Ao chegarmos à cozinha, encostei-me ao balcão e Jack encostou-se à mesa, ambos de frente um para o outro. Por alguns longos segundos só nos encaramos, sem nenhum dos dois ousar quebrar o silêncio, o que fez aquela cozinha parecer claustrofóbica e o olhar dele queimar minha pele.
- Sobre o que você quer conversar? – fui a primeira a falar.
Ele se apoiou mais ainda à mesa, cruzou os braços e passou a língua no lábio inferior, olhando por sobre o ombro, em direção à sala, em seguida. Com o olhar novamente fixo em mim, falou apenas:
- Summer.
Tive que me controlar pra não rolar os olhos, mas assenti pra ele continuar, sentindo minha respiração pesar subitamente.
- Eu não acho que esteja sendo justos os dias que você marca.
Jack foi direto ao ponto, me fazendo arquear a sobrancelha em surpresa e em irritação.
- E por que não?
- Além de serem poucos dias, são poucas horas e eu sei que você não vai me deixar vê-la nos finais de semana.
- Eu realmente não te entendo. A gente teve toda aquela conversa há alguns dias e você, se eu me lembro bem, falou que por você estava tudo bem todas as minhas condições.
- Eu sei o que eu falei e também sei que nós estamos num lento processo de construção de confiança, mas eu preciso de mais tempo com ela.
- Nós decidimos que seria nos meus termos.
- E agora nós estamos conversando pra sermos justos com os dois. – completou.
- Isso não é pra ser justo e sim pra preservar Summer. – rebati.
Jack respirou fundo e descruzou os braços, apoiando as mãos na mesa em seguida.
- Eu não vou embora.
Não falei nada, só o encarei, expressando tudo o que eu queria dizer com o meu olhar. Ele, no entanto, me olhou com aqueles olhos certos, determinados, que podiam me perfurar com tanta intensidade, falando pausadamente em seguida:
- Eu a amo.
Assenti lentamente.
- Eu sei, mas eu quero levar tudo isso com calma.
- Eu só... Eu sinto como se eu precisasse de mais tempo. – suspirou. – Não é o bastante.
- Você acabou de chegar, então não espere que eu te deixe sentar na janela logo de cara. – rebati.
- Ana, eu...
Ele parou de falar e baixou à cabeça, apertando seus dedos nas bordas da mesa, como se estivesse se controlando, escolhendo as palavras certas, e, naquele momento, eu sabia exatamente o que ele estava sentindo.
Era difícil estar tão perto de Summer e mesmo assim tão longe.
- Olha só, Jack, eu te entendo. Eu realmente entendo. – falei num suspiro.
Sua postura relaxou um pouco e sua cabeça levantou o bastante pra me olhar nos olhos, com uma expressão que era um misto de surpresa e outra coisa que não pude identificar exatamente.
- Eu estou me pondo no seu lugar. – continuei. – Mas tente entender o meu ponto e aceitar os meus motivos.
Ele voltou a sua postura anterior, com a cabeça erguida, mas com as mãos agora no bolso na calça.
- Eu estou aceitando.
- Não, você acha que está aceitando. – corrigi.
Ele passou a mão pelo cabelo parecendo exasperado.
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4 Years of Struggle
RomanceAna nunca podia imaginar que sua vida daria um giro de 360° graus depois daquele verão. Quatro anos depois do nascimento de Summer, Ana se vê morando com sua melhor amiga e a filha em Washington D.C, com um novo emprego, fazendo faculdade e com um n...