Capítulo 2

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Tristan

***

TRISTAN VOOU ATÉ LOCALIZAR TOMI que se encontrava em uma montanha, ele observava as ondas na praia que iam de encontro as rochas. Diferente das asas de Tristan, Tomi possuía asas brancas.

— Você foi destinado a proteger as pessoas, e não a mata-las — Tristan disse.

— Isso vindo de alguém que é apaixonado por uma humanada — retrucou. Tristan ficou em silêncio, então Tomi se defendeu. — Eu estava protegendo uma senhora de um assalto.

— Então você o matou.

— É claro — disse com desdém.

— Até agora, eu só o vi matando pessoas.

— E eu só o vi protegendo uma delas.

Tristan não podia negar, Tomi tinha razão. Jhulie era sua prioridade.

— Você está certo. As pessoas precisavam de mim, aquelas a qual você matou.

— Sim, e da próxima vez pode ser sua amada Jhulie — Tomi riu, e então abriu suas asas e deixou Tristan a sós.

Tristan ficou por ali mesmo, encarando a praia, depois de um longo tempo, outro anjo veio fazer companhia. Ariel parecia pensativo, perdido em algo que o preocupava.

— Aconteceu algo? — Tristan quis saber.

— O conselho está à procura de Tomi.

— Qual motivo? — perguntou mesmo já sabendo.

— Ele não é um ceifador, deveria proteger as pessoas e não as matar. Ele será punido assim que o encontrarem.

Jhulie

***

Fiquei à espera de Tristan por um tempo, mas logo cansada fechei os olhos e adormeci, despertei com um trovão ensurdecedor, minha janela estava aberta as folhas soltas em cima da escrivaninha voaram por causa do vento. Levantei correndo e fechei a janela, logo ouvi mais um barulho de trovão fazendo tremer com o susto.

Desci as escadas e tia Diana estava de pé fechando as janelas que como a minha se abriram por causa do vento.

— Quer ajuda? — perguntei.

— Não querida, pode ir dormir.

Fui novamente para meu quarto e a janela novamente estava aberta. Quando fui fechá-la senti algo me tocando, virei-me e encarei a escuridão de meu quarto.

— Tristan? — chamei, torcia para que fosse ele, mas não recebi nenhuma resposta.

Ignorei, e terminei de fechar a janela. Recolhi as folhas que estavam caídas no chão, e quando as coloquei de volta na escrivaninha, a porta do armário se abriu, fazendo-me saltar de susto.

— Quem está aí? — uma pergunta tola a se fazer, mas mesmo assim fiz na esperança de ganhar alguma resposta.

"Tristan, estou com medo. Venha até mim." — pedi em meus pensamentos.

"Estou a caminho. O que está havendo?" — sua resposta venho logo a seguir.

Isso era um dom que podia compartilhar com Tristan, podíamos conversar pelo pensamento, se assim quiséssemos, se eu permitisse abrir minha mente para ele.

As gavetas do armário se abriram.

Apavorada corri em direção a porta onde me levaria ao corredor, dessa forma poderia procurar pela Diana e esperar Tristan aparecer. Não que diria a Diana o que estava acontecendo, mas ficaria com ela, pelo menos me sentiria um pouco mais segura.

Quando estava me aproximando, a porta se fechou.

Virei meu corpo e paralisei olhando a janela novamente aberta, dessa vez o vento trouxe até minhas mãos um papel, e nele com uma perfeita caligrafia estava escrito:

"Sim, tenha medo. Nos encontraremos em breve para sua morte."

A ventania parou e eu sabia que estava novamente a sós.

Deslizei pela parede até me sentar no chão. Abracei minhas pernas e chorei. Chorei por medo.

Tristan apareceu, e sentou-se ao meu lado.

— O que foi? — perguntou.

Não falei nada apenas entreguei o papel.

Tristan leu e levantou-se, parecia apreensivo. Tocou em minhas coisas, no armário, nas folhas e no lençol de minha cama.

— Foi Tomi — Tristan disse com raiva.

***

Na manhã seguinte tudo estava em seu devido lugar como se nada tivesse acontecido.

Tristan sumira com aquele bilhete, meus pelos se arrepiavam só em lembrar o que estava escrito nele.

Por que um anjo queria me matar?

Não poderia ficar em casa, não havia lugar seguro. Em qualquer hora, em qualquer lugar ele poderia aparecer em minha frente e me matar em um estalar de dedos.

Fui para a escola e encontrei Carolaine na sala de aula. Ela me cumprimentou sorrindo. Sentei-me atrás dela e logo o professor Tomás entrou na sala — de todos os professores ele era o mais chato, o chamávamos de velho rabugento.

Ele começou a falar sobre uma peça de teatro que iríamos fazer.

— Como você está? — perguntou Tristan aparecendo ao meu lado assustando-me.

— Estou bem — sussurrei olhando para ele.

— Senhorita Jhulie eu estou aqui e não ao seu lado –— disse Sr. Tomás.

Olhei para ele.

— Desculpe-me — pedi.

Tristan riu e isso me fez olhá-lo novamente.

— É melhor eu ir, estou atrapalhando sua atenção na aula — ele disse.

— Não! — gritei.

Todos os alunos junto, com o Sr. Tomás — que estava já ficando com raiva de minha interrupção em sua aula — me olharam.

— Senhorita Jhulie, o que foi agora? — perguntou.

Eu olhei para ele e inventei a primeira desculpa que pensei.

— Nada só estou treinando para... Entrar no personagem de teatro.

Ele revirou os olhos e disse.

— Creio que o "Não", não terá em sua fala senhorita Jhulie.

— Claro — sussurrei.

***

— Senhorita, posso acompanhá-la até sua casa? — perguntou Tristan.

Eu sorri para ele e disse.

— Claro cavalheiro, será uma honra.

Tristan devolveu o sorriso e começamos a caminhar.

— Se eu pedisse para você convidar Carolaine e Matt para ficar com você em sua casa nessa tarde você convidaria? — perguntou Tristan.

— Sim, mas qual o motivo?

— Tentarei encontrar Tomi, e não gostaria que permanecesse sozinha.

— Tudo bem.

Tristan acariciou meu rosto em frente à minha casa causando-me uma súbita onda de desejo que aumentara quando pela primeira vez Tristan trouxe seu rosto próximo ao meu, nossos lábios quase se tocaram, mas Tristan se afastou.

Suspirei e perguntei.

— O que foi?

— Nada — respondeu.

Mas eu sabia que era mentira.

A procura de um Anjo LIVRO 1: Anjo CaídoOnde histórias criam vida. Descubra agora