.

- Trabalhamos juntos a quatro anos Dr.Herrera, já temos um elo de ligação - Maite comentou, tentando soar simpática.

- Ouvi falar muito bem de seu trabalho Dra. Perroni, gosto de pessoas determinadas e responsáveis - acrescentou.

- Obrigada pelo elogio, busco sempre ser melhor naquilo que faço - Anahí constatou que Maite não se deixava abalar pela arrogância do novo chef.

- Quanto a Dra. Portilla não podemos dizer o mesmo não é? Ao que parece responsabilidade e pontualidade não são muito seu forte!

Pela primeira vez em três anos de New York Hospital Anahí quis que seu bip tocasse. Fazia apenas uma hora que conhecia Alfonso Herrera E já tinha uma certeza: ele faria de tudo para tornar seu último ano de residência um verdadeiro inferno.

Perfeição Where stories live. Discover now