Capítulo 027

1.7K 98 6
                                    

Pela quinta vez Christian checava se estava tudo em ordem. Era o grande dia da visita da assistente social à casa em que ele e BJ estavam dividindo em um distrito próximo a Manhattam. A casa era de dois pavimentos. A cozinha, a sala, o salão de jogos e o lavabo ficavam no andar térreo enquanto os quartos ficavam no andar superior. Havia um grande jardim com uma bela piscina ali também, sem falar no quiosque ideal para encontros entre amigos. Assim que botaram os olhos sobre ela os dois tiveram a certeza de que seria ali que construiriam um lar feliz.

- Será que você pode parar de andar de um lado pro outro? - BJ pediu sentado no sofá enquanto passava os canais da televisão sem muita importância.

- Eu estou muito nervoso - ele confessou - Preciso que dê certo! Eu fiz uma promessa e ela é só uma criança.

- Vai dar tudo certo - lhe sorriu - Você não precisa se preocupar. Eu sempre disse que estaríamos juntos acima de tudo, e eu quero isso tanto quanto você.

- Eu sei disso - suspirou - Se algo der errado - mordeu o lábio inferior - Se algo sair errado ela nunca vai me perdoar.

- Deixa de ser pessimista. Eu ja disse que vai dar tudo certo, pense positivo.

O IPhone dele tocou, era Anahí. Ela havia lembrado que era o dia decisivo e provavelmente sabia que ele estaria uma pilha de nervos.

- Oi Annie - atendeu indo até a sacada a fim de observar o portão.

- Esta nervoso? - ela pediu.

- Tem como não estar?

- Vocês vão conseguir - disse convicta - Não há nada que possa impedir isso. Alice já é de vocês, o destino quis assim.

- Annie, você sabe como há restrições em relação a casais homossexuais - ele suspirou.

- Eu não posso acreditar que você ainda esteja pensando nisso - ela negou - Vocês estão no topo da lista de adoção, hoje é o último dia. Acha mesmo que iriam fazer com que passassem por tudo isso pra no fim negarem o pedido? - ela continuou - Vocês fizeram tudo como manda o protocolo. Compraram uma casa, com um pátio grande, bastante verde. Decoraram um quarto lindo que Alice com certeza irá amar - lembrou-o - Chega de pessimismo ok? - ele suspirou.

- BJ acabou de dizer a mesma coisa.

- Escuta Chris, eu vou ter que desligar porque meu bip está tocando - explicou - Mas Mai está te mandando um beijo e nós, mesmo longe, estamos aqui torcendo por você.

- Vocês são incríveis, não sabem o quanto isso significa pra mim - disse emocionado.

- Prometa que vai fazer o seu melhor.

- Eu, bem - suspirou - Prometo que vou fazer tudo que estiver ao meu alcance.

Os dois se despediram e logo a companhia soou. Miss Sara como gostava de ser chamada era uma mulher relativamente baixa, com roupas simples, pequenos óculos sobre o nariz e o cabelo envolto em um coque, com alguns fios grisalhos que não passaram desapercebidos por Christian nem por BJ.

Ela então fez a visita pela casa, olhou quartos, banheiros, tudo o que pudesse ser vistoriado. Christian mostrou-lhe as roupas e os brinquedos que haviam sido adquiridos para Alice, e Miss Sara fazia anotações constantemente. BJ trocou algumas palavras com ela e ao fim decidiram sentar-se no sofá da sala. BJ ao lado de Christian e Miss Sara em uma poltrona em frente a eles.

- Devo confessar que estou surpresa - disse sincera - Ao que vejo fizeram um excelente trabalho.

- Obrigada - BJ sorriu - Queremos que Alice tenha tudo o que for necessario para uma infância saudável.

- É o que todos queremos Sr. Murphy - eles assentiram - Bom, como devo seguir um roteiro para essa visita, preciso, antes de finalizamos, levantar alguns questionamentos que surgiam durante o processo de adoção. São alguns detalhes que não foram possíveis fica tem desapercebidos.

- No que pudermos colaborar - Christian deixou claro e ela proseguiu.

- Os dois tem profissões bastante agitadas, e temos algumas dúvidas em relação aos cuidados de Alice. Ao que parece o Sr. Murphy passa um tempo bastante grande fora da cidade, estou correta?

- Sim Miss Sara. Sou maquiador de um grupo musical de Los Angeles.

- E o Sr.Chávez é um obstetra bastante reconhecido, o que significa passar algumas noites envolvido em plantões, partos não planejados, concordam?

- Bom Miss Sara, BJ e eu sempre tivemos essa rotina e conseguimos perfeitamente dar conta disso, tanto que mantemos um relacionamento estável até hoje, não creio que seja um empecilho - a assistente entortou a boca, não se dando por satisfeita com aquela resposta.

- Acontece que antes tratavam-se apenas de vocês dois. Como pretendem lidar com o fato de uma terceira pessoa, totalmente dependente, envolvida nisso? - Christian suspirou.

- Christian já está com planos de atender apenas no consultório, o que limitaria um pouco os horários de trabalho dele - explicou - E quando isso se fizer impossível, podemos contratar alguém de nossa extrema confiança. É uma situação comum, muitos pais tem rotinas agitadas nos dias de hoje.

- Hmmm, muito bem - ela murmurou tomando nota no pequeno bloco de anotações - Outra preocupação diz respeito a influência feminina que Alice necessita ter. Não levem a mal, a intenção não é constrangê-los.

- Entendo perfeitamente a preocupação. Alice não sentirá falta de uma presença feminina - Christian respondeu prontamente - Tenho duas melhores amigas que estão loucas por Alice. Elas ajudaram a decorar o quarto, a escolher os brinquedos, a comprar as roupas. Poderão muito bem exercer esse papel na vida dela e tenho a plena certeza de que não se importarão nem um pouco em desempenhar essa função.

- Muito interessante - ela continuava tomando nota de tudo. Chritian está a ponto de ter um ataque de nervos - O que os faz ter certeza de que o juiz deve dar a guarda de Alice a vocês? O que vocês tem que os torna diferente dos outros quatro casais na lista de espera?

E o silêncio pairou por alguns minutos, até que Christian resolvesse se pronunciar.

- Miss Sara, eu não sei se somos melhores do que todos os outros casais da lista de espera. Sinceramente, não sei se estamos mais preparados, se temos a melhor condição financeira ou psicológica - disse sincero - Desde o primeiro dia em que eu olhei para aquela garotinha triste e solitária de olhos amendoados no degrau daquele orfanato, brincando com aquelas bonecas simples com as pequenas mãos e vestindo aquele vestido tão velho e desproporcional ao tamanho dela, senti algo dentro de mim que nunca antes havia sentido - ela o observava atento e ele tinha os olhos marejados pela emoção, mas continuou - Eu senti uma vontade de cuidar dela, a amar, dar a ela tudo o que que um pai de verdade deveria dar. De arrancá-la dali o mais rápido possível, para que ela tivesse a certeza de que não estava sozinha e que alguém a amava muito, mesmo a conhecendo a tão pouco tempo - pausou - Eu digo e repito, não sei se somos os mais aptos, não sei se temos as melhores características ou o melhor preparo, mas sei que mesmo a conhecendo a tão pouco tempo ja a amamos o suficiente para a considerarmos nossa filha.

E era exatamente aquela resposta que ela esperava ouvir. Sabia que ali se instalaria um amor capaz de fazer Alice esquecer toda a solidão e tristeza que tivesse sentido naqueles cinco anos. Esqueceria o abandono porque ali tinham duas pessoas dispostas a lhe fazer feliz. E felicidade era algo inquestionável. A guarda seria deles no que dependesse dela, e ela sentiria-se orgulhosa por dar a Alice um lar de verdade.

Perfeição Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ