Inquebrável

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Em seu mundo cor-de-rosa ela descansava, com a cabeça apoiada em seu travesseiro de fantasia.
A solidão que há algum tempo atrás era tão desejada por ela, já havia se tornado tediosa, e a companhia de seu ursinho de pelúcia não era mais suficiente.
Enquanto abraçava o brinquedo, ela pensava em como tinha se tornado prisioneira de sua própria mente. Era como se a garota estivesses trancada em uma redoma de vidro, onde pudesse ver tudo que acontecia do lado de fora, mas não pudesse interferir em nada, e nem se libertar. Um lugar onde todos  a observavam, mas não ligavam para seu bem-estar e felicidade. O tempo nunca passava, pois ela não era movida pelo relógio, como todas as outras pessoas.
Ela se sentia como uma bailarina em uma caixinha de música, onde só precisava fazer alguma coisa quando alguém mandasse. Estava  cansada da rotina, da mesmice do dia-a-dia. Precisava se libertar urgentemente.
Mas toda vez que a garota refletia na possibilidade de mudar, o medo vinha. Ele a atacava como um leão feroz, despedaçando todas as suas esperanças. Mas o que é o medo?
Ela não sabia, para ela, ele era só uma força maior que a impedia de tentar o diferente, o novo. E a triste menina sabia que precisava vencê-lo.
Então repentinamente, ela levantou da sua cama, pegou seu ursinho, e foi em direção ao vidro que a mantinha presa. Quando ela encostou o dedo na superfície fria e lisa, o vidro se desfez em mil pedaços e ela caiu.
E caiu. Em direção ao infinito. E enquanto caía a garota descobriu com grande surpresa, que ela era mais forte do que qualquer coisa, era inquebrável.

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