Capítulo 6

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Começou a tocar " A última noite " que Cristopher admitiu que compôs para seu único amor, Valerie. Ele viveu esse amor por anos mas infelizmente, Valerie faleceu oito anos atrás. Os dois haviam discutido e ela saiu de carro após a briga, mesmo tendo habilitação, ela não sabia exatamente dirigir, a noite era fria e o tempo estava com muita serração o que é normal pois a casa de Cristopher é na serra. Valerie bateu em uma carreta e não resistiu.

Eleanor pegou a chave de seu bolso e sorriu para mim, discretamente, fomos indo em direção ao quarto de hóspedes.

Havia uma pequena movimentação no corredor dos quartos mas nenhuma presença de seguranças, dobramos para a esquerda do corredor nos deparando com o quarto deles. Eleanor disse para mim ficar vigiando e observando se alguém estivesse vindo enquanto ela abria a porta.


Depois de segundos conseguimos entrar. O quarto estava bagunçado, com casacos atirados e três guitarras em cima de uma das camas, havia também, algumas fotos na outra cama acompanhado com dois whisky com uma blusa escrito " Brandelf " o sobrenome de Cristopher.

Me aproximei da cama cheia de fotografias, observei Valerie sorrindo com seus cabelos bagunçados e em outra foto, os dois abraçados, espontâneos, felizes. Peguei uma das fotografias e olhei o que estava escrito atrás.

No canto da foto, dizia a data que ela foi tirada " maio, 2000 " e ao lado havia uma frase que dizia " O amor vem das rosas ", era exatamente o trecho de " A última noite ".


Eleanor se aproxima em silêncio.

- O que é esse papel dobrado? - Ela pergunta.

Me viro para Eleanor que senta na ponta da cama e abre o bilhete cuidadosamente pois ele parecia ser um pouco antigo que por um descuido o poderia se rasgar.

- É a carta de Valerie - Ela diz - Não irei ler, não posso - Ela dobra o papel novamente - Isso é muito pessoal.

Pego o bilhete de sua mão para tentar lê-lo.

- Eu preciso ler isso - Digo.

Ouvimos passos vindo do corredor e vozes misturadas com risadas, guardei o papel de baixo do meu vestido vermelho e então Eleanor me empurra para baixo da cama.

Observei o sapato de couro de Henrique e o all star velho de Cristopher, os dois estavam cantando Smells Like Teen Spirit, os dois cantarolavam " Hello, Hello, Hello " e sorriam de algo que não consegui identificar.


Virei para Eleanor com um pouco de dificuldade, ela não estava mais ali. Ouvi um silêncio reinar no quarto, ouvia apenas meu coração acelerado e minha respiração ofegante.

Um sapato de couro feminino se aproxima dos all star de Cristopher, era o sapato da Eleanor, eles recuam e não ouço uma palavra.


- Por que pararam de cantar? - Ela pergunta - Continuem, adoro ouvir a voz de vocês.


Percebo que Eleanor se atira na cama que estava com várias fotografias espalhadas.

- Quem é você? - Henrique pergunta.

Ela sorri, e volto a ver seus sapatos.

- Prazer, me chamo Eleanor - Ela estende a mão.

Eles permanecem em silêncio sem dizer uma palavra, até Cristopher cumprimentá-la.

- Prazer Eleanor - Ele estende a mão - Me chamo Cristopher

Ela sorri apertando a mão dele.

- Eu sei Cristopher, eu sei.


O silêncio volta, parecia que eles estavam sem jeito com a presença de Eleanor ali. Decido então sair de baixo da cama e reinar no quarto.


Rastejei até consegui sair, eles ficaram olhando, surpresos e assustados.


- O que está acontecendo? - Cristopher pergunta.

Eleanor sorri olhando para mim, ela parecia tranquila como se fosse algo normal invadir o quarto dos nossos ídolos e sair de repente de baixo da cama.

- Arabella - Me apresento.

Eles me cumprimentam mas estavam estranhos, e eu sem jeito, não sabia o que dizer a eles. Eleanor começou a conversar com Henrique, o guitarrista da banda, admirava como ela tinha coragem de estar conversando com ele normalmente, como se fossem amigos de anos, íntimos que o assunto entre eles nunca acabam.

Fiquei olhando para Cristopher o admirando e voltando meu olhar para o chão, ele fazia o mesmo, sem jeito com a nossa presença, ele parecia ser mais tímido e quieto pessoalmente.



Henrique pegou uma guitarra e disse que iria mostrar para ela como se toca algumas musicas, Cristopher me convidou para sentar em sua cama onde havia várias fotografias, estava um pouco nervosa, com medo de que ele sinta falta de sua carta e pense que o sumiço dela seja por culpa nossa.

ArabellaOnde histórias criam vida. Descubra agora