capítulo um

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- R O S I E -

Eu sempre foi alguém que costuma a admirar a cada palavra que alguém próximo tem a dizer, pensar à respeito e tentar entender o lado de cada pessoa. Mas as palavras daquele rapaz foram as únicas que eu desejei jamais ter escutado. Os incríveis olhos verdes do garoto estavam à minha frente, tal como suas palavras estranhas, que me faziam uma proposta totalmente sem sentido. Como alguém pode ter tanta coragem assim, de fazer uma proposta estranha para alguém desconhecido.

Não sabia o nome dele, nem idade ou algo do tipo. O rapaz de cabelos encaracolados era somente um estranho qualquer que pediu para que eu me tornasse sua contadora de histórias particular, histórias sobre sadismo. Só de pensar em tal palavra, sinto meu corpo estremecer, e não conseguiria imaginar-me a ler coisas desse tipo para qualquer pessoa.

Cresci rodeada de livros de todos os tipos, desde pequena lendo para os meus irmãos e, com o passar do tempo, me tornei contadora de histórias. A Barnes&Noble me acolheu, tal como a grande cidade de Nova York, e deixou que eu aproveitasse o que gosto de fazer, contando histórias para crianças nos fim de semanas. Já presenciei inúmeros tipos de pessoas e seus gostos excêntricos por leitura, mas nada tão banal quanto os gostos e interesses do rapaz de olhos verdes.

Ele ainda estava ao meu lado, esperando por qualquer resposta da minha pessoa, e àquele ponto eu não sabia o que dizer. Não conseguia acreditar na proposta do rapaz, algo tão insano e estranho assim só ter vindo da mente de alguém com essas mesmas características, alguém que eu deveria ao certo me afastar.

"Escute, essa foi a proposta de emprego mais ridícula que eu já vi." Comecei a responder com irritação, mesmo assim o de cabelos encaracolados pareceu não se alterar com o meu péssimo humor. "Não entendo como alguém possa ter coragem de perguntar algo desse tipo. Leia para você mesmo, não acha mais fácil?"

Dito isto, meu primeiro impulso foi sair do lado do rapaz e ir em direção à área infantil, onde as dezenas de crianças estavam sentadas em seus puff's, prontas para me ouvir contar alguma história da escolha delas. Enquanto apressava os meus passos, escutei a voz rouca e distante do garoto, a dizer algo que, de início, eu demorei para raciocinar o que era.

"Não considerei a sua resposta como um não." Ele disse com certeza, certo de que eu aceitaria a sua proposta, o que fez com que eu revirasse os olhos após escutar as palavras dele.

Ignorei, mais uma vez, o que ele havia dito, e continuei a andar até encontrar-me em meio aos puff's, recebendo sorrisos carinhosos das crianças. Niall me surpreendeu no meio do caminho e agarrou o meu braço, tirando a mochila que eu ainda carregava sobre os meus ombros para levá-la até o balcão e dando-me um beijo molhado na bochecha antes que eu começasse com o meu trabalho.

Niall e eu namoramos por quase dois anos, mesmo antes de ambos nos mudarmos para Nova York. Continuamos amigos mesmo depois do término, logo depois que saímos de Nova Jersey. Nossa amizade tem grandes vantagens, e sei que ainda posso contar com ele, afinal, fora o loiro que conseguira esse emprego para mim. Às vezes, uma amizade pode ser mais vantajosa e gratificante do que qualquer outro tipo de relacionamento.

Passei pelas crianças enquanto cumprimentava algumas delas, passando a minha mão pelos cabelos infantis e apertando suas bochechas e forma delicada. Me sentei na poltrona em frente às crianças e abri o meu típico sorriso, ajeitando-me na poltrona e pegando as opções de livros ao meu lado, respirando fundo antes de começar o meu típico trabalho.

"Bom dia." Cumprimentei as crianças, recebendo diversos e tímidos bom-dias em resposta. "Eu sou a Rosie, uma contadora de histórias, muitos de vocês já devem me conhecer, certo?" Alguns múrmuros em confirmação puderam ser escutados. "O que vamos ler hoje? Vocês podem escolher entre Peter Pan ou algum conto dos Irmãos Grimm, o que querem?"

Later Stories + hesWhere stories live. Discover now