Capítulo 5

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Depois que cheguei em casa com Summer, dei de cara com Erin no sofá assistindo televisão e se empanturrando de biscoito. Acordei minha filha pra dar banho e escovar os dentes, mas assim que viu minha amiga, despertou na mesma hora, tagarelando sobre o dia. Não descansou enquanto não mostrou as fotos dos bichos do zoológico, contou sobre tudo o que viu no museu, mostrou o balão de tucano e a pedra que tinha ganhado de Jack.

Escutar aquela última informação fez Erin girar a cabeça em minha direção, me olhando de olhos arregalados, numa expressão apavorada, mas eu só fiz um sinal discreto com as mãos, pra falarmos sobre aquilo depois.

Consegui "desligar" Summer depois do banho e de muita canção de ninar, mas não esqueceu, antes de dormir, de me dar um beijo e dizer que tinha amado o dia.

Saí do quarto e me juntei a Erin no sofá, ela com as pernas em cima de mim, e eu com as pernas em cima dela.

- O que aquele filho da puta fez?!

Erin perguntou, além de alarmada, assim que terminei de contar tudo o que tinha acontecido.

- Você escutou, e ainda teve a coragem de me desafiar!

- Ele merece outra surra e não "reclamar o direito de pai." Direito de pai meu saco!

- Mas tenho que admitir que ele foi muito esperto. Meu Deus, por que aquele idiota me conhece tão bem? - apertei as mãos sobre os olhos com força.

- Vamos combinar que você não é tão fácil de desvendar, amiga.

- Mas mesmo assim, ele usou daquela mente doente dele pra virar o jogo! Ele sabia que falando diretamente com a Summer era o único jeito dele se aproximar dela.

- Você devia ter feito o maior barraco na frente de todo mundo.

- Como? Eu não ia gritar na frente dela que ele tinha que cair fora e deixar a filha em paz. Fora que eu fui uma idiota em dizer que ele era amigo do Greg, porque na mesma hora que ela lembrou, ela mencionou. Aí a cabecinha dela deve ter feito uma conexão maluca de que o Jack também era o nosso amigo e era super maravilhoso interagir com ele.

Erin ponderou alguns segundos.

- Desgraçado.

- Eu sei! - bufei. - E finalmente a Summer largou aquela pedra idiota.

- Ela não vai esquecer aquela pedra nem tão cedo.

Gemi em desgosto.

- Eu sei.

- Você acha que ele tem coragem de simplesmente chegar pra ela e falar "ei, Summer, eu sou seu pai!"?

- Se ele tem amor à vida, ele não vai fazer isso.

Ficamos caladas por um tempo.

- Você já pensou em como vai contar pra ela que ela tem o azar de ter aquilo como pai?

- Eu não quero nem pensar. - coloquei o braço no rosto.

- Você sabe que eu sou super contra você contar, mas não vamos tapar o sol com a peneira, você não vai poder fugir disso pra sempre.

- Eu sei e agora ficou bem mais complicado porque ele teve a brilhante ideia de aparecer do nada, dizer que é amigo do Greg e ficar todo amiguinho pra cima dela. - soltei um gemido raivoso. - Eu tô com tanta raiva!

- E eu tô com pena. De você.

- Isso é supostamente pra me fazer sentir melhor? - tirei o braço do rosto e me apoiei no cotovelo pra olhá-la.

- É.

- Obrigada. - ironizei.

- Não há de quê, até porque você sabe que eu particularmente adoro quando as coisas partem pra o lado físico, então se você precisar que ele leve uma surra, não hesita em me chamar. Mas essa coisa de conversa e decisões é com você.

4 Years of StruggleWhere stories live. Discover now