Capítulo 1

1K 57 4
                                    

Jhulie

***

TODOS POSSUEM UM ANJO, não digo necessariamente aqueles de asas, mas aqueles a qual lhe estendem a mão quando você mais precisa. Os médicos, bombeiros que lutam contra a doença e o fogo. Os pais que ajudam seus filhos a atravessar uma rua, e até mesmo os avôs que transmitem sabedoria aos netos. Eles também são anjos.

Porém diferentes deles, eu conheci um anjo com asas. Foi no dia que sofri um acidente, eu e meus pais estávamos voltando para casa, meu pai infelizmente embriagado não pensou no risco que traria ao dirigir dessa forma, sendo assim ele dirigiu para a morte dele e de minha mãe. Era noite, nós descíamos a serra, um lugar já conhecido por ser perigoso e que requer atenção redobrada, não me recordo bem como aconteceu, mas quando percebi o carro já estava descendo o morro enquanto batia nas arvores e nossos corpos era chacoalhados enquanto o carro descia ladeira abaixo.

Quando abri meus olhos, estava em um hospital, minha visão estava um pouco embaçada, pude notar um homem no canto do quarto me observando, utilizava apenas uma calça, seu peito se encontrava nú e apenas uma capa preta o envolvia. Pisquei meus olhos mais algumas vezes para tentar limpar a visão embaçada e então pude notar melhor, não era uma capa que o envolvia, eram asas, enormes asas pretas.

— Tudo vai ficar bem, Jhoanny — sussurrou.

Nunca fui de confiar nessa frase, pois geralmente nunca fica, porém ele trazia consigo uma energia de paz, o que me fazia crer que ele era um anjo. Meu anjo guardião? Talvez.

Ele aproximou-se de mim, colocou uma de suas mãos em minha testa e então apaguei. Segura que eu estava a salvo com a ajuda de meu anjo da guarda.

***

A claridade do sol pela manhã me despertou, um raio de luz atingia diretamente meu rosto.

Eu tinha aula pela manhã, e nada melhor que ser acordada no tempo pelo próprio sol.

A claridade do sol já entrava pela janela de meu quarto, fazendo com que eu acordasse.

— Vai se atrasar Jhulie! — gritou tia Diana do andar de baixo.

— Já vou! — gritei em resposta.

Vesti rapidamente e desci as escadas.

Tia Diana estava fazendo o café — mesmo que ela não precisava acordar tão cedo, ela criou essa rotina para sempre me acompanhar pela manhã, mas nem sempre eu acordava a tempo para isso.

Ela ficou com minha guarda, após a morte de meus pais, mesmo que ela havia ganho uma grande responsabilidade pela idade dela que não era tanta de diferença com a minha, ela foi a pessoa mais próxima que poderia e tenha feito um ótimo trabalho.

Quando sai de casa olhei para o céu e pensei em Tristan, o meu anjo da guarda. Eu e ele nos tornamos muito próximos, e tínhamos uma ligação forte, podíamos conversar apenas pela mente, ele não tinha contato com todos os meus pensamentos, apenas aqueles a qual eu o permitia escutar.

— Jhulie! — gritou Matt saindo de sua casa, morava próximo a mim, Matt tinha uma boa aparência, ele era ruivo, o porte atlético já que jogava futebol e possuía um ritmo de exercícios bem frenético. O esperei chegar mais próximo, e ele perguntou. — Qual o motivo desses lindos olhos escorrerem lagrimas?

Pisquei meus olhos algumas vezes, mas não senti nenhuma lagrima se formando.

— Lagrimas? — perguntei.

Ele sorriu, e respondeu.

— É uma de minhas falas para a apresentação — a terrível apresentação de época que eu não queria fazer parte, mas não havia escolha. — Ultimamente você anda tão sorridente — observou.

Ele tinha razão, eu havia me ocupado mais com a presença de Tristan, e ele me ajudou a passar pelo luto de forma mais leve.

Quando chegamos à escolha, Carolaine já nos esperava.

— Algo bom para contarem? — perguntou após nos abraçar.

Balançamos a cabeça em negativo e aceleramos o passo para chegar à sala antes que o professor entrasse.

Após sair da escola liguei para Diana e avisei que passaria antes no cemitério.

***

Quando cheguei, coloquei flores na lapide, e me sentei enquanto encarava-a, senti uma lagrima solitária escorrer pelo meu rosto, e depois outras a seguiram.

— Eles estão felizes — Tristan disse.

— Eu sei.

Com uma de suas mãos ele secou meu rosto.

— Então não chores — pediu.

Depois de um tempo em silencio, me levantei e comecei a caminha em direção a minha casa, Tristan me acompanhava.

— Eu a acompanharei, mas não ficarei. Preciso encontrar Tomi.

— Tomi? Ele é igual a você? — perguntei. Eu só conhecia Tristan, não conseguia ver mais nenhum anjo a não ser ele.

— Sim, ele é um anjo, mas não está seguindo as escolhas corretas.

Um anjo não fazendo a escolha certa? Pensava que todos seguiam a ordem de um ser supremo.

Ignorei meus pensamentos e apenas disse.

— Tudo bem.

Em frente a minha casa, ele acariciou meu rosto e então disse.

— Estarei de olho em você.

Eu assenti, suas asas se abriram e ele voou em direção as nuvens. 

A procura de um Anjo LIVRO 1: Anjo CaídoWhere stories live. Discover now