Capítulo 11

165 13 0
                                    

O sol que reflete pela janela daquele pequeno comodo faz eu acordar drasticamente. Levanto lentamente observando o lugar ao meu redor, as prateleiras que me rodeavam eram preenchidas por livros e discos antigos. A claridade vinha de uma pequena janela que havia em minha frente. Ela era de vidro, coberta de poeira e pequena por sinal. Me aproximei e tentei abri-la mas falhei em todas as tentativas, por conta do tempo, a janela cedeu o que dificultava o meu esforço.

Voltei a observar aquelas gigantes prateleiras cheias de livros, me aproximei para tentar ver quais literaturas estavam atrás daquela pequena camada de poeira.

Ao chegar perto da primeira fileira de livros, me deparei com o livro de poesias, e abri em uma página aleatória, onde me defrontei com um poema de Mario Quintana, uma de suas obras que eu mais gostava, peguei o e soprei o pó que cobria a capa. Sentei-me no chão e comecei a ler .


" - Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!

- Você é louco?
- Não, sou poeta. "

De alguma forma eu me identificava com esse poema, era como se Mário Quintana estivesse escrito especialmente para mim.
Após esfolhar as páginas do livro, ouço barulhos vindo da porta de entrada. Levanto-me e sigo em direção a ela.

- Quem está aí? - Pergunto me aproximando.

A porta range e então é aberta cuidadosamente.

Após chegar na sala, fiquei sem reação, talvez por culpa de sua altura e a cor de seus olhos castanhos. Nossos olhares se encontraram e então os seus mexeram-se olhando para mim da cabeça aos pés.

- O que você está fazendo aqui? - O indivíduo pergunta - Quem é você?

Eu fico completamente sem reação, talvez o susto me deixou assim. Eu precisava responder, olhava para o chão sujo a procura das palavras mas não a encontrava, estava totalmente perdida e cabulada.

- Você fala? - Ele pergunta rindo da minha reação.

Ajeitei minha franja, levantei a cabeça, tentei controlar os batimentos cardíacos  e finalmente falei.

- Eu pensei que esta casa estava abandonada - disse voltando a olhar para o chão.

O suposto dono da casa larga as sacolas que pareciam ser compras, fecha a porta e caminha em direção à cozinha que estava caindo aos pedaços.

- Pensou errado - Ele responde pegando um isqueiro dentro do armário caindo aos pedaços.

Após o susto, voltei a minha pose de Arabella e então caminhei em direção à porta.

- Então por gentileza, tente manter esse negocio que você supostamente chama de casa como uma verdadeira residência - Passo meus dedos no móvel que havia ao meu lado mostrando a poeira que havia ali.

Ele pega um cigarro de seu bolso, o liga e então se aproxima de mim.

- Se está tão incomodada com minha residência, porque não me faz o favor de se retirar dela? - Ele aponta para a porta - A saída é ali.

Ruborizo de raiva, se havia algo que eu não suportava era alguém que me afrontasse.
Aproximo-me do garoto e então respondo.

- Com todo prazer!

Após me direcionar para a porta escuto ele dizer:

- Aposto que não tens onde cair morta - E então ele começa a rir liberando a fumaça de sua boca.

Viro-me para ele novamente, meus olhos transmitiam raiva, não conseguia evitar de demonstrar o que estava sentido. Eu não sabia o que lhe responder pois era verdade, eu não tinha para onde ir, voltar para a casa do irmão de Eleanor seria minha última opção, Joe estava lá e eu não poderia me encontrar com ele novamente. Mas ficar nessa casa com esse garoto estava me irritando, além de mal educado é esquisito, seus cabelos escuros cobriam metade de seu rosto, seus olhos castanhos piscavam com a presença de sua franja estilo Jake Bugg. O seu sorriso sarcástico me incomodava e eu não suportaria ficar mais um segundo com ele.

- Eu tenho para onde ir - Respondi.

Ele sorri novamente se aproximando cada vez mais de mim.

- É mesmo? - Ele se posiciona a minha frente - Então porque invadiu minha casa? - Ele pergunta liberando mais fumaça.

Eu o encaro sem saber o que dizer, eu não podia o enganar, ele sabia que eu não tinha para onde ir, apenas o encarei sem lhe dizer uma palavra.

- Aceita um cigarro? - Ele então tira um cigarro de seu bolso.

Eu concordo pegando de sua mão e me afastado dele.

- Acho que você irá precisar de um isqueiro - Ele diz brincando com o isqueiro na mão.

Volto-me para ele e então pego seu isqueiro e acendo o cigarro me retirando do cômodo.

- Você pode ficar aqui por alguns dias, eu não me importo - Ele anuncia - Ah não ser que a moça não queira se acomodar aqui pois está mais para um casebre não é mesmo?

Não o respondi, voltei para o quarto onde passei a noite, peguei o livro que tinha deixado no chão e voltei a ler.
Não conseguia me concentrar nos poemas, não parava de pensar em como aquele garoto me enfrentava, era como se ele soubesse as palavras certas para me atingir e eu não sabia como responder. Isso me irritava, e não sei como consegui pegar tanta raiva de uma pessoa que conheci a tão pouco tempo.

ArabellaWhere stories live. Discover now