4 Years of Struggle

Capítulo 17

A mera ideia de ligar pra Jack pra contar minha decisão já era o bastante pra me deixar de mãos suadas, com um tique na perna e um aperto sufocante na garganta.

"Foco, Ana. Foco. É só uma droga de ligação", repetia mentalmente sem parar, mas não que resolvesse alguma coisa ou aliviasse minha ansiedade.

Suspirei derrotada, deixei o celular no centro da mesa e olhei pela janela ao meu lado, onde eu podia ver toda movimentação do lado de fora do restaurante em que eu estava almoçando durante meu intervalo do almoço.

Comecei a pensar em todos os pros e contras de adiar o máximo possível minha conversa com Jack, mas quanto mais pensava, mais chegava à conclusão de que esse assunto não podia ser adiado nem mais um dia.

Summer merecia saber a verdade.

Passei as mãos pelo rosto e com um último suspiro, dessa vez engolindo o orgulho e reunindo toda coragem que consegui encontrar dentro de mim, liguei pra Amanda e perguntei o número de Jack, já que nem isso eu tinha.

Passando pela leve humilhação de telefonar pra minha amiga, apesar de ela não ter comentado nada ou pressionado no assunto, não pude deixar de notar o tom desconfiado da voz dela. No entanto não me demorei na conversa e logo me pus a telefonar pra Jack, sem ter ao menos tempo de organizar minhas ideias e saber o que falar.

Rápido e impensável como arrancar um curativo de vez. Afinal, a dor seria uma só e sem segundos pensamentos ou desistências no meio do caminho. Tudo o que eu precisava.

- Alô? – Jack atendeu ao telefone com o tom de incerteza na voz.

- Oi... Jack. – falei pausadamente. – Sou eu.

Percebendo o meu erro em não me identificar mais claramente, rapidamente adicionei:

- Ana. Sou eu, Ana.

Coloquei a mão na testa e mordi o lábio, abismada com a ansiedade que parecia querer me dar um ataque de nervos a qualquer momento.

- Ah, oi, Ana. Tudo bom? Aconteceu alguma coisa? – o tom de voz dele passou de casual pra preocupado num curto espaço de dois segundos.

- Não, não aconteceu nada. – batuquei os dedos na mesa e resolvi parar de ficar fazendo rodeios do assunto. – Na verdade aconteceu.

Escutei um movimento brusco do outro lado da linha e logo Jack me encheu de perguntas apressadas:

- Foi com Summer? Você precisa que eu vá pra algum lugar? Ou foi algo com você?

- Não, não, não. Não foi nada disso. Eu só queria conversar uma coisa com você.

- Ah, ok. Tudo bem. Pode falar. – apesar de parecer mais calmo, sua voz possuía certo tom de incerteza.

Pigarreei embaraçosamente e respirei fundo, pronta pra contar de vez o que eu tinha decidido.

- Você pode ir lá em casa hoje à noite? – perguntei rapidamente sem ao menos dar uma pausa, mudando totalmente o rumo da conversa.

- Posso. Que horas você quer que eu vá?

Fechei os olhos com força e me xinguei mentalmente, ao mesmo tempo em que agarrava os cabelos em frustração.

- Ana?

- Depois que a Summer dormir. Você sabe mais ou menos o horário, certo?

- Sei.

- Tudo bem, até à noite. – decidi encerrar logo a conversa pelo telefone já que tinha sido um desastre total.