Capítulo 4

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Chegamos em Virgília em vinte e cinco minutos, Eleanor foi o mais rápido possível.

- Preciso passar na minha tia - Ela diz em meio trânsito no sinal vermelho.

O sinal abri e então voltamos a andar nume velocidade aproximadamente 40 km por hora.

- Por que? - Perguntei.

- Esqueci a chave do quarto onde os Vespas vão ficar - ela diz.

Ela aumenta a velocidade para chegar o mais rápido possível.

Após chegarmos, Eleanor estaciona
sua moto em frente à casa de sua tia e então fomos apressadamente pegar a chave.

Ela bate três vezes na porta com força e sua tia grita com uma voz meio estranha  "Já vai"

- O que você quer Eleanor? - Ela pergunta com uma garrafa de whisky na mão.

- Deixa eu entrar - Eleanor tira a garrafa da mão de sua tia e coloca na estante.

- Eu estou bebendo você não viu ? - Ela diz indo em direção a garrafa - Não deixei você tirar o meu amor de perto de mim - Ela pega a garrafa e bebe.

A tia de Eleanor tinha seus quarenta e oito anos, seu marido havia falecido a quatro anos atrás, ele lutava contra  um câncer terminal a oito anos mas infelizmente não resistiu. Depois de sua morte, Elizabeth nunca mais foi a mesma, começou a beber todos os dias tornando o álcool seu vício, perdeu o emprego e os contatos com os amigos e se insolou num mundo onde existe apenas sua série favorita "O desapego do amor" e seu insubstituível whisky.

Eleanor subiu as escadas apressadamente a procura da chave deixando sua tia falando sozinha na sala.

- Você viu Arabella, a vida é ingrata - Ela se direciona a mim - Nunca deixa de fazer algo que você queira, viva tudo que há pra viver - Ela coloca a mão em meus ombros e aponto um dedo meio torto em mim direção e diz com seu bafo de álcool - Viva intensamente.

Eu a observo e concordo com a cabeça me afastando dela.

Avisto Eleanor descendo as escadas apressadamente pegando duas garrafas de whisky.

- Essas duas são minhas, você acabe com essa garrafa e vá dormir - Eleanor diz ao me empurrar para a saída da casa.

Chegamos na festa eram exatamente nove horas, Gabriel nos recebeu educadamente e logo em seguida Gregório foi nos cumprimentar.

- Pensei que vocês não iam vim - Ele diz ao se aproximar.

A música estava alta, o show não havia começado, era uma batida forte estilo música eletrônica. Gregório nos levou até a cozinha da casa de Gabriel onde estava as bebidas, Ele nos serviu um pouco de vinho.

- Daqui a pouco Os Vespas irão se apresentar - Gregório nos informa.

- Onde eles estão agora? - Eleanor pergunta.

- No quarto dos hóspedes - Ele diz - Eles estão expulsando todos que estão tentando entrar no quarto deles.

Eleanor largar um sorriso discreto e belisca meu braço como sinal de que nós tínhamos algo que essas pessoas não tinham, a chave.

- Que horror - Eleanor diz com um tom deboche.

Gregório foi buscar mais bebida para ele beber, Eleanor e eu fomos até a sala de estar onde todos os casais ficavam, ela foi encontrar Victor, seu amigo pelo qual adorava trocar beijos e amassos. Percebi que não era uma boa ir com ela até lá, afinal Eleanor não ia cumprimentá-lo, iria tratar com ele sobre outra coisa da qual eu não queria participar. Voltei para a pista de dança e fui balançando meu corpo conforme a música que tocava, era uma batida estranha que se repetia fazendo meu peito tremer.

Olhei para o relógio que estava pendurado na parede da cozinha e faltava dez minutos para o show começar, eu estava ansiosa, era o show de Os Vespas, eu esperava por isso a anos, finalmente irei poder ouvir a voz e a presença de Cristopher o mais perto possível, irei poder respirar o mesmo ar em que ele está respirando, ouvir " O desastre mais belo" ao som de seu violão bem pertinho de mim. Os minutos não passavam parecia uma eternidade.

Alguém venda os meus olhos com uma mão gelada, pedindo para mim adivinhar quem é, era Joe, o garoto pela qual eu admirava na escola.

Eu me viro para ele e observo seu sorriso de lado com uma metáfora entre os dentes, ele vestia uma calça jeans azulada com uma jaqueta de couro, a minha favorita, e seu perfume com cheiro das flores se despedindo da primavera.

- Não sabia que gostava de Os Vespas - Ele diz com a voz um pouco alta por culpa do som.

- É - Concordei sorrindo - Gosto muito!

Joe tinha o costume de me cabular, perto dele, eu não sabia o que dizer, não sabia como agir, as palavras ficavam solta pelo ar, flutuando e eu não conseguia pegar.


Estávamos um perto do outro, sem nenhum dos dois dizer uma palavra, ele dançava e me encarava e eu fazia o mesmo.

- Você quer alguma bebida? - Ele pergunta em meu ouvido.

Eu assenti, e ele foi até a cozinha pegar. Fiquei ali, sozinha em meio tumulto, o som que tremia meu peito foi baixando e um ruído do microfone alto fez todos virarem para o palco, o show de Os Vespas iria começar.

Eleanor chega às pressas, me oferece um pouco de vinho, eu bebo um gole e então meu coração dispara ao ouvir a voz do Cristopher.

- Boa noite galera, nós somos Os Vespas - E o silêncio reina no palco e na plateia e meu coração dispara.

Eleanor me belisca, eu estava adormecida, a voz de Cristopher, a risada dele ao dizer " Nossa primeira canção será Crazy after midnight "  eu não sabia como respirar, havia poucos metros de mim até ele, aquela sua voz delicada e afinada que sussurrava as palavras como as folhas das árvores caem na primavera. A parte em que ele grita " never never never" fez me arrepiar quando todas as pessoas que estavam ali cantavam acompanhando a voz dele, sem instrumentos apenas as vozes e as mãos para cima se libertando com a canção.

ArabellaOnde histórias criam vida. Descubra agora