Capítulo 14

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Ver o rosto de Jack naquele misto de confusão, choque e pena me fez ver o quanto eu tinha sido impulsiva. Na verdade, eu nem sabia o porquê de ter falado qualquer coisa em primeiro lugar.

- Olha, esquece o que eu te falei, tá? Não precisa se preocupar.

O vi abrir a boca pra argumentar comigo, mas rapidamente falei:

- É sério.

- É claro que é sério. – ele se virou totalmente pra me encarar. – O que aconteceu da outra vez?

Desviei meu olhar do seu, decidida a não falar mais nada.

- O que aconteceu da outra vez? – tentou novamente, dessa vez com a voz mais firme.

- Nada. Não aconteceu nada.

- Não adianta mentir agora.

Foi a minha vez de me virar pra encará-lo.

- Por que você quer tanto saber?

Ele abriu de novo a boca pra rebater, mas o interrompi.

- Não é como se você pudesse fazer alguma coisa.

- Isso não significa que eu não sinta culpa pelo rumo que sua relação com os seus pais tenha tomado.

Como não falei nada – porque não sabia o que dizer –, ele continuou, dessa vez com um tom de voz bem mais baixo:

- Na verdade eu sinto culpa por cada dificuldade que você teve que enfrentar.

Dei de ombros levemente depois de vários segundos só o encarando.

- Eu precisava ter passado por cada uma delas pra crescer.

- Não, você não precisava. Você era só uma adolescente sozinha e eu era um idiota egoísta.

Mordi o lábio pra evitar o sorriso de escapar assim que o escutei se xingar, mas foi impossível. Jack também me acompanhou e, de repente, estávamos os dois sorrindo.

- Você era? – ironizei ainda com um sorriso debochado nos lábios.

- Era. – confirmou. – E tentando provar que não sou mais.

Voltei minha posição inicial, encarando o corredor, ainda com um pequeno sorriso no canto da boca.

- Eu vi o desenho.

Todo o humor de segundos atrás desapareceu, me fazendo gelar e sentir um arrepio correndo a espinha.

- Eu não quero falar sobre isso agora. – sussurrei e consegui escutar minha voz falhar no final.

- Eu sei e respeito sua decisão.

Assenti levemente e não me movi.

Não sei quanto tempo passamos calados, mas eram bom ficar em silêncio e sentir como se nada além do normal estivesse acontecendo, mesmo que fosse na presença de Jack, que era a representação de várias anormalidades na minha vida.

Mas, naquele momento, palavras não conseguiam preencher o vazio dentro de mim. Talvez o silêncio era tudo o que eu precisava, afinal.

- Já tá tarde. – meu sussurro perturbou o silêncio confortável.

- Eu sei.

Mas nenhum de nós se moveu. Senti, vários momentos depois, Jack se virar pra me olhar melhor, mas não ousei me mexer ou falar alguma coisa.

- Eu realmente quero que você saiba que pode me pedir ajuda quando precisar.

Não esbocei qualquer reação, mas ele continuou:

4 Years of StruggleWhere stories live. Discover now