Largada

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Ela ainda podia sentir a fumaça do cigarro descendo para seus pulmões. E a dor que ela via na cara das outras crianças quando a viam. Ah, como ela gostava disso.
Mas a maioria das pessoas não considerava suas pequenas manias, digamos, saudáveis. Principalmente seus adoráveis irmãos que eram constantemente vítimas de suas experiências.
O nível de inconseqüência dela desagradava muitos e impressionava outros, a insanidade era tanta, que ela era temida por todas as outras crianças do primário e até os professores mais severos tentavam manter distância da pequena garota dos cabelos avermelhados.
Os pais já a haviam levado a diversos psicólogos e até psiquiatras, porque a menina já estava começando a apresentar sinais de loucura intensa. Ela arrancava a cabeça das bonecas e dos bichinhos de pelúcia e jogava na lareira, pegava os carrinhos de um dos seus cinco irmãos e quebrava até quase virar pó e sempre colocava a culpa em outra criança.
Os pais trabalhavam absurdamente e deixavam os filhos com babás, que sempre desistiam daquela família por causa da garotinha peste, como a chamavam.
Os anos se passaram e ela continuou infernizando a vida de qualquer um que atravessasse seu caminho.
Até que um dia apareceu morta. Levou um tiro do seu irmão mais novo, o caçula da família, que era o alvo preferido dela para suas implicâncias.
E pensar que ela só queria chamar a atenção dos pais...

Contos para dias chuvososWhere stories live. Discover now