Ver o rosto de Jack naquele misto de confusão, choque e pena me fez ver o quanto eu tinha sido impulsiva. Na verdade, eu nem sabia o porquê de ter falado qualquer coisa em primeiro lugar.
- Olha, esquece o que eu te falei, tá? Não precisa se preocupar.
O vi abrir a boca pra argumentar comigo, mas rapidamente falei:
- É sério.
- É claro que é sério. – ele se virou totalmente pra me encarar. – O que aconteceu da outra vez?
Desviei meu olhar do seu, decidida a não falar mais nada.
- O que aconteceu da outra vez? – tentou novamente, dessa vez com a voz mais firme.
- Nada. Não aconteceu nada.
- Não adianta mentir agora.
Foi a minha vez de me virar pra encará-lo.
- Por que você quer tanto saber?
Ele abriu de novo a boca pra rebater, mas o interrompi.
- Não é como se você pudesse fazer alguma coisa.
- Isso não significa que eu não sinta culpa pelo rumo que sua relação com os seus pais tenha tomado.
Como não falei nada – porque não sabia o que dizer –, ele continuou, dessa vez com um tom de voz bem mais baixo:
- Na verdade eu sinto culpa por cada dificuldade que você teve que enfrentar.
Dei de ombros levemente depois de vários segundos só o encarando.
- Eu precisava ter passado por cada uma delas pra crescer.
- Não, você não precisava. Você era só uma adolescente sozinha e eu era um idiota egoísta.
Mordi o lábio pra evitar o sorriso de escapar assim que o escutei se xingar, mas foi impossível. Jack também me acompanhou e, de repente, estávamos os dois sorrindo.
- Você era? – ironizei ainda com um sorriso debochado nos lábios.
- Era. – confirmou. – E tentando provar que não sou mais.
Voltei minha posição inicial, encarando o corredor, ainda com um pequeno sorriso no canto da boca.
- Eu vi o desenho.
Todo o humor de segundos atrás desapareceu, me fazendo gelar e sentir um arrepio correndo a espinha.
- Eu não quero falar sobre isso agora. – sussurrei e consegui escutar minha voz falhar no final.
- Eu sei e respeito sua decisão.
Assenti levemente e não me movi.
Não sei quanto tempo passamos calados, mas eram bom ficar em silêncio e sentir como se nada além do normal estivesse acontecendo, mesmo que fosse na presença de Jack, que era a representação de várias anormalidades na minha vida.
Mas, naquele momento, palavras não conseguiam preencher o vazio dentro de mim. Talvez o silêncio era tudo o que eu precisava, afinal.
- Já tá tarde. – meu sussurro perturbou o silêncio confortável.
- Eu sei.
Mas nenhum de nós se moveu. Senti, vários momentos depois, Jack se virar pra me olhar melhor, mas não ousei me mexer ou falar alguma coisa.
- Eu realmente quero que você saiba que pode me pedir ajuda quando precisar.
Não esbocei qualquer reação, mas ele continuou:
YOU ARE READING
4 Years of Struggle
RomanceAna nunca podia imaginar que sua vida daria um giro de 360° graus depois daquele verão. Quatro anos depois do nascimento de Summer, Ana se vê morando com sua melhor amiga e a filha em Washington D.C, com um novo emprego, fazendo faculdade e com um n...