Capítulo 25

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Minha voz travou e só consegui encarar a parede a minha frente e achar que tinha mesmo caído dura no chão e morrido.

- Mãe? – repeti, dessa vez com a voz mais fina que o normal e quase sem ar.

- Oi, Ana.

Fazia tanto tempo que tinha escutado a voz dela que não acreditava no que estava acontecendo. Meu primeiro instinto foi achar que havia algo de errado. Talvez meu pai estivesse doente de novo ou tinha acontecido algo com Eva, com as crianças, Daniel...

- Aconteceu alguma coisa?

- Não.

Um peso enorme saiu das minhas costas e eu suspirei aliviada, mas só de lembrar que era minha mãe do outro lado da linha, me bateu uma ansiedade daquelas. Nenhuma de nós duas falou nada por longos segundos e apesar de tentar achar algum tópico de conversa pra acabar com aquele silêncio desconfortável, não consegui achar nada pra falar. Eu não tinha assunto pra falar com ela, o que me deixou bem triste.

Percebi, nesse intervalo de silêncio e com pesar no coração, que não ter assunto pra falar com a minha própria mãe era um preço bem alto que a vida estava cobrando dela agora.

- Tudo bem com você? – foi ela que resolveu interromper o silêncio.

A pergunta foi simples, mas me vi incapaz de responder de imediato. Eu estava bem? Naquele momento, eu não me sentia tão bem assim.

- Tudo.

Minha mãe fez algo como "ummmm" do outro lado do telefone e precisei esperar uns cinco segundos de silêncio pra ela perguntar:

- E Summer?

Quase senti meu coração parar.

Eu sabia, porque Eva e Isabel me contavam, que ela às vezes, mas muito superficialmente, queria saber como eu e Summer estávamos, mas nunca esboçava uma reação muito grande. Então de repente escutar ela me perguntar pessoalmente sobre Summer significava tanto pra mim, porque aquilo me dizia que, de alguma forma, ela se importava com a neta.

- Tá ótima. – respondi quase num sussurro.

- Eu soube que ela é uma menina muito esperta.

Dei uma risada misturada com choro e precisei expirar pela boca e abanar o rosto pra impedir as lágrimas de caírem. Quando consegui me controlar, respondi:

- Ela é. Esperta, inteligente... Tudo o que a senhora imaginar.

Meu coração explodia de orgulho todas as vezes que eu falava de Summer, mas explodiu um pouco mais ao falar dela pra minha mãe.

- E muito linda também.

- É. – sorri.

Voltamos novamente a ficar em silêncio e eu enxuguei uma lágrima teimosa que escorreu pela minha bochecha. Era desconfortável não saber o que falar com minha mãe, mas já era um grande passo ela ter ligado pra mim, principalmente porque ela sempre seguia as vontades do meu pai. Não pude deixar de sentir orgulho por ela ter feito o que queria, como também ficar grata.

- Vocês estão vivendo bem aí em Washington?

- Sim. É uma cidade boa de se viver.

"E bem melhor que Laurel", acrescentei mentalmente.

- Ótimo. Fico feliz.

Assenti, mesmo que ela não pudesse me ver.

- E vocês? Tudo bem por aí? – foi minha vez de perguntar.

- Sim, tudo na paz de Deus.

- Eva?

- Tudo bem com ela também.

4 Years of StruggleWhere stories live. Discover now